Saiba tudo sobre o retorno do reality Project Runway à TV americana
Após os escândalos envolvendo o produtor Harvey Weinstein, atração retornou ao Bravo, seu canal de origem, e ganhou novos jurados
atualizado
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Após um hiato de dois anos, o Project Runway volta à TV americana nesta quinta-feira (14/3). A competição de costura, antes comandada por Heidi Klum, foi atingida pelos escândalos envolvendo o executivo Harvey Weinstein, em 2017. A Lifetime, que detinha os direitos de transmissão, acusou o produtor de violar o contrato e encerrou todas as suas obrigações com o programa. Como consequência, o reality foi revendido ao canal Bravo, responsável por dar início ao projeto em 2004.
Heidi, que comandava a atração ao lado de Tim Gunn desde sua concepção, decidiu sair do show para se dedicar a uma nova iniciativa da Amazon, ao lado de seu fiel escudeiro, deixando milhões de fãs desolados. Porém, o novo time de jurados não deve decepcionar os amantes do formato.
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O reality show Project Runway chegou à televisão americana no final de 2004, mesmo ano em que o Facebook foi criado. Em 2007, a Apple lançou seu primeiro iPhone e, três anos depois, quando o programa estava em sua sétima temporada, o Instagram ganhou vida. Essa contextualização tecnológica ajuda a entender a proposta de reformulação do programa conduzida pelo canal Bravo.
Quinze anos se passaram desde sua elaboração e muita coisa mudou desde então. O street style se equiparou às passarelas, as redes sociais roubaram o status das publicações especializadas e a geração millennial agora dita tudo aquilo que move o mundo da moda.
“Heidi e Tim eram os originais, e eu gostava de trabalhar com eles, mas 15 anos se passaram. É importante que a série evolua e olhe para a próxima geração”, disse Shari Levine, vice-presidente executiva de produção, ao The New York Times.
De olho nessas novas necessidades, o Bravo escalou a top model Karlie Kloss para conduzir o formato. Aos 26 anos, a americana é um dos nomes mais comentados no mundo fashion, sendo presença confirmada nas primeiras filas dos principais desfiles do circuito internacional – um networking de dar inveja a qualquer personalidade da indústria têxtil.
A ex-angel da Victoria’s Secret é amiga de nomes como Taylor Swift, Cara Delevingne, Gigi Hadid, Joan Smalls, Kendall Jenner, Ashley Graham, Virgil Ablos, Olivier Rousteing, Stella McCartney, Prabal Gurung, Jason Wu, Diane von Fürstenberg e Serena Williams, sem mencionar alguns membros da realeza britânica.
Além disso, Kloss já demonstrou um bom tino empresarial, tendo várias linhas licenciadas e um projeto social que investe na aprendizagem e desenvolvimento educacional de jovens, por meio de uma plataforma on-line chamada CodeCamp.
No posto de mentor, antes ocupado por Tim Gunn, entra Christian Siriano, ganhador da quarta temporada do show e um dos únicos participantes a conseguir deslanchar na carreira. Já na fileira de juízes veremos: a editora-chefe da Elle, Nina Garcia, única remanescente do antigo time de jurados; Elaine Welteroth, ex-editora da Teen Vogue; e Brandon Maxwell, designer queridinho de Lady Gaga, Gwyneth Paltrow, Zendaya e Kate Hudson.
Entre os convidados desta temporada, os destaques são a rapper Cardi B e o estilista Dapper Dan, famoso por usar a logo da Gucci sem permissão e depois ser convidado para colaborar com uma emblemática coleção da grife de luxo.
Como o Project Runway ainda não estreou, não é possível afirmar se haverá mudanças no estilo de edição e na estrutura do reality, mas o novo elenco reflete a busca por uma boa audiência, o que na antiga emissora não estava lá essas coisas. De acordo com a Nielsen, a quinta temporada atraiu 3,6 milhões de expectadores por episódio, enquanto a 16ª amargou a metade desse número.
Outro aspecto que deve mudar é a linguagem. Quem assiste ao programa desde seus primórdios deve se lembrar de quando Tim, deliberadamente, chamou uma modelo de gorda. Hoje, uma situação como essa certamente destruiria a carreira do apresentador e abalaria a imagem do programa. Em meio à era #MeToo, os produtores devem zelar mais por tudo que será dito durante os episódios.
Outra meta a ser batida é colocar um designer consistente no mercado americano. Ao longo de 15 anos, a disputa lançou apenas dois estilistas de alto nível: Siriano e Michael Costello, que vestiu Beyoncé no Grammy de 2014. Muitos dos concorrentes abriram lojas ou começaram suas próprias etiquetas, mas nenhum alcançou reconhecimento satisfatório.
O brasileiro Fabio Costa participou de três edições do Project Runway, contabilizando os All Stars, nos quais os antigos competidores disputam entre si. O mineiro chegou a ir para final duas vezes, mas nem toda a visibilidade do show foi suficiente para o estilista se manter no Hemisfério Norte. À frente da etiqueta NotEqual, ele voltou ao Brasil, onde desfilou no Minas Trend e na Casa de Criadores. Agora, tenta difundir sua marca por aqui.
“Muitas pessoas decidiram cursar design de moda por causa desse show, mas, por outro lado, o Project Runway criou uma sensação de que, se você costurar dois pedaços de tecido juntos, você é um designer, o que não é verdade”, diz Fern Mallis, um dos organizadores do New York Fashion Week, evento no qual acontece a final de cada temporada.
Algumas das mudanças na 17ª temporada acenam para essas preocupações. A Bravo aumentou o prêmio em dinheiro para US$ 250 mil; incorporou uma orientação com o Conselho de Estilistas de Moda da América, que administra o New York Fashion Week; e adicionou a possibilidade de os telespectadores comprarem as peças produzidas em alguns dos episódios.
Durante o lançamento da 17ª temporada, na semana passada, Elaine Welteroth, uma das novas juradas, enfatizou que o foco agora é adequar o show à revolução digital. “Antes, não havia diálogo, a menos que você escrevesse uma carta e enviasse um e-mail. Agora você ouve as vozes das pessoas instantaneamente. Isso dá ao espectador muito mais poder. Você não pode mais ignorar o que ofende outras pessoas”, pontuou.
Pelo jeito, o novo gancho do Project Runway realmente estará ligado às questões sociais, tanto nos desafios quanto nas passarelas. Em uma das provas, por exemplo, será solicitado que os estilistas criem um projeto voltado à defesa de uma questão social. “Estou muito orgulhosa de termos mulheres de todas as formas e tamanhos em nosso casting, além da primeira modelo transgênero na história do programa”, confirmou Kloss.
Não há previsão para que a 17ª edição do Project Runway seja transmitida no Brasil, mas, como algumas temporadas estão na Netflix, a esperança é que os novos episódios do reality cheguem por lá em breve. Vamos ficar na torcida!
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Colaborou Danillo Costa