Schiaparelli, Dior e Chanel se destacam na Semana de Alta-Costura
Em Paris, evento com a temporada de primavera/verão 2020 segue até quinta-feira (23/01/2020)
atualizado
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A temporada de primavera/verão 2020 da Semana de Alta-Costura começou nessa segunda-feira (20/01/2020) e já está com tudo. Os primeiros dias incluíram marcas tradicionais no evento, que tradicionalmente acontece em Paris. A Schiaparelli chamou atenção com uma coleção menos extravagante do que o esperado, de acordo com o DNA da label, enquanto a Dior mergulhou no metalizado. Quem também se destacou, como sempre, foi a Chanel, que resgatou as próprias raízes.
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Schiaparelli
Conhecida pelo DNA exagerado e marcante, a Schiparelli está sob novo comando desde o ano passado. A segunda coleção de alta-costura de Daniel Roseberry caminhou para uma pegada mais “discreta”. No entanto, isso não significa que o estilista tenha deixado a estética chamativa e surrealista de lado.
Na estreia no segmento, em abril de 2019, ele já tinha introduzido elementos mais sóbrios e misteriosos. Agora, no spring/summer 2020, o diretor criativo confirmou que a maison está em um momento menos espalhafatoso, mas sem perder a exuberância. O desfile aconteceu no Palais de Tokyo, na capital francesa.
Um toque clássico apareceu em conjuntos descolados de alfaiataria. Blazers ganharam texturas com bordados e jacquard de seda. Decotes e recortes incrementaram as produções.
Por outro lado, o estilo performático foi mantido em peças volumosas e mix de cores vibrantes. As modelagens misturaram sofisticação e modernidade. Brilho e transparência deram o toque final.
Dior
Assim que a Dior anunciou que a responsável pelo cenário do show de haute couture seria Judy Chicago, a expectativa ficou a mil. Afinal, trata-se de uma das artistas plásticas mais renomadas do mundo, conhecida por obras disruptivas e feministas. Além disso, o desfile foi realizado no Museu Rodin, em Paris, e o espaço onde as peças foram exibidas ficará aberto ao público até domingo (26/01/2020).
Batizada de The Female Divine, a instalação incluiu faixas criadas por estudantes da Índia, estampadas e bordadas com perguntas reflexivas sobre os direitos das mulheres, começando por “E se as mulheres governassem o mundo?”. Outros dizeres, como “Haveria violência? e “Teria propriedade privada?”, completavam a questão inicial. O cenário também englobou os questionamentos “Seria Deus mulher?” e “Homens e mulheres seriam fortes?”.
Personalidades como Alexa Chung, Chimamanda Ngozi Adichie, Uma Thurman, Natalia Vodianova e Anna Wintour prestigiaram a apresentação. A música de abertura da trilha sonora foi All is Full of Love, de Björk.
Para a coleção, Maria Grazia Chiuri se inspirou em representações clássicas das deusas gregas, principalmente Atena, figura mitológica da sabedoria, arte, coragem e justiça. “Seu fascínio majestoso é uma alegoria neoplatônica da beleza, combinando força intelectual e harmonia estética”, destacou a label nas redes sociais.
Peças fluidas, drapeados, mangas assimétricas, capas e tiras deram o tom. Destaque para os delicados acessórios de cabeça. Na paleta de cores, o dourado foi escolhido como protagonista. Outros tons metalizados completaram a cartela.
Chanel
Os desfiles da Chanel sempre foram verdadeiros shows. Apesar de ter trabalhado ao lado de Lagerfeld por mais de 30 anos, já era certo que Virginie Viard colocaria a própria identidade nas criações. Em junho do ano passado, a diretora criativa apresentou sua primeira coleção de alta-costura.
Agora, para a primavera/verão 2020, a francesa comprovou que a maison passa por uma nova era: simplicidade define o momento. Tudo isso, é claro, sem abandonar as próprias raízes.
No Grand Palais, a estilista recriou o jardim de Aubazine, orfanato em Corrèze, na França, onde Gabrielle Chanel viveu dos 12 aos 18 anos, após a morte da mãe. A releitura do ambiente teve plantas no centro, cercadas por varais com lençóis brancos estendidos.
Com um toque vintage e até levemente escolar, Viard retratou roupas usadas por crianças no fim do século 19. A designer investiu em peças com faixas na cintura e babados, outras, por sua vez, foram decoradas com bolsos e botões. Golas engomadas intensificaram a pegada.
O tradicional tweed e a renda surgiram em um mood menos formal, inclusive em saias rodadas. Bordados também tiveram vez.
Preto e branco dominaram as escolhas de pigmentos. Nos pés, mocassim e meias delicadas deram o toque final a vibe “infantil”.
Além de Schiaparelli, Dior e Chanel, marcas como Iris Van Herper, Ralph & Russo, Giambattista Valli, Stéphane Rolland, Alexandre Vauthier e Givenchy já se apresentaram na Semana de Alta-Costura. Nesta quarta-feira (22/01/2020), acontece o último desfile da carreira icônica de Jean Paul Gaultier. O calendário de primavera/verão 2020 também terá labels estreantes: Rahul Mishra, Imane Ayissi e Julie de Libran prometem.
Colaborou Rebeca Ligabue