Saiba como ter um guarda-roupa sustentável com cinco dicas
Alguns hábitos simples podem ajudar a manter o estilo e colaborar com o meio ambiente
atualizado
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A sustentabilidade nunca esteve tão em alta na indústria da moda. Cada vez mais, surgem marcas com viés ecológico e produção humanizada. Enquanto isso, grandes grifes se adaptam para reduzir o impacto ambiental. Vestindo-se de maneira mais consciente, todos podem colaborar.
A coluna conversou sobre o assunto com Silvia Scigliano, vice-presidente da Associação Internacional dos Consultores de Imagem (AICI) do Brasil. Com cinco dicas, ela ensina como ter um guarda-roupa sustentável.
Vem comigo conferir!
Para pensar em sustentabilidade na moda é preciso observar toda a cadeia produtiva. Segundo estudo publicado na revista Environmental Health, a produção em larga escala do fast fashion, por exemplo, é uma grande vilã para a natureza. Ela gera diversos problemas, entre eles o desperdício de materiais, além de impactos sociais devido às más condições de trabalho.
Por outro lado, o formato já não cresce mais como nas décadas de 1990 e 2000, como avalia Silvia. “Vemos a volta da roupa mais bem feita, de um acabamento mais elaborado”, observa. Relatório do site de revendas ThredUp em parceria com a empresa de análise de dados GlobalData estima que o mercado de segunda mão vai superar o fast fashion até 2028.
“As pessoas têm um grande poder na mão: o consumo. Se derem sinais que desejam um produto ecológico, as marcas vão procurar tecidos sustentáveis. Dois, três anos atrás, era muito difícil achar roupas orgânicas, plásticos reciclados”, argumenta. Felizmente, a tecnologia está ampliando as possibilidades. “Ainda é mais caro, mas daqui a pouco vai ser quase o preço de um normal”, pondera a consultora de imagem, tendências e negócios de moda.
Uma boa forma de começar a repensar os hábitos sem perder o estilo é investir em tendências atemporais. Nas semanas de moda de outono/inverno 2019/20, por exemplo, as marcas trouxeram xadrez e alfaiataria. Versáteis, essas trends são bons investimentos, visto que podem ser usadas em várias estações.
Veja as dicas da consultora:
1. Descubra o seu próprio estilo
Se conhecendo melhor, você pode desenvolver o seu estilo pessoal e evitar influências externas, como a opinião de outras pessoas; ou mesmo, a tentação das vitrines e promoções. Assim, as escolhas serão muito mais seguras e fáceis de combinar com o resto do guarda-roupa.
A coloração pessoal, por exemplo, ajuda a descobrir as cores que combinam melhor com seu tom de pele e destacam o brilho dos olhos, além de reduzir rugas e linhas de expressão. Silvia destaca a importância do papel do consultor de imagem nesse processo. Apesar de não ser um serviço barato, como ela mesma aponta, ajuda os clientes a se reconhecerem e se comunicarem melhor através do visual.
2. Adote o formato de guarda-roupa cápsula
Ter um número limitado de peças permite um vestuário mais enxuto e funcional, como explica a consultora. A ideia do guarda-roupa cápsula traz diferentes possibilidades com um número específico de peças. De preferência, aquelas que combinam entre si.
Vamos ao exemplo: pense em três peças para partes de baixo: calças, shorts e saias; quatro opções para a parte de cima: camisetas, blusas, suéteres e camisas; além das chamadas “terceiras peças”, que podem ser três: jaquetas, casacos ou blazers. Combinando de formas diferentes, você pode compor até 48 looks.
3. Não tenha medo de repetir
Ultimamente, celebridades como Kate Middleton mostram que repetir roupa é o novo cool. No casamento de Meghan Markle e o príncipe Harry, a duquesa de Cambridge usou um vestido Alexander McQueen que já havia vestido em outras três ocasiões.
Segundo Silvia Scigliano o tabu em torno da repetição de looks vem de alguns séculos atrás. “Começou no século 18, com as damas da corte. Isso era uma estratégia para a indústria, na época, produzir mais tecidos e roupas. Vimos também esse movimento no pós-guerra, nos anos 1940. Era um consumo de tecido absurdo para as tecelagens trabalharem mais, empregarem mais pessoas e a economia voltar a crescer”, explica.
4. Teoria dos “Seis Rs”
De acordo com a consultora, a teoria consiste em seis palavras-chave que começam com a letra R: repensar, reutilizar, reparar, reduzir, reciclar e recusar. Cada uma delas representa um hábito a ser adotado para se vestir de maneira mais sustentável.
Ao repensar, você pode buscar novas formas de reutilizar o guarda-roupa. Se tiver algum defeito, procure reparar ou mesmo reciclar. Ao recusar peças diferentes do seu estilo, você vai reduzir o consumo. Por falar em R, revenda aquilo que não usa mais.
5. Conhecer as marcas e iniciativas
Antes de comprar, é importante ficar de olho na forma como cada marca trabalha a sustentabilidade. Verificando detalhes como a mão de obra e a origem dos materiais, você pode garantir que não está incentivando práticas poluentes ou o trabalho escravo, por exemplo.
Além do mais, brechós e os famosos resales são ótimas opções para quem quer dar uma nova história às peças usadas. A consultora acrescenta que alguns brechós já unem a tecnologia com a revenda. Eles analisam as peças com alta procura no Google e avisam às pessoas o melhor momento para revender. Ou então, se um item específico está com baixa procura, é melhor esperar.
Silvia destaca ainda algumas marcas que estão fazendo um belo trabalho:
O aluguel de roupas também está em alta. Para Silvia, isso mostra que a geração atual prioriza o uso e não a posse. “Não é à toa o crescimento de Uber, patinete e Airbnb. Os jovens não necessariamente querem ter um carro ou uma bicicleta. A roupa talvez demore mais para pegar, porque é uma coisa mais pessoal, mas é uma das novas iniciativas da moda sustentável”, finaliza.
Colaborou Hebert Madeira