Valentino adianta temporada de alta-costura com desfile em Pequim
Grife italiana reafirma importância do mercado oriental ao apresentar coleção couture inspirada na opulência do imperialismo chinês
atualizado
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Assim como fez no ano passado, quando tomou um galpão de Tóquio para homenagear a cultura japonesa em seu pre-fall, a Valentino foi ao Oriente reafirmar a importância do mercado para os negócios da grife. No entanto, desta vez, a maison elevou sua passagem pelo continente asiático ao apresentar uma inédita coleção de alta-costura inspirada na opulência chinesa.
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Como afirmou o curador do Instituto de Vestuário do Museu Metropolitano de Arte ao anunciar o tema do próximo Met Gala, o tempo é o grande vilão dos estilistas na atualidade. Com tantas variações de mercado, mídias e demandas surgindo a todo momento, a narrativa de uma marca de luxo, muitas vezes, corre o risco de se perder.
Felizmente, na Valentino, Pierpaolo Piccioli tem conseguido lidar com todas as adversidades com maestria. Embora esteja investindo consideravelmente no streetwear, o diretor criativo não tem deixado a desejar no segmento que tornou a casa italiana mundialmente famosa, como foi possível ver no desfile que ocupou o Palácio de Verão, em Pequim, na última quinta-feira (07/11/2019).
Diferente de 2018, quando o estilista buscou referências na moda de rua para homenagear o Japão, o alvo do show de Pequim foi a tradicional alta-costura da grife reformulada com traços da exuberância das roupas chinesas.
Sem tratar o novo trabalho como um tributo ao país, o designer não abriu mão de suas vivências para compor a coleção. Durante o processo criativo, ele colocou imagens renascentistas da Itália ao lado de monumentos chineses e se surpreendeu com o quanto aqueles contextos se complementavam.
Quando você pega duas culturas diferentes e as faz viverem juntas, você pode criar uma grande harmonia
Pierpaolo Piccioli
O resultado de tal combinação foi um devaneio fashion, como o próprio nome da coleção sugere. “Daydream (sonhar acordado) é o título escolhido para o evento de Pequim, que se desdobra em diferentes ações, todas com o objetivo de retratar as camadas inclusivas da Valentino.
“Símbolos, cores e decorações se fundem entre si à medida que o espírito italiano do Renascimento encontra a opulência do esplendor chinês”, disse a marca em um comunicado à imprensa.
Norteado pelas óperas italianas usadas na trilha, o compilado ultrarromântico ressaltou o DNA da Valentino, que, por meio do imperialismo chinês, ganhou formas ainda mais amplas, com laços gigantescos, múltiplas camadas, maxibabados e aplicações tridimensionais.
Enquanto um vestido de veludo com corte minimalista foi coberto por dezenas de nós decorativos, grandes leques de tecido acrescentaram volumes e um toque de origami às criações de Piccioli. Na beleza, algumas modelos foram cobertas de glitter, em uma espécie de extensão das roupas metalizadas que as acompanhavam.
“É uma oportunidade de expressar o mundo da Valentino: cheio de contrapontos entre alto e baixo, streetwear e alta costura, presente e passado. Para mim, é uma experiência em um mundo diferente e, para mostrar em um mundo diferente, você precisa estar ainda mais próximo da sua própria identidade”, explicou o diretor criativo.
Com visuais direcionados por estampas florais de fundo escuro e tons de verde, rosa e branco, os tradicionais vestidos vermelhos da grife acabaram não assumindo o protagonismo nesta coleção, mas, tratando-se da Valentino, eles não poderiam faltar.
A coleção apresentada na última quinta-feira (07/11/2019) chegou junto à abertura de uma nova loja no bairro Sanlitun, em Pequim. Por lá, são vendidos os produtos da temporada de outono/inverno 2019/20 da label, notebooks, artigos de papelaria, isqueiros, coleiras para animais, brinquedos e um compilado desenvolvido especialmente para o novo ponto de vendas.
Veja o desfile na íntegra:
Colaborou Danillo Costa