Paris Fashion Week: veja quais são as 10 marcas estreantes na programação
Grifes que desfilavam em outras semanas de moda ou no menswear chegam à temporada feminina de primavera/verão 2021
atualizado
Compartilhar notícia
A menos de um mês do Paris Fashion Week, o órgão que controla o evento, a Federação da Alta-Costura e da Moda, anunciou que a programação feminina de primavera/verão 2021 terá 10 novas marcas no lineup. Entre elas, designers que desfilavam em outras semanas de moda ou na programação masculina. O evento ocorrerá entre os dias 28 de setembro e 6 de outubro, reunindo apresentações digitais e físicas, que seguirão normas das autoridades locais de saúde. A coluna reuniu detalhes marcantes sobre cada uma das 10 novas grifes que estarão neste PFW.
Vem comigo!
AMI
A AMI, fundada por Alexandre Mattiussi, começou as atividades em janeiro de 2011, com a apresentação da primeira coleção, focada em peças masculinas. O womenswear foi introduzido em 2018, com uma coleção apelidada de “menswear para mulheres”, mas a linha feminina chegou de vez só no ano seguinte. Em 2013, a marca venceu o Andam Prize.
Inspirada pela cidade de Paris, a marca descreve sua pegada como “um tipo particular de indiferença da capital francesa, descontraída, autêntica e amigável”, misturando referências chiques e casuais. As peças são clean, com uma estampa aqui e ali, marcadas pela alfaiataria com corte elegante. Para esta edição do PFW, a label promete um desfile físico e coed, ou seja, com as coleções feminina e masculina juntas.
Cecilie Bahnsen
Finalista do prêmio LVMH, Cecilie Bahnsen fundou sua marca homônima em 2015. A grife é especializada em vestidos românticos e cheios de volume, com direito a muitas mangas bufantes, texturas e cores claras. Bahsen é de Copenhague e apresentava suas coleções na semana de moda da cidade.
A atemporalidade e a durabilidade são peças-chave no desenvolvimento de suas criações, que mesclam a cultura do design escandinavo com o lado fino da moda francesa tradicional. Em suas coleções, que se baseiam sempre nas anteriores, a designer propõe um prêt-à-porter com toque de alta-costura.
Enfants Riches Déprimés
Reunindo luxo, arte, literatura e música em suas referências, o estilista autodidata norte-americano Henri Alexander Levy fundou a Enfants Riches Déprimés em 2012. A grife de moda unissex tem sede em Los Angeles e Paris e reúne uma pitada punk em suas peças, que transitam entre jaquetas, botas e itens estampados com blocos de palavras.
Destaque para os blazers da marca, que são estruturados nos ombros e têm uma modelagem mais solta, combinação que causa um efeito interessante. Até janeiro deste ano, a marca se apresentava durante a Semana de Moda Masculina de Paris. O último show teve a presença da cantora Courtney Love na fila A.
Ester Manas
Com sede em Bruxelas e comandada pelo casal Ester Manas e Balthazar Delepierre, a grife Ester Manas acumula indicações a prêmios de moda, incluindo o prestigiado LVMH Prize, no qual foi finalista. Modelagens, recortes diferenciados e estampas coloridas se destacam entre as criações, com tamanhos mais abrangentes – até o 50 – desde o início da marca, em 2017.
A escolha por tamanhos maiores veio da trajetória da própria estilista, que ficava incomodada em trabalhar com manequins bem menores que ela, como revelou em entrevista à Elle Brasil. As roupas são criativas e navegam entre o clássico e o streetwear, com vestidos, chemises e blazers, que podem incluir drapeados e volumes tridimensionais.
Gabriela Hearst
Marca conhecida pela proposta sustentável tanto nos produtos quanto na concepção das lojas, Gabriela Hearst está deixando a Semana de Moda de Nova York para se aventurar nas passarelas parisienses. A designer uruguaia, que dá nome à grife, é radicada em NY e fundou a empresa em 2015. O tempo é muito importante na concepção das peças de Hearst, que vê o luxo como um produto durável, feito com cuidado, de uma forma mais lenta.
As peças carregam cores marcantes, feminilidade e detalhes cheios de presença. A label também trabalha com moda masculina. Indicada ao CFDA Fashion Awards em ocasiões anteriores, a designer concorre nas categorias Estilista de Moda Feminina do Ano e Designer de Acessórios do Ano para 2020. Hearst venceu o troféu de moda feminina no Prêmio Internacional Woolmark 2016/17 e, em 2018, o Prêmio Visionário de Moda do Instituto Pratt.
Mossi
Focada em moda feminina, a francesa Mossi foi lançada por Mossi Traoré em 2017. O designer teve várias experiências com moda ao longo dos anos 2000, quando se especializou no assunto. As colaborações artísticas, feitas a cada temporada, são um ponto alto marca. Para uma coleção deste ano, por exemplo, a grife abordou a arte do calígrafo Hassan Massoudy. As roupas do designer são modernas e clean, com formatos ousados e detalhes levemente desconstruídos.
Ele define a marca, vencedora do prêmio Pierre Bergé Andam 2020, como “alta-costura acessível”. Dois anos antes de criar a label homônima, Mossi Traoré abriu a escola Les Ateliers Alix, voltada para técnicas de alta-costura. Por meio da associação Les Ateliers Parisiens, ele ajuda jovens a ingressarem no mercado de trabalho, especialmente mulheres e migrantes.
Situationist
A georgiana Situationist foi lançada em 2015 e trabalha com uma alfaiataria statement, com detalhes marcados na cintura, nos ombros e recortes inteligentes. A direção criativa é de Irakli Rusadze, que fundou a marca com o artista e fotógrafo Davit Giorgadze e se inspira em experiências individuais e na Geórgia pós-soviética. Atualmente, Giorgadze só colabora eventualmente com a label.
Ao site Fashionista, Rusadze contou que a força das mulheres representa uma grande inspiração. “Para mim, o conceito de feminilidade está intimamente ligado à força interior. Minhas roupas não são realmente sobre a forma do corpo; são sobre a forma da personalidade”, explicou. Antes de Paris, a marca se apresentava pelo Mercedes-Benz Fashion Week Tbilisi, na cidade onde a etiqueta é baseada.
S.R. Studio. LA.CA.
A terceira e última marca estadunidense desta lista, S.R. Studio. LA.CA., foi criada pelo artista multimídia Sterling Ruby, que a lançou em 2019. As roupas e acessórios conversam diretamente com as artes de Ruby, que colaborou com Raf Simons na linha Calvin Klein 205W39NYC e também na Dior.
Apesar de ser uma empreitada recente, roupas são parte do território artístico do norte-americano há quase 10 anos. Ele gosta de expressar o potencial de materiais como o denim, trabalhando estampas, modelagens e texturas criativas, com um toque industrial. A inspiração vem de “tradições, ofícios e culturas americanas”, como a própria empresa descreve. Antes do PFW, Ruby fez um desfile durante a feira de moda masculina Pitti Uomo, em 2019.
Vejas
A grife unissex Vejas é uma iniciativa do canadense Vejas Kruszewski. Surpreendentemente, foi lançada quando ele tinha apenas 19 anos, em 2016, em uma exposição no centro de Nova York. Na época, ele contava apenas com suas habilidades artesanais autodidatas, trabalhando dentro de um estúdio em Toronto. De primeira, sua coleção de estreia rendeu o título de vencedor do prêmio Special Prize, da LVMH, naquele mesmo ano. Até hoje, ele é considerado o designer mais jovem a ganhar o troféu.
O trabalho carrega uma pitada de androginia, especialmente nos looks masculinos. As roupas são trabalhadas em recortes modernos e, no caso de alguns vestidos, ombros assimétricos. Ao evoluir em cada coleção, Kruszewski caminhou de um streetwear desconstruído para uma pegada mais elegante e discreta, explorando seu DNA ousado em detalhes mais sutis.
Wales Bonner
Em sua marca, que atualmente produz coleções masculinas e femininas, a premiada estilista Grace Wales Bonner trabalha com toda uma bagagem cultural, que passeia desde a teoria crítica até a composição musical. Ao mesmo tempo que explora uma estética europeia, a grife carrega referências afro-atlânticas. A herança negra é um dos fatores que inspiram suas coleções, assim como a sua noção redefinida da “masculinidade” do homem negro, fugindo de estereótipos.
Fundada em 2014, a Wales Bonner já rendeu prêmios como o LVMH Prize 2016 e o de estilista Emergente pelo antigo British Fashion Awards (atual Fashion Awards), em 2015. A estilista é formada pela Central Saint Martins, onde leciona como professora associada. Até a última temporada, o lar da marca era a Semana de Moda de Londres.
Depois de pularem a temporada de primavera/verão 2021 masculina, as grandes semanas de moda se adaptam para trazer de volta sua programação de desfiles, a partir deste mês. Porém, as apresentações digitais continuarão uma realidade, devido à situação da pandemia de Covid-19. Na Semana de Moda de Nova York, por exemplo, a maior parte dos desfiles promete ser virtual, enquanto Milão traz uma programação mais híbrida.
Colaborou Hebert Madeira