Quem procura um stylist consegue ter estilo próprio?
Conheça o trabalho de consultores de imagem que atuam em Brasília
atualizado
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Com a rotina corrida, às vezes falta tempo para escolher aquela roupa incrível. Por isso, algumas celebridades, influencers e socialites optam por ter um stylist. Em alguns casos, o que motiva essa procura é a busca da autoconfiança e da melhora da autoestima.
O serviço de consultoria de imagem consiste em pagar um profissional especializado em moda para desenvolver um trabalho de redefinição de estilo. O auxílio pode ser temporário e para ocasiões específicas, como montar um look para uma festa especial, arrumar uma mala de viagem, ou até mesmo fixo, para as situações do dia a dia.
O atendimento é considerado um serviço de luxo. Para quem tem vontade e condições financeiras, pode ser uma verdadeira mudança de hábitos e gostos – ou até mesmo a ponte para o cliente reconhecer qualidades em si mesmo.
No entanto, ao mesmo tempo, entramos em um dilema: quem está pagando para que outra pessoa cuide de sua imagem consegue manter a personalidade e as próprias vontades? Afinal, contratar um stylist é ter estilo?
A coluna conversou com stylists de Brasília para entender melhor o trabalho e formar uma opinião.
Vem comigo pensar sobre o assunto!
A prática é muito comum entre estrelas internacionais. O estilista e stylist Brandon Maxwell, por exemplo, ficou famoso pelo visual de Lady Gaga e já vestiu outras celebridades, como Blake Lively, Michelle Obama, Nicole Kidman, Naomi Campbell, Viola Davis e Jennifer Aniston. Outra stylist conhecida é Elizabeth Saltzman, que está por trás dos looks de personalidades como Gwyneth Paltrow, Uma Thurman e Saoirse Ronan.
No Brasil, o serviço caminha de um jeito diferente e é mais recente. Um dos nomes mais lembrados no ramo, hoje, é Yan Acioli, responsável por mudar o estilo da apresentadora Sabrina Sato. Ele cuida do visual de Claudia Leitte, Preta Gil e Luciano Huck.
Quem pensa que o trabalho é simplesmente escolher um look do dia está muito enganado. O profissional tem de lidar com diferentes pessoas, experiências e memórias afetivas. Além disso, precisa estudar bastante.
O designer Marcus Barozzi faz consultorias há seis anos. Começou no teatro, formou-se em moda no Centro Universitário Iesb, em Brasília, e atualmente faz um trabalho que gosta de chamar de “pluri”, ligado a roupas, imagem e moda. Além do atendimento personalizado, atua com marcas e figurinos de espetáculos. Também já concluiu cursos em outras áreas, como maquiagem, cenografia e pintura.
Barozzi gosta de se definir como produtor de moda, por acreditar que no Brasil o termo garante uma abrangência maior. Cada consultoria é feita de uma forma diferente, com referências diversificadas. Para ele, manipular a imagem de seres humanos é um processo muito delicado.
“É quase uma terapia. Tenho que entender a pessoa, as dificuldades mais íntimas, os preconceitos que ela tem consigo mesma, quebrar vários paradigmas colocados principalmente para as mulheres. No Brasil, é o trabalho de desmistificar tudo isso, mostrando novas possibilidades”, explica.
Funciona de forma instintiva, de acordo com a observação do que acontece socialmente no mundo. Para o produtor, a parte mais difícil é lidar com a intimidade de cada cliente. “Eu lido diretamente com o brio da pessoa. Demanda entendimento, tempo e principalmente delicadeza. É um trabalho em que preciso alcançar uma aceitação muito grande”, completa.
No mesmo sentido, a consultora de imagem e fashion stylist Michele Nicolai acredita que o diferencial do atendimento é a profundidade. Não existe uma fórmula que se encaixa na rotina e no estilo de vida de todos os clientes contratantes do serviço.
Além da consultoria de imagem para pessoas, Michele faz estratégias para posicionamento de marcas. É formada em administração e aprimorou sua técnica em cursos variados, como o Fashion Business e Trend Forecasting, realizado no Instituto Marangoni, em Milão.
Michele acredita ser necessário entender as particularidades de cada indivíduo e, a partir disso, fortalecer a identidade pessoal. Cada projeto exige, no mínimo, dois meses de dedicação, o que faz a stylist trabalhar para poucas clientes ao mesmo tempo.
“Trabalho com pesquisa de tendências e todos os projetos são embasados nisso. Para fazer consultoria, tenho que falar de cultura, arte, moda, gastronomia. Tudo está envolvido e é sempre importante levar informação. Não tem coisa mais linda do que a pessoa conseguir ter um encontro com ela mesma, conseguir expressar quem ela realmente é, a partir da forma de se vestir”, pontua a consultora de moda.
Opinião das clientes
São as mulheres quem mais procuram Marcus Barozzi e Michele Nicolai. Os profissionais atendem advogadas, médicas, arquitetas, juízas, engenheiras e donas de casa.
A opinião delas é o que mais importa em todo o processo de consultoria de imagem. “A minha ideia é que a pessoa compreenda o corpo dela, entenda quem ela é. Não gosto de ser uma muleta, gosto de preparar a pessoa para que ela ande sozinha”, comenta Michele. “Não mudo o estilo da cliente, só pego o que eu reconheço no estilo delas, estudo Instagram, lifestyle, todas as referências que elas me dão de lugares que elas frequentam. Aí reúno tudo aquilo, reorganizo e potencializo”, complementa Barozzi.
Em relação às marcas usadas para montar as produções, ambos dizem que isso varia de uma pessoa para outra, pois algumas preferem grifes de luxo, enquanto outras optam por brands mais acessíveis. Contudo, Michele e Marcus gostam de brincar com a moda e mesclar o que podem.
“A melhor parte, o que me deixa mais feliz em trabalhar com isso, é conseguir ver que, quando a gente chega ao final, a cliente é outra pessoa. Existe um brilho nos olhos. Ela consegue enxergar a si mesma e tudo em volta dela de uma forma completamente diferente. Você vê vida, é emocionante”, finaliza Michele.
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Colaborou Rebeca Ligabue
