Cheguei em Milão na última sexta-feira (22/9) para um fim de semana especial com uma das marcas mundiais mais renomadas no mundo da moda: a Dolce & Gabbana. A marca italiana, que faz seis desfiles fixos ao ano e pelo menos outros quatro em países diferentes, encerrou a Semana de Moda de Milão com dois desfiles: uma coleção-cápsula de Alta Moda e o ready-to-wear da sua Primavera 2018. Eu não fazia ideia da quantidade de pessoas que iria conhecer e não imaginava as aventuras que eu tinha pela frente.

Sexta-feira 
Ao chegar, fui direto almoçar no Martini Bar Dolce & Gabbana, que possui um ambiente inovador e traduz a singularidade da tradição e da modernidade das duas marcas. Localizado no bairro Corso Venezia, considerado o coração de Milão, o Martini Bar foi uma ótima escolha para tomar uns drinks com Vivianne Piquet e Guilherme Siqueira – meu amigo e companheiro de Domenico Dolce há 3 anos. O local cheio de charme e sempre badalado seria sede de um dos desfiles e também da festa da marca.

 

De lá, fizemos um tour por algumas das muitas lojas da Dolce & Gabbana na cidade. A primeira que conheci foi a D&G Family, na rua Corso Venezia 7, que possui um andar inteiro dedicado à moda infantil. No primeiro piso, roupas femininas, maquiagens e acessórios: óculos escuros, bolsas, sapatos.

Seguimos até a rua Montenapoleone 4 – local das grifes mais desejadas e sede da mais nova Maison da marca. A loja, inaugurada em 2016, tem piso, paredes, banheiros e escada em mármore verde que juntos lembram um palacete. Provadores enormes e luxuosos com mobílias que remetem aos móveis dos reis e das rainhas estavam dispostos no ambiente repleto de espelhos, luxo e glamour. Peças com as clássicas estampas de leopardo e de flores, além dos tradicionais itens na cor preta, estavam nas araras e nos manequins. Bolsas bordadas e minibaús – estes colecionáveis – com estampas originais e divertidas, muito desenho e pedraria.

Esta loja especificamente tem três andares, um dedicado ao eveningwear (joias e relógios) e outro a sapatos, bolsas e roupas ready-to-wear.  A loja inclui um pavimento dedicado aos homens, com peças de alto luxo e prêt-à-porter. Eu não queria ir embora. Queria experimentar todos aqueles looks e vestidos. Falando em vestidos, me apaixonei pelo modelo florido que abraça a silhueta em um estilo corpete.

À noite, fui jantar no ateliê de Alta Moda da Dolce & Gabbana, localizado na Via della Spiga. Um palácio da Alta Moda. Fiquei boquiaberta quando entrei naquele lugar. Um andar inteiro recheado com as mais belas peças. Lustres enormes, quartos amplos, acabamento impecável, mármore, acessórios e detalhes em dourado, tecido nas paredes e araras e mais araras de alta moda. Além disso, manequins com vestidos de baile adornados com pedraria, plumas e paetês. Alguns longos, outros curtos, acinturados com mangas bufantes… eram quase temáticos. Uma equipe de alfaiates vestindo jalecos brancos também era vista no local.

Um dos quartos era dedicado especialmente a joias – com colares, brincos, pulseiras e coroas.

No jantar intimista, divertido e delicioso, pude aproveitar a companhia de Coco Brandolini – irmã de Bianca Brandolini – além de Stefano Galli, que trabalha na marca italiana há 22 anos e conhece a história e o DNA da D&G como ninguém.

 

 

Sábado

No dia seguinte, fiz um tour para conhecer outras lojas da marca. Fiquei encantada com a descolada da Corso Venezia 15, que personaliza tênis, bolsas e acessórios de acordo com o desejo do cliente.

Ao lado, a loja masculina da Dolce & Gabbana e, em cima, o ateliê de Alta Moda masculina – conhecido como Sartoria.

No ateliê da Alta Moda pude ver mais uma vez a paixão que a dupla tem pelo que faz. O reflexo desse sentimento estava em cada detalhe, cada cuidado com que eles tratam a moda, as peças e seus clientes. Me senti em um mini palais.

Em um quarto dedicado ao “luxury sport”, havia peças para jogar golfe, além de capas de raquete de tênis em couro de crocodilo. Outro ambiente era o king´s room – sapatos, casacos, camisas e jaquetas nos mais diversos tecidos e texturas, muito bordado, pedras e estamparia. Em outro cômodo, mais “casual”, estavam tênis e moletons com estampas de raposa costuradas nas peças e muita aplicação. Ali, o acesso é restrito, as peças são sob encomenda e tudo é feito apenas com agendamento prévio.

Ao anoitecer, fui para o hotel me arrumar. Eu estava ansiosa para o show secreto da marca, que aconteceria às 22h – 14 horas antes do desfile oficial da coleção Primavera/Verão 2018.

O #dgsecretshow foi um desfile de alta-costura fora de época – as peças eram uma coleção microcápsula voltada para a Alta Moda (alta-costura italiana). Apesar de marcado para as 22h, às 20h daquela noite o evento já não tinha nada de secreto: a cidade inteira queria um pedacinho do secret show montado pela dupla Domenico Dolce e Stefano Gabbana e, na porta, pessoas disputavam um lugar na plateia.

O tapete vermelho do DG secret show foi exclusivo para amigos, clientes e alguns editores. O evento estava repleto de aficionados pela moda que, das maneiras mais diversas, vestiam as peças da marca em seus mais variados estilos. Pessoas descoladas e animadas, clientes chineses, indianos, brasileiros e italianos alegravam o ambiente.

 

 

O Martini Bar Dolce & Gabbana foi o local escolhido pelos estilistas para montarem uma runway e apresentarem a mais recente linha de “high eveningwear”.

Assisti na primeira fila, pertinho da passarela, e pude desfrutar de uma grande seleção de evening dresses. O que vi foi um desfile moderno, cheio de glamour, sofisticação e sex appeal.  Era uma mistura de festa de debutante com o Oscar.

Ternos trabalhados em tecidos brilhosos, loafers de veludo, gravatas-borboletas, bordados e broches compunham os looks masculinos. Nas mulheres, muitas flores, brilho, tule, transparência, aplicações, brincos grandes e maxi-colares, além de incríveis acessórios como coroas e tiaras. Os vestidos, em sua maioria, eram uma mistura de transparência, aplicações e bordado. Nas mangas, adornos com penas, aplicações em flores e joias. A Alta Moda estava bem evidente na passarela. Muito uso de hot pants acompanhavam os mais elegantes vestidos.

As coroas e corações já davam a deixa para o desfile do dia seguinte, que exploraria o tema de mulheres como rainhas – fazendo uma alusão à Rainha de Copas. Terninhos, saias volumosas, joias costuradas nas roupas, acompanhadas de ornamentos dourados com medalhas, davam uma pegada às vezes realeza, às vezes cigana. Um mix de Alice no País das Maravilhas com o misticismo do baralho. Preto com vermelho, dourado, rosa, mangas bufantes, muita boca vermelha e fluidez desembarcaram na passarela.  A viúva da Sicília, tema recorrente nas peças da marca, era aqui representada por véus que cobriam o rosto, apesar da sensualidade nas transparências, corpetes e bustiês nas produções pretas.

Peças clássicas do DNA da marca, como corpetes com amarrações na vibe espartilho, trouxeram muito sex appeal para a passarela. Estampas célebres, como poá e de leopardo, não ficaram de fora do show que misturava também joias à Alta Moda.

Outros tons eram rosa claro, laranja, lilás e dourado. As bolsas colecionáveis no estilo minibaú e as novas bolsas millennial complementavam os looks.

Na passarela, a dupla priorizou ter os seus 36 #dgmillennials, filhos de amigos famosos e clientes como, por exemplo, Cameron Dallas (digital influencer), Brandon Thomas Lee (filho da atriz Pamela Anderson com o roqueiro Tommy Lee), Hero Fiennes Tififn (sobrinho dos atores Ralph Fiennes e Joseph Fiennes), Delilah Belle e Amelia Gray Hamlin (filhas da atriz Lisa Rinna e do ator Harry Hamlin), Macklinley Hill (modelo), Lori Harvey (filha do apresentador americano Steve Harvey) e Ella Richards (neta do roqueiro Keith Richards).

Além disso, a blogueira gastronômica Tess Ward, a neta da estilista Diane Von Fustenberg, Talita Von Furstenberg, e Christian Casey Combs, filho do rapper P. Diddy, também desfilaram para a marca.

 

 

Domingo

No domingo (24/9), fui assistir ao desfile oficial da Dolce & Gabbana no Metropol – local da runway prêt-à-porter da marca.

 

 

A coleção L’Amore è Bellezza (“O amor é beleza”) para a Primavera 2018 foi inspirada na Rainha de Copas e, para tanto, a dupla Domenico Dolce e Stefano Gabbana trouxe um sentimento de nostalgia com toques contemporâneos. Usou e abusou do brilho, investiu na sensualidade da mulher italiana, caprichou nos detalhes e fez um revival dos anos 1980 e 1990 – tendência responsável pelo sucesso da D&G há mais de 30 anos com os célebres looks lingerie que, além dos corpetes em alfaiataria, abraçam a silhueta em seus modelos de vestidos.

Apesar de conhecida por misturar estampas, texturas e transparências, a Dolce & Gabbana abriu e fechou desfile com looks em preto, em homenagem ao DNA da marca. Seus corpetes, transparências, espartilhos e rendas (laces) foram alguns dos modelos que faziam alusão ao glamour de uma época, assim como o que foi representado no painel do backstage. Por lá, imagens das supermodelos dos anos 80 e 90, como Cindy Crawford e Linda Evangelista, vestiam as produções tão representativas da D&G.

Em seguida, peças temáticas. O coração da Dama de Copas estava em todo o lugar, principalmente nos looks de festa: uma série de vestidos, macacões e roupas de baile com estampa de baralho.

Dê uma olhada no desfile:

A quantidade e variedade de produções era enorme. Seja o tecido, o bordado, o paetê ou os cristais, quase todas as peças tinham algum tipo de brilho. Eram casacos com cristal, sapatos “sparkly”, além dos vestidos, calças, túnicas e tiaras. Havia também muita estamparia, franja, aplicação, bordado e plumas nas leggings, nos vestidos e nas túnicas. Falando em túnicas, elas vinham com meia-calça, sapato e bolsa na mesma estampa.

As bolsas eram dos mais diversos tamanhos e estilos – desde minibaús em croco até um modelo que parecia uma sacola de fazer compras no supermercado. Adorei. Os óculos eram muito coloridos e divertidos. Brincos, colares e broches enfeitavam os looks.

Outras peças incluíam as tradicionais estampas de comida – a massa da vez foi o cannoli – além de cenoura, beterraba e ervilha. O animal print não ficou de fora e as flores – também um clássico da marca – apareceram com tudo, inclusive em um macacão de gala todo em paetê.

Neste desfile, as millennials não desfilavam, mas estavam sentadas na primeira fila – Cameron Dallas, Myles O´Neal (filho de Shaquille), Christian Coombs (filho de P. Diddy) e Rafferty Law (filho de Jude Law). Na passarela, Heiley Baldwin (filha do ator Stephen Baldwin) e as tops Sara Sampaio e Elsa Hosk.

 

Outras celebridades que estavam lá: Costanza Pascolato, Lala Rudge, Marina Ruy Barbosa, Austin Mahone, Anna Wintour e Anna Dello Russo. Este foi um dos desfiles mais bonitos dos últimos tempos.

Ao final, fomos para o backstage comemorar o sucesso do evento junto ao staff e aos estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana.

 

Depois do desfile, a festa de encerramento. Mais uma vez os millennials, clientes vips e fashionistas se reuniram no Martini Bar Dolce & Gabbana para homenagear a marca. Entre os convidados, a top model Naomi Campbell.

Bem-humorada e sorridente, a dupla Dolce e Gabbana está sempre pronta para o próximo desafio. A equipe trabalha junta há muitos anos e se considera uma família. Eles começaram há 32 anos, trabalham duro e mostram que gostam mesmo do que fazem.