Será o fim do glamour? Grifes apostam em novo estilo de luxo
Balenciaga, Gucci e Vetements estão no topo do ranking de marcas mais modernas elaborado pelo The Business of Fashion
atualizado
Compartilhar notícia
O mundo da moda, composto por diferentes nichos, lança tendências baseadas principalmente no street style, que tem mudado toda uma geração. Foi-se o tempo no qual vestidos longos, saias volumosas, cabelos trabalhados e muita maquiagem definiam o luxo. Hoje, as ruas trazem um novo conceito: tênis, casacos, tracking suits e maxijoias.
Em busca de trazer essa demanda às passarelas, vemos o crescimento de novas marcas, como Off-White, Supreme e Stone Island, enquanto grifes mais renomadas – Gucci, Louis Vuitton e Fendi – dão uma repaginada, abusam das logos e adequam-se ao mote atual: mais conforto e menos amarras.Mas nem tudo são flores. Enquanto o luxo é redefinido por peças mais esportivas, ostentação parece ser a palavra da vez. À medida que o glamour chega ao fim, vemos os millennials transitarem pelo ambiente urbano vestindo, da cabeça aos pés, peças estampadas com logos de grandes grifes: a bolsa é Louis Vuitton, o cinto Off-White, a camiseta é Gucci, e os ugly sneakers são da Balenciaga. Para completar a produção, um boné Supreme.
Hoje, a moda é ostentar looks caríssimos com pegada street.
Vem comigo conhecer as marcas que andam influenciando esta geração!
O glamour que conhecemos hoje é uma herança das grandes estrelas de cinema do século 20. Cobertas de joias, vestidos, plumas, peles, penteados elaborados e belíssimos acessórios, elas carregavam produções luxuosas, andavam em carros conversíveis e carregavam, geralmente, uma echarpe na cabeça. O luxo era definido por um estilo clássico e elegante. Peças bem cortadas, tecidos nobres e joias ostensivas. Logomania sempre teve um edge cafona e nunca combinou com o glamour da época.
Acontece que, com o passar do tempo, vimos o crescimento da tendência luxury sport nas passarelas de grandes grifes, redefinindo o luxo com looks mais esportivos. Talvez seja fruto do movimento feminista, especificamente dentro do universo fashion, que tem permeado a moda em busca de liberdade.
E o que significa isso exatamente? Ser funcional, com estilo, podendo usar vestidos de seda com casacos oversized e um belo par de tênis.
Nós, mulheres, queremos, principalmente, unir o chique ao confortável. Nada mais justo. Afinal, lidamos com muitas coisas no nosso dia a dia e, para tanto, praticidade é fundamental. Há algum tempo, as minibags estouraram porque nos permitiram ter uma vida mais prática carregando apenas o necessário, sem perder o estilo ou a classe.
Mas qual foi o resultado dessa ideia? Uma mistura desmedida entre conforto e ostentação. A tendência foge dos clássicos da alta costura.
Nos mínimos detalhes, a nova geração veste peças estampadas com logotipos das grandes maisons, e não hesita em transformar o look em um verdadeiro outdoor de etiquetas. O estilo é irônico: são peças simples, não carregam tecidos nobres e o corte não marca a silhueta, mas os preços são altíssimos.
A necessidade e o desejo por peças de grife continua o mesmo. O que muda por completo é o estilo da produção. No more glamour! O negócio agora é exibir a logomarca!
Balenciaga
A label foi fundada no começo do século 20 pelo grande mestre da alta costura, o espanhol Cristóbal Balenciaga. Em julho de 2001, a grife foi comprada pela Gucci. Com as ideias inovadoras de Demna Gvasalia, vem deixando sua marca e está entre as queridinhas do momento.
Recentemente, deu o que falar na internet com o lançamento de uma camisa com mais de uma opção de uso. Além de criar algumas polêmicas, a Balenciaga tem investido na modernidade das ruas, apostando em peças oversized, na sobreposição e até em uma pegada futurista. Estampas florais, xadrez e animal print compõem a linha inverno 2018.
Supreme
A brand é tão millennial quanto os adoradores. Criada em 1994, em Nova York, é considerada a maior marca do segmento street. Seu logotipo tornou-se um ícone da cultura underground e skater, e não é muito difícil encontrar um look com essa estampa durante uma simples visita ao Tumblr. Em 2017, a maison Louis Vuitton fez uma parceria com a grife americana.
Gucci
Fundada em 1921 na Itália, a Gucci é uma das marcas que representam bem a moda de luxo. A tradição artesanal italiana está sempre presente nas coleções da label. Atualmente, tem como diretor criativo Alessandro Michele, conhecido por se inspirar na arte e na história.
Em junho, o desfile cruise 2018 da marca aconteceu na França, no cemitério Alyscamps. A inspiração veio de rituais e do universo mórbido.
A grife italiana também estampa os looks dos jovens que ostentam pelas ruas. T-shirts, moletons e acessórios como bolsas e cintos dão o glamour procurado pelos consumidores atualmente.
Vetements
Uma das labels mais quentes do momento. Com pegada urban, foi criada em 2014. Demna Gvasalia (também responsável pela Balenciaga) é o nome por trás das criações, como diretor e fundador.
A ideia é mesclar o popular com o mercado de luxo, além de prezar por desfiles genderless (sem gênero). Jeans, camisas temáticas e vestidos desconstruídos são peças criadas pela marca que conquistam o público. O estilo de rua é fortemente retratado, mas com sofisticação. A grife mistura padrões, estampas e casacos volumosos.
Celebridades como Rihanna e Kenye West costumam usar roupas da marca, inspirando os adolescentes que curtem moda.
Off-White
A grife de Virgil Ablogh foi criada em 2013 e conquistou espaço na indústria fashion. É símbolo das marcas que estão valorizando o streetwear no setor de luxo, com referências na arte e nos anos 1980. Disruptiva, a Off-White pode ser considerada um fenômeno.
Os grandes desfiles da label acontecem em Paris. As listras pretas e brancas diagonais são marca registrada, sem deixar de mencionar os moletons e os vestidos clássicos.
A coleção de outono 2018, por exemplo, mistura os estilos clássico e despojado. Investe em tons sóbrios, além das tradicionais estampas em xadrez.
Fendi
Para as últimas coleções, a italiana Fendi continua na onda que tem trabalhado há alguns anos, abraçando elementos do streetwear. É o caso da primavera-verão 2018. A proposta rendeu até uma inspiração da logo da Fila.
O tom sóbrio das peças ganha uma quebra com o shape e o material dos casacos, moletons e calças, que tornam-se sobreposições estilosas e despretensiosas.
Burberry
A Burberry também tem brincado com a modernidade. As cores são vibrantes e a principal estampa foi a rainbow. Jaquetas, bombers e capas oversized, tênis exagerados, e uma série de acessórios traduzem a linguagem das ruas.
Versace
A famosa marca italiana fundada em 1946 por Gianni Versace é hoje comandada pela irmã do estilista, Donatella Versace. Atualmente, faz parte dos looks de celebridades e vem conquistando clientes das novas gerações. A tradicional estampa barroca mistura-se ao moderno.
O conforto é um dos principais critérios do estilo street: peças que deixem o corpo mais livre, tenham atitude e resgatem o espírito fashion.
Novas brands e outras, repaginadas, estão dando um show de marketing, conquistando cada vez mais espaço no mercado.
De acordo com uma pesquisa feita pelo site The Business of Fashion em parceria com o Lyst, as marcas mostradas nesta matéria estão à frente de grifes renomadas e tradicionais, como Givenchy, Moncler e Dolce & Gabbana. Entre as cinco primeiras: Balenciaga, Gucci, Vetements, Off-White e Stone Island. A Valentino e a Prada, por exemplo, surgem em 10º e 11º lugares no ranking, respectivamente.
A lista foi feita com dados cruzados a partir de pesquisas feitas no Google. Também foi levada em conta uma análise de informações sobre o comportamento de mais de 70 milhões de consumidores do Lyst, com base em engajamento e vendas.
No fim das contas, a tendência street está aí para mostrar o quanto a moda é fluida e se adapta de acordo com as necessidades de cada grupo, geração ou momento. No tempo em que vivemos, tudo exige praticidade, agilidade e contato constante. O conforto é fundamental para a correria diária se harmonizar com a vontade de estar bem vestido – ou melhor, mostrar que está bem vestido.
O luxury sport funciona. A ostentação nem tanto.
Para outras dicas e novidades sobre o mundo da moda, não deixe de visitar o meu Instagram. Até a próxima!
Colaboraram Hebert Madeira e Rebeca Ligabue