Paris Fashion Week: veja destaques de Dior e Loewe na primavera/verão 2021
Entre apresentações presenciais e digitais, Cecilie Bahnsen, Marine Serre, Chloé, Rick Owens e Isabel Marant também deram o que falar
atualizado
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Depois de Nova York, Londres e Milão, chegou a vez de Paris completar o principal circuito internacional de apresentações, com a primavera/verão 2021. Nesta edição, 10 novas marcas chegaram ao lineup. A semana de moda francesa de ready-to-wear começou na última segunda-feira (28/9) e seguirá até 6 de outubro. Até o momento, marcas como Dior, Cecilie Bahnsen, Marine Serre, Chloé, Rick Owens, Loewe e Isabel Marant deram o que falar.
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Em meio à pandemia, as opiniões sobre a realização de desfiles tradicionais foram divididas. Pode-se dizer que, provavelmente, não seja um momento propício para a realização de shows físicos, ainda que com medidas de segurança. A grife Isabel Marant, por exemplo, causou aglomeração na própria passarela.
Na Semana de Moda de Paris, aconteceram tanto desfiles presenciais quanto apresentações digitais. Além disso, diversas grifes se adaptaram ao momento por meio de mudanças nas próprias coleções, com inspirações realistas, sensíveis e voltadas ao atual cenário.
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Dior
A Dior foi uma das participantes que escolheram realizar desfiles com plateia e tudo. O show também foi transmitido ao vivo pelo Instagram, pelo TikTok e pelo site internacional da marca. Em um ambiente “simultaneamente sagrado e profano”, como definiu a label, foi retratada a obra Vetrata di Poesia Visiva, da artista visual Lucia Marcucci, de Florença.
No cenário, havia 18 espécies de janelas de acrílico iluminadas, cada uma com 7 metros de altura. O propósito foi revisitar os vitrais coloridos das catedrais góticas. “Um estilo característico que funde imagens encontradas da mídia de massa e publicidade com texto na forma de colagens contemplativas e esteticamente atraentes”, explicou a Dior em comunicado.
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A coleção foi focada na exploração das possibilidades de corte e decoração. “A Dior está empenhada em trabalhar lado a lado com especialistas e artesãos locais para salvaguardar este bem cultural e garantir que as suas preciosas técnicas sobrevivam”, comunicou a grife.
Vale reparar na estética campestre, que remete ao estilo cottagecore; tudo a ver com simplicidade e referências bucólicas. Modelagens delicadas, bordados, babados, listras e estampas vintage garantiram o mood.
Maria Grazia Chiuri também quis repensar prioridades durante a evolução do mundo atualmente. “Tivemos que abordar esta coleção com uma ideia mais de design. Estamos vivendo de uma forma diferente e ficando mais em casa dentro da nossa intimidade. Nossas roupas têm que refletir esse novo estilo de vida”, disse a diretora criativa à Vogue Runway.
A estilista optou por voltar aos fundamentos da criação de roupas. Por isso, repensou a construção de um dos itens mais celebrados no DNA da grife: o casaco. “Ela arrancou o estofo, transformando a alfaiataria em jaquetas macias e ombros caídos com a facilidade de um cardigã”, enfatizou a marca. A ideia foi garantir mais conforto e praticidade.
Casualidade – sem perder a elegância – e fluidez foram os pontos principais na passarela da etiqueta francesa. Sobreposições não tiraram o toque leve das composições. Até o tie-dye foi reinventado no spring/summer 2021 da Dior.
Ao fim do desfile, uma manifestante se infiltrou na passarela. Vestida de preto, a mulher segurava um cartaz amarelo com a frase: “Somos todos vítimas da moda”. Nos cantos da faixa, estava o símbolo de extinção usado frequentemente por ativistas ambientais.
De acordo com o portal WWD, uma porta-voz da Extinction Rebellion confirmou que a organização foi a responsável pelo protesto. Trata-se de uma iniciativa britânica que atua contra os danos ao meio ambiente e as mudanças climáticas. O grupo se define como um “movimento internacional que usa a desobediência civil não violenta na tentativa de impedir a extinção em massa e minimizar o risco de colapso social”.
Cecilie Bahnsen
Estreante no Paris Fashion Week, Cecilie Bahnsen fundou a marca homônima em 2015. A grife é especializada em vestidos românticos e silhuetas volumosas, com direito a mangas bufantes, babados, recortes e texturas.
Para a participação no evento, a marca apostou em uma apresentação digital. A atemporalidade e a durabilidade são peças-chave no desenvolvimento das criações da estilista dinamarquesa, que mescla a cultura tradicional escandinava com o lado fino da moda francesa tradicional. Em suas coleções, que se baseiam sempre nas anteriores, a designer propõe um prêt-à-porter com toque de alta-costura.
Para a primavera/verão 2021, Cecilie Bahnsen investiu majoritariamente em looks monocromáticos, em preto ou branco. Alguns visuais passaram por tons de rosa e verde. Entre as criações, estão peças feitas por meio do upcycling, técnica de reaproveitamento de tecidos que seriam descartados.
A coleção foi pensada a partir de um olhar para a realidade. “Tem tudo a ver com esta jornada: não sabemos ao certo para onde estamos indo, mas temos a esperança de que será um lugar melhor”, contou a estilista, em entrevista à Vogue.
“Observei lindas tribos nômades japonesas de mulheres que vão de cidade em cidade para tocar música. Também olhei para as pinturas dinamarquesas Skagen [de mulheres] na praia, usando vestidos brancos históricos. A última inspiração são as instalações de arte coloridas de James Turrell, que sempre têm algo super moderno e elétrico”, completou Bahnsen.
Além do shooting, feito pela fotógrafa Lana Ohrimenko, Cecilie Bahnsen preparou um vídeo para revelar os looks. Batizado de The Summit, a produção teve direção da agência criativa Moon.
Ambientado em uma praia, o ensaio é intimista e acolhedor, com direito à contribuição do vento e da beleza natural. As imagens foram gravadas na Costa Oeste da Jutlândia, na Dinamarca.
Marine Serre
“Um ciclo de eventos e encontros atemporais é realizado por personagens místicos que imergem o espectador em seu mundo”. Assim é a apresentação virtual de primavera/verão da marca homônima da designer Marine Serre, um dos nomes mais reconhecidos atualmente na indústria fashion.
Batizado de Amor Fati, o vídeo foi dirigido por Sacha Barbin e Ryan Doubiago. As estrelas do conteúdo são Sevdaliza e Juliet Merie, com styling assinado por Benoit Bethume. A icônica estampa de lua, símbolo da etiqueta, não poderia faltar.
“Com a ajuda de itens simbólicos, dois indivíduos enigmáticos navegam entre existências paralelas, vivendo uma projeção astral, guiados pelas verdades um do outro. Estéril e hostil à primeira vista, cada ambiente é povoado por uma série de clãs fortemente unidos que testemunharão seus ritos de passagem”, descreveu a label. “Apesar dos sentimentos de perigo, cuidado, sedução e vulnerabilidade, as duas figuras camaleônicas dão um salto de fé para o desconhecido”, acrescentou.
Chloé
O Palais de Tokyo, na capital da França, foi cenário para o desfile de spring/summer 2021 da Chloé, durante a Semana de Moda de Paris. Batizado de A Season in Hope (Uma Temporada de Esperança, em tradução livre), o show teve o propósito de levantar variados pontos de vista.
Além de caminhar pelo edifício monumental, as modelos se espalharam pelas ruas da região simulando situações do cotidiano. “É mostrar algo que seja mais atencioso, mais espontâneo e mais íntimo, e dedicar um tempo para olhar para uma mulher e seu jeito de se mover e agir de forma muito mais natural. Em vez de apenas dizer ‘você deveria andar assim'”, contou a diretora criativa Natacha Ramsay-Levi à Vogue.
Nos visuais, o objetivo foi se basear em elementos de temporadas anteriores, com foco na redução. Considerando o DNA sofisticado e clássico da Chloé, a casualidade foi atingida. Embora ela tenha investido em silhuetas mais amplas e modelagens comfy, em algumas misturas o resultado pode ser considerado carregado.
Inspirada nas mensagens de justiça da freira Corita Kent, frases como “Eu dou conta disso” ganharam destaque nas estampas. Rendas delicadas, corte reto e as tradicionais referências dos anos 1970 arremataram as produções.
Rick Owens
A primavera/verão 2021 de Rick Owens foi intitulada Phlegethon, em homenagem a um dos cinco rios do submundo na mitologia grega. Mais especificamente, águas de sangue que ferveram almas.
Em comunicado, o designer definiu o compilado como uma espécie de “alegria sombria”. “Podemos pensar nas roupas como frívolas ou podemos pensar nas roupas como um de nossos primeiros passos para nos comunicarmos com outras pessoas, o que é uma coisa poderosa” , opinou Owens.
Nos outfits revelados, o mood misterioso contrastou com cores suaves, sem deixar de lado o vermelho vibrante. A assimetria também fez parte da coleção. Um detalhe que chamou atenção foram as máscaras de proteção facial, presentes em todas as composições.
O trabalho tem foco no desafio. Gravado na praça em frente ao Casino de Veneza, o show digital foi realizado sem público, com transmissão ao vivo. Apenas o estilista e sua equipe participaram.
Loewe
Em meio à pandemia, a Loewe pensou em uma solução criativa, autêntica e segura. O trabalho foi definido como Show-on-the-Wall (Desfile na Parede, em tradução livre). Os looks foram apresentados por meio de um papel de parede, desenhado pela artista Anthea Hamilton, com fotos de Thue Nørgaard.
Por isso, pessoas selecionadas pela grife receberam uma grande caixa para conferir a novidade. Dentro do objeto, há “um conjunto de diferentes elementos a serem montados individualmente pelo destinatário congela o conteúdo de moda em uma parede, em tamanho real”. “O Show-on-the-Wall é um somatório de diferentes ações, todas ativamente realizadas pelo destinatário, que aproximam o espectador da roupa”, explicou a label.
Além dos cartazes, há até cola específica para de papel de parede, pincel e tesoura na caixa. “A beleza do projeto é que ele entrega a criatividade ao espectador”, definiu Jonathan Anderson, diretor criativo da marca, em comunicado.
Para o spring/summer 2021, Jonathan Anderson e sua equipe trabalharam remotamente, respeitando o isolamento social. As peças foram pensadas a partir de materiais que já estavam no acervo da grife.
“Eu realmente queria me concentrar nessa ideia de que usaríamos o que tínhamos”, disse à Vogue”. “A coisa toda é realmente sobre obsessões, como curiosidade. Acho que é apenas um momento importante, e é tão emocionante poder experimentar coisas novas”, completou.
Nas composições, o maximalismo não ficou de fora. As modelagens são amplas e exageradas. Drapeados, volume, transparência, formas bufantes e sobreposições de tecidos dão o toque final.
A apresentação também está em exposição no Hôtel du Grand Veneur, na capital francesa. A coleção é exibida em manequins dentro do espaço. O papel de parede, é claro, não poderia faltar no cenário. Entre os acessórios, é possível observar uma clutch moderna e clean, que lembra a famosa The Pouch, da Bottega Veneta.
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Isabel Marant
Para Isabel Marant, não bastou fazer um desfile presencial em meio ao avanço do coronavírus. “Um desejo ardente de sair, dançar e escapar”: foi assim que a marca francesa definiu o show, que aconteceu no Palais Hoyal, em Paris, e causou aglomeração, inclusive na passarela.
A apresentação foi uma verdadeira festa, com participação do grupo de dança (La)Horde. Estaria tudo bem se o mundo não estivesse passando por uma pandemia sem precedentes, causada por um vírus altamente contagioso. A decisão da marca afrontou as recomendações da organizações de saúde.
Modelos e dançarinos percorreram pela catwalk ao som da música I Feel Love, de Donna Summer. Em um momento específico, vários bailarinos se abraçaram. Vale destacar que uma das orientações contra a propagação da Covid-19 é o distanciamento social.
Na coleção, a pegada disco, com um toque boho, também ficou evidente. A inspiração veio de ícones extravagantes dos anos 1980. Entre variações de texturas, o metalizado chamou atenção. Na cartela cromática, o prata e o rosa são os protagonistas.
Programação do Paris Fashion Week
Nos últimos dias, o Paris Fashion Week também incluiu apresentações de marcas como Situationist, Koché, Alexis Mabille, Kenzo, Dries Van Noten, Acne Studios, Issey Miyake, Altuzarra, Alexandre Vauthier, Hermès e Nina Ricci. Neste domingo (4/10), a programação começa com Schiaparelli. Em seguida, nomes como Balenciaga, Gabriela Hearst, Paco Rabanne e Givenchy.
Já na segunda-feira (5/10), estão no calendário Mugler e Giambattista Valli, por exemplo. A terça-feira (6/10), último dia da semana de moda, terá os shows de Chanel, Valentin Yudashkin, Sadaels, Farel Zhang, Miu Miu, Louis Vuitton e Maison Margiela.
Colaborou Rebeca Ligabue