Proteção dos tecidos antivirais é tema de painel em evento on-line de moda
Representantes da Lupo, Oriba e Rhodia participaram do bate-papo sobre as tecnologias têxteis que ajudam a reduzir o contágio da Covid-19
atualizado
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Com a chegada da pandemia global, empresas e marcas de moda se engajaram para oferecer opções de tecidos antivirais que garantissem uma proteção a mais para os clientes na hora de sair de casa. Essas apostas tecnológicas foram tema de um painel na quarta edição do Iguatemi Talks Fashion, que discutiu como essas possibilidades têxteis estão sendo aliadas no combate ao novo coronavírus (Sars-Cov-2), causador da Covid-19.
Vem comigo conferir!
O que a tecnologia antiviral ainda pode oferecer
O encontro virtual foi mediado pela jornalista Maria Rita Alonso, colunista de moda da Marie Claire. Participaram a gerente de marketing, vendas e produto da Lupo, Carolina Pires; o gerente comercial de poliamida e fibras da Rhodia, Marcello Bathe; e o diretor de produto e cofundador da Oriba, Rodrigo Ootani. Essas três empresas atuaram no fornecimento de produtos com proteção antiviral. O fio de poliamida Amni® Virus-Bac OFF, criado no Brasil pela Rhodia, foi utilizado em máscaras faciais pelas duas marcas de moda. O material combate a proliferação de vírus e bactérias.
Em geral, os tecidos antivirais são insumos têxteis capazes de ajudar na proteção do consumidor contra a contaminação cruzada por vírus envelopados e não envelopados. Até o momento, surgiram opções que garantem proteção até um número específico de lavagens, graças ao tratamento do material, e a poliamida da Rhodia, que oferece a barreira antiviral de forma permanente.
“Roupas podem ser feitas a partir dos tipos de tecido que aquele fio é capaz de produzir. A poliamida, fio tecnológico muito usado em roupas esportivas, acaba sendo útil para tudo”, explicou Rodrigo Ootani, sobre a Virus-Bac OFF.
É importante saber que eles funcionam apenas como uma proteção a mais. Ootani reforçou que, quando a Oriba lançou as roupas, a intenção não era estimular que as pessoas saíssem de casa, mas que, quando precisassem sair, estivessem mais seguros.
Mesmo com essas peças, é necessário continuar tomando todos os outros cuidados higiênicos recomendados desde o início da pandemia. “Você não pode se sentir um super-herói porque está vestindo uma tecnologia antiviral. É somente um adendo para sua proteção, em relação à contaminação cruzada, de levar o vírus para locais”, pontuou Carolina Pires.
Ao refletir sobre como essas tecnologias poderiam se aprimorar ainda mais, Marcello Bathe explicou que uma possibilidade seria trabalhar em novas gerações desses tecidos, com toques diferenciados e mais funcionalidades. Ele afirmou, inclusive, que já existem estudos de usos que vão além da moda.
“Já estamos fazendo alguns desenvolvimentos. Existem protótipos em fase bem avançada de estudo, por exemplo, para o transporte público. Ônibus revertidos com essa tecnologia em que tanto o assento quanto o balaústre são antivirais. Você tem ali uma aglomeração de pessoas que colocam as mãos e respiram, e vai evitar essa contaminação cruzada no transporte coletivo”, explicou Bathe. Outro exemplo desse uso seria nas arquibancadas de estádios de futebol, em uniformes corporativos e em carpetes.
A proteção é provisória ou veio para ficar?
Quando questionadas se a tecnologia antiviral veio para ficar, mesmo após a pandemia, os profissionais concordaram que sim, mas com ressalvas. Para Bathe, eles continuarão, mas deve haver uma queda natural. “Acho que aprendemos que os vírus estão aí e precisamos nos cuidar”, opinou. Já Maria Rita Alonso lembrou que existe o risco da própria Floresta Amazônica ser berço de novas doenças provocadas por vírus.
Ootani acredita que a redução da aderência a esses materiais será grande, ainda mais se as empresas ou marcas não continuarem investindo. “A partir do momento em que tivermos uma vacina ou algo do tipo, pelo menos na indústria da moda, com todas as disrupções que aconteceram em cadeias de suprimentos, empresas fechando ou sofrendo um baque muito grande, tenho medo até de regredirmos no aspecto ambiental”, apontou.
Na visão de Pires, a proteção antiviral ainda continuará sendo um fator diferencial. “As marcas que conseguirem vão ofertar em um âmbito menor, mas ainda terá um público específico preocupado”, observou. Entre as novidades que devem chegar logo mais, a Lupo está introduzindo meias antivirais. A Oriba planeja o lançamento de bolsas de lona com a proteção.
Tecnologia para a moda do futuro
Outro ponto introduzido no painel foi o uso da tecnologia para o mercado fashion do futuro. Nesse aspecto, procurar meios de deter o impacto ambiental deveria ser uma das prioridades, na opinião de Rodrigo Ootani. “A moda é uma das áreas que mais precisa investir em tecnologia, porque é uma das indústrias que permeiam praticamente todo mundo”, argumentou. “Se não investirmos em tecnologia para reduzir esse impacto e, no próximo passo, positivá-lo, será um dos grandes fatores para o mundo entrar em colapso.”
Carolina Pires acredita que produtos tecnológicos serão prioridade, já que as peças de moda deixarão de apenas cobrir o corpo ou seguir tendências para atender a funcionalidades de bem-estar e sustentabilidade. “Concordo que o próximo passo do desenvolvimento tecnológico dos fios e da indústria têxtil é como fazer essa cadeia o mais enxuta e menos impactante possível. A moda do futuro tem essas duas vertentes tecnológicas. As pessoas serão mais exigentes em relação às funções e em relação ao impacto que aquela peça gerou ou vai gerar”, apontou.
Confira a gravação do bate-papo completo abaixo:
Colaborou Hebert Madeira