Relembre os acontecimentos que marcaram a moda em 2019
Karl Lagerfeld, sustentabilidade, diversidade e os altos e baixos de grandes etiquetas foram assuntos recorrentes ao longo do ano
atualizado
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Nem o mundo da moda escapou dos altos e baixos de 2019. Se por um lado a indústria deu passos maiores em prol da sustentabilidade e da diversidade, por outro, viu a partida de um de seus maiores ícones, o estilista Karl Lagerfeld. Além disso, algumas etiquetas passaram por maus bocados nos últimos 12 meses. Felizmente, o ano também teve momentos de leveza, como o triunfo das marcas de moda de Rihanna e o comentado retorno do vestido de J.Lo que deu origem ao Google Imagens.
Vem comigo relembrar os acontecimentos que marcaram a moda em 2019!
1. Karl Lagerfeld morre aos 85 anos
No fim de janeiro, um dos assuntos dos bastidores da moda foi a ausência de Karl Lagerfeld no desfile de alta-costura na temporada de primavera/verão 2019 da Chanel. À época, alegou-se que ele estaria indisposto e teria deixado a então diretora de estúdio, Virginie Viard, responsável pelos agradecimentos do show.
Menos de um mês depois, no dia 19 de fevereiro, sua morte foi anunciada, aos 85 anos. Segundo a imprensa internacional, o estilista alemão lutava em segredo contra um câncer no pâncreas.
Nascido em 10 de setembro de 1933, na cidade de Hamburgo, na Alemanha, Karl mudou para Paris em 1953. Diretor criativo da Chanel e da Fendi, deixou ainda uma marca homônima e passou por grifes como Balmain, Chloé e Jean Patou ao longo da carreira.
Ele ficou conhecido pelos cabelos brancos com coque, o terninho preto e o inseparável par de óculos escuros — detalhes que já inspiraram vários lançamentos. Apesar de algumas polêmicas e opiniões controversas, o kaiser era querido e deixou muita saudade entre os amantes da moda.
2. Marcas de Rihanna triunfam na moda
Boatos em torno de uma suposta marca de luxo da cantora Rihanna com o grupo LVMH correram nos bastidores da indústria desde o início do ano. Finalmente, a grife Fenty foi confirmada no início de maio, depois de vários burburinhos, e lançada alguns dias depois, com peças de prêt-à-porter, calçados, acessórios e artigos de couro. A modelo Bella Hadid foi a primeira celebridade a ser fotografada com itens da label após a estreia.
O hype fashion em torno da cantora não parou por aí. Em setembro, RiRi disponibilizou o desfile-performance da linha de lingeries Savage x Fenty para o streaming Amazon Prime. Repleto de atrações musicais e modelos com diversos tipos de corpos, além de tops celebradas, como Cara Delevingne e as irmãs Hadid, a apresentação foi um dos assuntos do ano. A etiqueta foi lançada em 2018, com proposta inclusiva e designs que são a cara da popstar.
3. Victoria’s Secret fecha lojas e cancela o desfile anual em 2019
Este não foi um ano fácil para uma das marcas de lingeries e beleza mais famosas do mundo. Depois de enfrentar uma grande polêmica pela falta de modelos trans e plus size na passarela de seu desfile anual, a Victoria’s Secret anunciou algumas reestruturações. Entre elas, o fechamento de 53 lojas e o comunicado de que o desfile não seria transmitido em 2019. Sem falar em fatores como quedas de vendas, a forte concorrência e as críticas recorrentes sobre o padrão de beleza sugerido pela label.
Em agosto, uma das participantes do show disse que ele não seria realizado neste ano. Dito e feito: em novembro, o grupo L Brands confirmou o cancelamento do desfile em 2019.
“Foi uma parte muito importante da construção desse negócio, um aspecto importante da Victoria’s Secret e uma conquista notável de marketing. Estamos descobrindo como avançar no posicionamento da marca e melhor comunicá-la aos clientes”, declarou Stuart B. Burgdoerfer, vice-presidente da holding.
Depois dessa, o que será do Victoria’s Secret Fashion Show?
4. Sustentabilidade ganha mais espaço na indústria
Uma das exigências da geração Z, a sustentabilidade nunca esteve tão em alta na moda, especialmente no aspecto ambiental. Foram várias iniciativas ao longo do ano, mas algumas tiveram maior destaque.
O conglomerado de luxo francês Kering começou o ano ocupando o posto de segunda companhia global mais sustentável do mundo, de acordo com a lista Corporate Knights’ 2019 Global 100 Index.
Meses depois, logo após a Gucci (marca que pertence ao grupo) anunciar que compensaria todas as emissões de carbono a partir de agora, a empresa seguiu o exemplo e estendeu a decisão para todo seu catálogo, que inclui etiquetas como Balenciaga e Bottega Veneta.
Enquanto isso, a corrida em prol do movimento Fur Free ganhou novos aliados. Entre eles, a Prada, Victoria Beckham e a própria rainha Elizabeth II.
Em outubro, a Califórnia se tornou o primeiro estado dos EUA a proibir a fabricação e a venda de produtos com pele. A medida valerá a partir de 2023 e já havia sido tomada pelas cidades de Los Angeles e São Francisco.
Além disso, a prefeitura de Paris anunciou, em fevereiro, pacote de ações para transformar a cidade na capital da moda sustentável até as Olimpíadas de 2024. O projeto consiste em uma série de metas a serem traçadas pelo mercado local dentro dos próximos cinco anos.
Em agosto, paralelamente à reunião do G7, 32 empresas de moda (ao todo, 150 marcas) assinaram um acordo em prol da diminuição dos impactos ambientais da indústria fashion. O movimento, encabeçado pelo presidente Emmanuel Macron e empresários do ramo, reuniu etiquetas como Burberry, Prada e o grupo LVMH.
5. Modelo Tales Cotta morre após desmaiar na passarela do São Paulo Fashion Week N47
O último dia do São Paulo Fashion Week N47, em abril, ficou marcado por uma triste fatalidade. Na metade da programação, o modelo mineiro Tales Cotta sofreu um mal súbito e caiu na passarela enquanto desfilava para a grife Också. De início, expectadores chegaram a cogitar que se tratava de uma performance, até ele ser socorrido. Por volta das 19h10 daquele dia, a assessoria de imprensa do evento confirmou a morte do rapaz, aos 25 anos.
A tragédia foi cercada de boatos sobre a possível causa da morte, além de críticas ao evento e às marcas por seguirem com a programação. Em maio, o laudo necroscópico revelou o motivo do óbito: uma doença cardíaca não diagnosticada provocou um edema pulmonar. O documento descartou ainda a presença de substâncias ilícitas e álcool no organismo do modelo.
Segundo o agente Rogério Campaneli, Tales estava escalado para os desfiles de primavera/verão 2020 na Semana de Moda Masculina de Milão, em junho. Ele havia desfilado para a marca Ratier no dia anterior ao ocorrido e participou da Casa de Criadores e do SPFWN46.
6. Meghan Markle assina linha de roupas beneficente e o September Issue da British Vogue
A duquesa de Sussex continuou nos holofotes do mundo inteiro em 2019. Um dos grandes momentos fashion de Meghan Markle neste ano foi a participação como editora convidada na edição de setembro da Vogue Britânica. Tradicionalmente, o September Issue é a edição mais simbólica do ano. Por isso, a ex-atriz homenageou 15 mulheres fortes com destaque de diferentes áreas, como ativistas, modelos, atrizes e muito mais.
A jovem ativista ambiental Greta Thunberg, as modelos Adwoa Aboah e Adut Akech, bem como a atriz Jane Fonda, são alguns exemplos das personalidades convidadas a responderem uma pergunta: “Quais são as mudanças que você quer ver no mundo?”. Outros destaques da edição foram um bate-papo de Meghan com a ex-primeira-dama dos EUA Michele Obama e uma entrevista com a antropóloga Jane Goodall.
Ainda em setembro, a duquesa colaborou com uma coleção-cápsula beneficente, com peças de marcas de vestuário do Reino Unido como Marks & Spencer, Jigsaw, Misha Nonoo e John Lewis and Partners. A cada peça vendida, uma foi doada para a instituição Smart Works, que ajuda mulheres desempregadas a encontrarem trabalho. A organização oferece treinamentos e fornece roupas para serem usadas em entrevistas de emprego.
7. Jennifer Lopez rouba a cena em desfile da Versace
A atriz e cantora Jennifer Lopez deu um show ao encerrar o desfile de primavera/verão 2020 da Versace. Na ocasião, em setembro, a artista de 50 anos cruzou a passarela com uma nova versão do vestido usado por ela no Grammy de 2000. O burburinho do look foi tão grande, há quase 20 anos, que deu origem ao Google Imagens. Em 2019, J.Lo ressurgiu com uma releitura ainda mais nua do que a peça original (primavera/verão 2000). Não deu outra: ela foi ovacionada pelos convidados.
Vale destacar que essa não foi a primeira vez que a estrela vestiu roupas inspiradas no modelito icônico, e que ficou na história da cultura pop. Pouco antes do desfile de setembro, a varejista Fashion Nova lançou uma fantasia de Halloween inspirada no famoso Jungle Dress. A “homenagem”, no entanto, não agradou à grife italiana, que processou a marca por plágio no fim de novembro.
8. Forever 21 e Barneys New York pedem recuperação judicial
Enquanto marcas, celebridades e outros negócios triunfaram, algumas etiquetas passaram por momentos delicados. Grandes empresas, como a rede de departamento de luxo Barneys New York e a fast fashion Forever 21, pediram recuperação judicial nos últimos meses. As duas companhias recorreram ao Capítulo 11 do Código de Falências dos Estados Unidos.
A Barneys confirmou o pedido de proteção contra falência em agosto. Já no início de novembro, teve a venda autorizada para a empresa de licenciamento Authentic Brands Group. Com o acordo fechado, a rede encerrará as atividades na maioria das lojas, colocará as mercadorias em liquidação e terá o nome licenciado para a Saks Fitfh Avenue na América do Norte.
Para a Forever 21, a saída foi montar uma “reestruturação global”, com fechamento de 300 a 350 lojas ao redor do mundo. “Estamos confiantes de que este é o caminho certo para a saúde de nossos negócios a longo prazo. Quando concluirmos a reorganização, a Forever 21 será uma empresa mais forte e viável, e melhor posicionada para prosperar nos próximos anos”, anunciou a marca em carta aberta.
9. Grupo LVMH compra a Tiffany por US$ 16,2 bilhões
Este também foi o ano de uma das maiores transações feitas na história. No fim de novembro, o conglomerado de luxo LVMH confirmou um acordo de compra da joalheria norte-americana Tiffany & Co. por US$ 16,2 bilhões, após semanas de movimentação e uma oferta inicial de US$ 14,5 bilhões.
O grupo é dono de grandes casas de moda, como Louis Vuitton, Dior, Givenchy, Fendi e Celine. No segmento de relógios e joias, a holding detém etiquetas como Bulgari e Chaumet. A compra, segundo especialistas, é favorável a ambos os lados. A aquisição da Tiffany significa um grande passo para reforçar a presença da companhia na joalheria, sem falar em um maior investimento nos Estados Unidos.
“A entrada da Tiffany vai transformar a divisão de relógios e joias da LVMH e complementar a lista de 75 casas que compõem o portfólio do grupo”, diz um trecho do comunicado oficial.
10. Enfim, a indústria da moda dá passos maiores rumo à diversidade e à inclusão
Assim como a sustentabilidade, o ano de 2019 também teve alguns destaques quando o assunto foi diversidade e inclusão. O São Paulo Fashion Week N47, por exemplo, teve modelos afrodescendentes como as principais recordistas de desfiles. Entre elas, a maranhense Amira Pinheiro.
Por falar em desfiles, a Semana de Moda de Nova York abriu espaço para modelos grávidas e plus size nas passarelas. Para completar, o brasiliense Sam Porto ficou conhecido como o primeiro homem trans a desfilar no SPFW, na edição 48.
Em agosto, a cearense Valentina Sampaio fez história ao ser a primeira mulher trans em uma campanha da Victoria’s Secret. A notícia chamou a atenção, já que a marca foi alvo de críticas depois de um comentário de teor transfóbico do ex-diretor de marketing.
Faltam menos de duas semanas para o ano acabar, mas muita coisa ainda pode acontecer. Para não perder as novidades do mundo da moda, continue de olho nas atualizações diárias da coluna. Até a próxima!
Colaborou Hebert Madeira