Sentimentos e histórias inspiram as joias de Isabella Nasser
Referência no trabalho com alianças diferenciadas, a designer de joias brasiliense fala sobre o novo momento da marca em entrevista à coluna
atualizado
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O valor sentimental das joias é o principal detalhe no trabalho de Isabella Nasser. Há 12 anos no mercado de joalheria, a designer é referência em peças voltadas para casamento, especialmente alianças, e se consolidou como a queridinha entre as noivas da capital. A brasiliense, que sempre teve um apreço pelos trabalhos manuais, conta à coluna qual é o diferencial de suas criações e fala sobre o novo momento da marca.
Vem comigo saber mais!
Formada em relações públicas, Isabella teve a própria marca de sabonetes artesanais, Belbonete, e trabalhava no atendimento ao público de um hospital quando decidiu fazer uma pós-graduação em joias. Por esse motivo, ela se inscreveu em um curso oferecido por uma parceria entre o Iesb e o Instituto Europeo di Design, em 2008. “Na primeira aula, percebi que era aquilo que eu queria pelo resto da vida”, conta.
Durante o curso, ela pretendia ter uma experiência com a prática da ourivesaria. Foi quando procurou um profissional indicado pelo pai quando ela tinha 15 anos. Desde essa época, Isabella costumava desenhar e encomendar pelo menos uma joia por ano com ele. Agora, queria, também, colocar a mão na massa e aprender todos os processos. “Ele [o ourives] disse que se eu quisesse, poderia ficar lá o dia inteiro aprendendo”, recorda.
Depois de alguns meses praticando durante a noite, a futura designer saiu do emprego para se dedicar exclusivamente às joias. A experiência durou quatro anos. “Foi a maior escola da minha profissão. Ele tinha 40 anos de mercado e me ensinou tudo o que sabia, até o dia que falou que eu tinha aprendido tudo o que tinha para aprender”, relembra.
De indicação em indicação, o público da marca se expandiu no Orkut e no Facebook, no início dos anos 2010. Em 2012, Isabella abriu um escritório na Asa Sul, onde ficou até o fim de 2018. A grande porta de vendas foi o Instagram, por volta de 2013. A profissional, que já adorava o universo de casamento, começou a atrair cada vez mais o público de noivas.
Já em 2016, dois acontecimentos marcaram a trajetória da marca: os seis pares de brincos presenteados à apresentadora Xuxa e as abotoaduras usadas pelo cantor Wesley Safadão em seu casamento com Thyane Dantas. Os gifts foram recebidos pessoalmente pelos artistas, com o maior carinho. “Foi quando pensei em tornar minha marca mais comercial e crescer fora de Brasília, porque eu já tinha um nome na capital”, relembra.
Desde 2019, Isabella atende a clientela com horário marcado no Lago Sul. Apesar das mudanças na marca, algo que nunca muda é a bagagem afetiva do trabalho. “Não consigo ver a joia só pela joia, nem tenho esse cliente. Ele chega aqui pelo significado da peça. Faço reformas de joias cujas pedras são de 1910. Elas podem ser ‘ressignificadas’ em outra coisa”, exemplifica.
Por falar em afeto, Isabella aguarda outro grande momento. Este não tem a ver com a marca, ainda, pelo menos. Em junho, ela deve dar à luz as gêmeas Isadora e Stella, suas primeiras filhas.
Leia tudo no bate-papo abaixo:
O que mudou no posicionamento da marca desde 2018?
Eu tinha 24 anos quando comecei. Esses últimos 10 anos acabaram refletindo. A marca amadureceu e as clientes vieram junto, evoluindo a capacidade financeira. As mesmas que fizeram alianças comigo lá atrás são as que pedem joias de família e me procuram nas bodas de casamento. Brasília não tem muito essa tradição. Muitas vezes, a primeira joia da minha cliente foi uma aliança. Hoje, diria que meu público ainda é o de casamento, mas também de reformas e joias de família.
O que mais a atrai no design de joias?
Quando comecei, era o material. Ao ver pedras coloridas, meu coração até dispara. Era muito rudimentar, modelávamos tudo à mão e eu adorava essa parte. Depois disso, me envolvi com as histórias de cada cliente e todas as possibilidades que tenho de transformar uma peça em história.
Vários designers de Brasília se inspiram em detalhes, como natureza e arquitetura. A sua inspiração vem das emoções?
Tentei fugir disso [natureza e arquitetura] quando comecei a fazer joias. Evitei fazer coisas de prata, porque sabia que muitos artistas daqui faziam. Minha primeira coleção, em 2011 ou 2012, já era cheia de corações, muito sentimental. Brasília tem muito a inspirar, mas eu não queria cair no lugar comum, queria me destacar por outra coisa. Fui pelo meu coração, desde o início.
Hoje, qual é a peça que você mais gosta de trabalhar?
As alianças. Quanto mais personalizadas, mais contam a história do casal. Deve ter uns dois ou três anos que comecei a fazer com o nome do casal na lateral, ou dos filhos, data do casamento, era algo único. Poder misturar as cores e o próprio diamante com lapidação de coração; uma pedra rara, que demorei quatro anos para achar o fornecedor. Aliança com nomes, quando tem duas cores, diamantes na lateral e diamante de coração, talvez seja a que mais fala sobre mim.
Como é possível sair do óbvio com as alianças?
A pedra não precisa ser mais aquela redondinha. Pode ser quadrada, triangular, de coração. Cravar nas laterais traz um brilho mais discreto. Ouro rosa também foi uma tendência nos últimos 10 anos, principalmente nos últimos cinco. O homem também começou a participar muito, porque queria que fosse proporcional ao tamanho da mão. A grande virada foi poder colocar os nomes, tanto por dentro como por fora. Até o diamante por dentro da aliança, que ninguém vê, só o casal. Poder fazer o cliente entender que aquilo é dele e de mais ninguém é o mais legal.
Deve ser muito legal sempre trabalhar com ideias novas.
Não tem dia repetido. Ainda que eu dê a fórmula e a execução, a ideia ainda é o sentimento. O cliente que chega até mim sabe do detalhe, então, exige que tudo seja bem minucioso. Até com atendimento pela internet, nunca tive problema de devolução de peças, porque é tudo muito debatido.
Quais são seus materiais favoritos?
Ouro, diamante e safiras rosa e amarela, nos últimos dois anos.
Como você organiza o lançamento das coleções?
As coleções começaram no ano passado, quando entendi como um trabalho paralelo ao meu, que sempre foi muito forte com personalizado. Eu queria mostrar um pouco do meu DNA e do meu gosto. Não tem sazonalidade, é bem específico. Já fiz de Dia das Mães, Dia dos Namorados, signos, também lancei um brinco no Valentine’s Day do ano passado.
Entendi que eu não preciso fazer grandes coleções. Tenho uma de noivas, que deve sair no primeiro semestre. Criei no ano passado também, com pérolas e tons de rosa bem clarinhos. Antes das bebês nascerem, quero fazer uma de mãe e filha.
Você já pensa em fazer joias para as bebês?
Penso! Vão sair da maternidade como duas ciganinhas (risos). Quando anunciei a gravidez, recebi diversas mensagens. Acho que antes de elas nascerem, devo criar uma coleção de brincos infantis. Estou pensando em fazer, por exemplo, em duas cores diferentes, para elas trocarem entre si.
É uma coisa que sempre me cobraram bastante, mas não era meu foco. As mães não gostam de investir em brincos porque as meninas perdem muito. Meu desafio agora é fazer uma tarracha que nunca mais saia (risos).
Serviço:
Isabella Nasser
(61) 3532-9780 ou 98277-9780
isabellanasser.com.br
@isabellanasserjoias
Colaborou Hebert Madeira