Tiffany & Co. será finalmente vendida ao grupo LVMH com preço reduzido
Após período de conflito e ameaça de desistência por parte do conglomerado, as negociações foram retomadas
atualizado
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A venda da Tiffany & Co. para o grupo de luxo LVMH será finalmente concretizada. Após um período de conflito e ameaça de desistência por parte do conglomerado, as negociações foram retomadas. Para encerrar a disputa legal entre as empresas, a joalheria norte-americana decidiu aceitar um preço mais baixo que o oferecido anteriormente e concluir a negociação.
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Desde que a aquisição foi confirmada, no fim do ano passado, os burburinhos na indústria fashion não pararam. No entanto, a pandemia global chegou e mudou o cenário. O processo de regulamentação deveria ter sido concluído em abril, mas chegou a ser adiado para outubro.
Antes disso, já em junho deste ano, a aquisição passou a ser vista como incerta. Três meses depois, o LVMH anunciou que não prosseguiria com a compra. Foi quando a Tiffany acionou a justiça no estado norte-americano de Delaware para forçar o grupo francês a fechar de vez a compra. Em contrapartida, ainda em setembro, o conglomerado acusou a etiqueta norte-americana de má gestão em uma tentativa de se esquivar da fusão.
Agora, o drama está perto de um fim. A holding francesa sugeriu cortar cerca de US$ 425 milhões de seu preço de aquisição original, de US$ 16,2 bilhões. Conforme anunciado nesta quinta-feira (29/10) pelo LVMH, via comunicado, o novo pacto “modifica certos termos do acordo inicial para refletir um preço de compra de US$ 131,50 (por ação ) em dinheiro e para reduzir a condicionalidade de fechamento”.
Anteriormente, o valor da transação era de US$ 135 por ação. De acordo com o conglomerado francês, outros termos importantes da fusão permanecem inalterados. Espera-se que o negócio seja finalizado no início de 2021, a depender da aprovação de acionistas.
Fusão benéfica
Apesar das incertezas geradas pelo surto de Covid-19 e do conflito público, como enfatizou o Business of Fashion, a lógica da fusão sempre foi convincente e majoritariamente benéfica. Desde o início, em novembro de 2019, era vista como favorável para ambas as envolvidas.
Fundado por Bernard Arnault, o LVMH detém etiquetas renomadas na indústria, como Louis Vuitton, Givenchy, Dior, Fendi, Marc Jacobs, Kenzo, Celine e Loewe. Quando se fala em roupas e, mais especificamente, em produtos de couro, a empresa francesa é líder.
Já no ramo de joias e relógios, o grupo é proprietário de marcas como Bulgari, TAG Heuer, Fred, Hublot e Chaumet. Contudo, no segmento de joias, não havia liderança. Com a Tiffany no portfólio, o grupo francês passa a competir diretamente com o concorrente suíço Richemont, que é dono da Cartier e da Van Cleef & Arpels. Além disso, fortalece a presença nos Estados Unidos.
Por outro lado, a Tiffany pode aproveitar o momento para modernizar campanhas de marketing e se firmar com mais força no varejo. “Ingressar no LVMH a coloca no seio de um titã da indústria cujo tamanho lhe dá uma influência significativa com varejistas multimarcas, construtoras, revistas, influenciadores e outros atores importantes no ecossistema da moda”, avaliou o BoF.
Em meio aos desentendimentos recentes e à pandemia global, tanto o LVMH quanto a Tiffany & Co. se recuperaram rapidamente do caos. As vendas de moda da companhia francesa foram impulsionadas na China, enquanto a Tiffany informou no início deste mês que as vendas têm subido significativamente. Segundo a joalheria, os lucros gerais do quarto trimestre de 2020 devem registrar um aumento sólido em relação à 2019.
“O mercado de luxo já passou por muitas crises e sempre se recuperou. Algumas grifes não pararam de vender nem mesmo durante as grandes guerras. O que muda agora é que todos foram obrigados a fechar e a repensar o modelo de negócio”, explicou Malu Albertotti, especialista em mercado de luxo, em entrevista sobre o caso concedida ao portal da IstoÉ.
Colaborou Rebeca Ligabue