Saiba como a moda acompanhou o rock ao longo da história
O estilo musical evoluiu e lançou tendências no universo fashion desde o seu surgimento, em meados dos anos 1950
atualizado
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A moda e a música andam sempre juntas, especialmente quando o assunto é rock’n’roll. Dividido em várias vertentes, o gênero evoluiu a cada década desde que emergiu, nos anos 1950. Junto, surgiu também um visual que simboliza liberdade e quebra de padrões sociais.
Ao longo do tempo, bandas e artistas foram responsáveis por criar tendências e transformar o mundo do rock em um verdadeiro estilo de vida. Hoje, o gênero já não tem mais a mesma força no mercado musical, mas seu legado prossegue como fonte de inspirações para o universo fashion.
Neste sábado (13/07/2019), é comemorado o Dia Mundial do Rock no Brasil. A data foi criada como uma homenagem ao festival beneficente Liv Aid, de 1985. Em 13 de julho daquele ano, vários artistas lendários apresentaram-se simultaneamente em shows nos Estados Unidos e na Inglaterra.
Descubra, a seguir, como o estilo rocker evoluiu ao longo dos anos.
Vem comigo!
O início: 1950
O rock’n’roll surgiu na década de 1950, nos Estados Unidos, derivado principalmente do rhythm and blues, que misturava elementos do blues, jazz e gospel. O disc jockey Alan Freed é considerado o responsável por definir o estilo musical com a expressão “rock’n’roll”, no início dos anos 1950.
Entretanto, o verbo “to rock” (balançar, em inglês) já era amplamente utilizado em letras e títulos de canções antes dessa definição. Afinal, eram músicas aceleradas e dançantes, com destaque para o som das guitarras elétricas e voltada para os jovens.
Por ser um ritmo derivado da black music, logo chocou por atrair o público branco. Artistas como Chuck Berry e Bill Haley derrubaram fronteiras e foram pioneiros no gênero, posteriormente popularizado por Elvis Presley. O Rei do Rock tornou-se um símbolo da cultura pop, sem falar em seu visual icônico quando subia aos palcos.
Elvis Presley usava terninhos, jaquetas, sapatos estilo loafer e arrematava o look com topete. Os conjuntos de gola alta com strass, que viraram uma de suas marcas de estilo, vieram só mais tarde.
Juventude rocker: 1960 em diante
Naquele período, o charme dos astros do rock começou a influenciar o gosto dos jovens, que queriam se vestir iguais aos seus ídolos. Foi o momento de buscar algo novo e fugir da caretice da vida exaustiva pós-Segunda Guerra Mundial.
Desde então, peças jeans e jaquetas de couro ganharam lugar no guarda-roupa da juventude rocker. Especialmente dos greasers, subcultura dos Estados Unidos famosa pelos motociclistas que se reuniam em gangues. Os atores Marlon Brando e James Dean tornaram-se ícones do estilo rebelde, que também atraiu garotas.
A influência das bandas britânicas Beatles e Rolling Stones, nos anos 1960, trouxe à tona os terninhos slim em tons sóbrios e as botas Chelsea. Os rockstars passaram a ser venerados pelos fãs.
Com a popularidade das drogas psicodélicas, a música e a moda acompanharam o fluxo. Pink Floyd e The Doors foram vozes importantes do rock psicodélico, também adotado pelos Beatles.
Flower power: 1970
Grande voz feminina desse período, Janis Joplin apostava em visuais hippies, colares e tecidos mais soltos. Na mesma onda, o cantor Jimi Hendrix fazia combinações extravagantes e bastante trabalhadas.
O fim dos anos 1960 e início dos 1970 marcou o surgimento do glam rock, disseminado por artistas como David Bowie. Essa estética explorou um toque andrógino, com mullets, macacões colados, peças de vinil, couro e animal print. Alguns grupos, inclusive, usavam maquiagem. O glam metal, com som mais carregado, ganhou forma com as bandas Kiss, Queen e Aerosmith.
O som pesado, por sua vez, tornou-se a especialidade de bandas de heavy metal, como Black Sabath, Led Zeppelin, Iron Maiden, Metallica e AC/DC.
Punk rock: fim da década de 1970
O fim década de 1970 foi a época do punk, estilo que refletia liberdade e individualidade. A juventude viu, na música e nas vestimentas, uma forma de se rebelar contra o status quo da sociedade.
Cabelos coloridos e arrepiados, moicanos, peças de couro e muitos spikes passaram a compor o visual de rapazes e moças. Ramones, Misfists, The Clash, Iggy and The Stooges e Dead Kennedys estão entre as bandas de destaque nessa vertente do rock.
A designer britânica Vivienne Westwood é conhecida como “a estilista punk”. Na década de 1970, abriu uma loja que teve vários nomes, mas ficou conhecida como Sex. O então namorado e sócio de Westwood, Malcolm McLaren, era empresário da banda Sex Pistols, uma das mais influentes do subgênero.
Até hoje, a estilista mantém a atitude irreverente em suas coleções. A butique permanece aberta com o nome que ganhou em 1981, Worlds End (fim do mundo, em inglês).
O período ’70s também teve um destaque especial para a presença feminina no rock, com artistas e bandas como The Runaways, Blondie, Siouxsie and the Banshees e Patti Smith. Durante esse tempo, era Rita Lee quem causava com irreverência no cenário do rock brasileiro. A artista flertou com vários gêneros ao longo da carreira, mas se consolidou como ícone do rock feminino nacional.
New wave e gótico: 1980
Nos anos 1980, foi a vez do new wave e do rock gótico. O último tinha um ar melancólico, com apreço pelos filmes de terror e um vestuário cheio de peças pretas. Uma de suas representantes foi a banda The Cure.
O new wave, por outro lado, mostrou um lado mais colorido do punk, com sintetizadores. O subgênero fez parte dos repertórios de Talking Heads, Duran Duran e Depeche Mode.
O grunge: 1990
Aos poucos, o rock foi ganhando uma paleta mais sóbria. A era 1990s foi marcada pelo grunge, também conhecido como Som de Seattle, cidade berço do subgênero.
De maneira geral, o conteúdo musical tinha como base o desprezo dos jovens pelo estilo de vida comercial dos subúrbios. As calças jeans rasgadas, cardigãs velhos, xadrez e tênis com aspecto surrado demonstravam esse desinteresse.
Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains e Hole (comandada por Courtney Love) foram algumas das bandas mais influentes e populares do período. O momento também foi bom para bandas punk formadas na década de 1980, como Green Day e The Offspring.
Kate Moss foi uma das celebridades rockers dos anos 1990. A supermodelo fugia dos padrões convencionais. Era considerada baixa e tinha uma atitude alternativa. Contudo, seu charme estava justamente nesse diferencial.
Outra que marcou com estilo rocker foi a atriz Winona Ryder, hoje famosa pelo papel de Joyce Byers, na série Stranger Things. Ela adorava usar preto, especialmente peças de couro e vestidos. Lábios em cores escuras e calças jeans de cintura alta também eram recorrentes nos looks da musa de Marc Jacobs.
O estilista, inclusive, causou alvoroço em 1992 com a coleção Grunge (verão 1993), para a marca Perry Ellis. “Na época, nós pegamos camisas de flanela que eram vendidas a US$ 2 e as fizemos em seda, transformando algo banal em fashion, mas as pessoas se ofenderam com isso”, declarou, no ano passado.
A polêmica levou a sua demissão do cargo, mas virou fonte de inspiração 25 anos depois. Em 2018, Jacobs fez uma readaptação do compilado.
Em 1992, Naomi Campbell foi uma das modelos responsáveis por exibir o trabalho na passarela. “Eu usei este visual 25 anos atrás! Estou honrada de vesti-lo novamente! Marc Jacobs Grunge”, publicou a top model no Instagram, sobre o lançamento.
Indie rock: 2000
Os anos 2000 mantiveram influências de 1990 e incorporaram elementos de outras décadas, como o indie rock dos anos 1970, abraçado pelos grupos The Strokes e The Killers. Um dos principais estilos desse período foi o pop punk. Simple Plan, Blink-182, My Chemichal Romance, Panic! at The Disco e Fall Out Boy conquistaram toda uma geração. O new metal, som das bandas Linkin Park, System of a Down e Slikpnot, também fez sucesso por apostar em elementos de rap e hip-hop.
O vestuário dessa época teve calças retas, gravatas, peças camufladas, bastante preto e camisetas estampadas.
A baiana Pitty surgiu como um dos destaques do rock nacional contemporâneo. Seu estilo inicial era o retrato da época, com munhequeiras, pulseiras, maquiagem pesada e mix de peças como blusa e saia de tule. No cenário internacional, a popstar canadense Avril Lavigne ganhava evidência com um visual similar. Ao final da década, a cantora brasileira adotou uma estética com influência pin-up.
A era hipster: 2010
Com a chegada dos anos 2010, o estilo hipster colocou o indie rock novamente nos holofotes. Artistas com pegada underground flertaram com o público mainstream e se popularizaram entre os jovens alternativos.
No meio pop, a cantora e modelo Sky Ferreira conquistou o público millennial com seu estilo grunge e um som eletrônico próximo do new wave.
Os fios platinados com raiz bem aparente, as olheiras marcadas e o delineado a transformaram em uma musa do Tumblr. Sky estrelou campanhas para a Saint Laurent, Jimmy Choo e Maison Kitsuné.
Ícones modernos: 2019
Atualmente, algumas personalidades jovens ajudam a perpetuar o mood rocker. Taylor Momsen, vocalista e líder da banda The Pretty Reckless, começou a carreira musical em 2009 com um visual semelhante ao de Cherie Currie (The Runaways). Isso inclui lingeries, cinta-liga e meias 7/8 nas performances ao vivo. No entanto, hoje em dia, a artista opta por visuais mais discretos e básicos.
Hayley Williams, um dos grandes nomes do pop punk dos anos 2000 com a banda Paramore, foi um ícone de estilo para a Geração Y. Em 2017, adotou um visual mais pop para a turnê do álbum After Laughter, com forte influência do new wave dos anos 1980. A indie rocker Alisson Mosshart, da dupla The Kills, é outra adora uma pegada grunge.
Um dos estilistas atuais que mais investem no estilo rocker é o francês Hedi Slimane, atual diretor-criativo da Celine. Quando assumiu a direção-artística da marca, causou polêmica por fugir do DNA tradicional e acrescentar bastante preto, terninhos slim, vestidos oitentistas e um visual à la Geração Z. Durante seu trabalho na Saint Laurent, apresentou coleções com elementos que remetiam a ídolos do rock, como Siouxsie Sioux e Kurt Cobain.
Colaborou Hebert Madeira