Nem tigre, nem zebra: o leopardo é a estampa que não sai de moda
Vista com frequência no street style da Semana de Alta-Costura, padronagem felina é destaque entre celebridades e influenciadoras
atualizado
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Em algum lugar entre o sexy e o clássico, a estampa de leopardo se consagrou como algo atemporal. Apesar da mistura de cores e do efeito maximalista, a padronagem conquistou um status de elegância dentro do universo fashion. Eternizado pela atriz Marian Nixon, que surgiu em Hollywood trajando as manchas felinas com um espécime em carne e osso a tiracolo, o print virou símbolo de glamour, se tornando um dos queridinhos da indústria têxtil. Agora, tanto nas passarelas quanto no street style, a tendência ressurge como uma das características mais revisitadas nesta temporada.
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Um clássico
Alguns historiadores afirmam que a estampa de leopardo remonta do Egito Antigo, quando artesãs desenhavam as manchas do grande felino em bainhas de linho. No entanto, algumas pinturas rupestres do período paleolítico trazem o padrão cobrindo figuras humanas durante a caça. Àquela época, o homem primitivo vestia peles não só no intuito de se camuflar e enganar predadores, mas para incorporar as qualidades míticas do animal, como agilidade e força.
Milênios depois, a vontade de absorver as características do bicho ainda permanece viva, pelo menos nas passarelas. “Na moda contemporânea, o uso de peles e estampas animais é interpretado como um desejo de transmitir os instintos predadores dos grandes felinos. As pintas da fêmea de leopardo, mais agressiva que as do macho, são vistas como uma representação da arquetípica mulher fatal”, explica Marnie Fogg, no livro Tudo Sobre Moda, da editora Sextante.
De acordo com a Enciclopédia da Moda, de Georgina O’Hara Callan, as peles entraram na moda na última década do século 19. Mais tarde, nos anos 1930, os primeiros tecidos estampados com padrões e cores que imitam pelagens foram criados. Porém, só entre as décadas de 1970 e 1980 que os animal prints se tornaram populares, inclusive, no segmento de roupas profissionais.
Antes disso, na década de 1960, o estilista Yves Saint Laurent lançou o primeiro de seus clássicos conjuntos safári, graças à influência da cultura africana em seu trabalho. Nascido na Argélia e tendo vivido grande parte de sua vida adulta em Marrakech, no Marrocos, o designer transformou a padronagem de leopardo em uma característica de sua grife homônima, além de difundi-la por toda a Europa.
De olho no sucesso dos animais prints de Saint Laurent, os estilistas italianos buscaram um conceito mais literal, investindo pesado nas peles, hoje símbolo da opulência siciliana. Grifes como Versace, Dolce & Gabbana e Fendi exploraram a matéria-prima sem qualquer preocupação com os tratados assinados na Convenção Sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas, em 1973. No entanto, o surgimento dos movimentos em prol dos direitos dos animais fez a popularidade deste produto cair em todo o mundo.
Para continuar explorando a exuberância da fauna na indústria têxtil, o designer Roberto Cavalli criou uma inovadora técnica de estamparia sobre couro, que foi patenteada no início dos anos 1970 e lhe rendeu encomendas de várias grifes, entre Hermès e Pierre Cardin.
Daí em diante, seja por meio de formas abstratas ou réplicas, as manchas felinas se transformaram em traços indissociáveis da estética de Cavalli. Contudo, mesmo com os esforços do estilista em retratar o glamour das peles em estampas, as padronagens passaram a ser atreladas à crueldade animal e caíram em desuso.
De volta às passarelas
Com o movimento fake-fur estabilizado na indústria têxtil, as estampas animais finalmente ganharam sua redenção perante o mercado de luxo. Sem a exibição de peles reais nas passarelas e semanas de moda, os diretores criativos se sentiram à vontade para revisitar os prints de leopardo.
Gucci, Burberry e Erdem investiram na padronagem para detalhes e acessórios, ao passo que a Off-White elegeu o grande mamífero asiático para nortear um look completo de seu pre-fall 2020. No New York Fashion Week, as manchas surgiram como uma das maiores tendências da temporada, trabalhadas em diversas produções de Prabal Garung, Khaite, Tom Ford, Willfredo Gerardo e Alexandra Popescu.
Estampa de leopardo também surgiu em acessórios e detalhes das grifes acima:
Para eles também!
Na moda masculina, a difusão da padronagem não é menos visível. Na coleção masculina da Celine, desfilada no início do mês de janeiro, a grife francesa trouxe o print em jaquetas. A presença da estampa na alfaiataria, inclusive, vem ganhando força entre os homens, como vimos no red carpet do Grammy e no street style.
Celebridades
Entre as personalidades da mídia, a estampa de leopardo também é um hit. Apenas nas últimas semanas, as cantoras Adele, Jennifer Lopez e Ashley Roberts exibiram produções norteadas pela padronagem, bem como Kate Middleton, Anne Hathaway, Kaia Gerber e Karlie Kloss.
Street Style
Na última Semana de Alta-Costura, os prints de leopardo reinaram absoluto. Entre casacos de pele e leggings, os frequentadores do evento espalharam as exuberantes estampas pelas ruas parisienses, onde até contrastes foram criados a partir da padronagem.
Beachwear
Durante o verão, a dica também se estende à moda praia. Recentemente, Jennifer Lopez, Bella Hadid, Kaia Gerber e Emily Ratajkowski mostraram que a estampa de leopardo fica ótima em biquínis, acrescentando ainda mais sensualidade aos visuais litorâneos. Até mesmo no mundo das lingeries é possível trocar peças lisas pelas manchas felinas.
Leopardo ou onça?
A esta altura, você já deve ter se convencido de usar a estampa de leopardo, mas, antes de mais nada, é necessário diferenciar a padronagem de uma muito semelhante: a clássica oncinha. As manchas presentes na pelagem da espécie típica da América do Sul têm pequenos pontos no interior de sua formação, enquanto as do felino asiático são mais uniformes, menores e não têm pintas internas. Dá uma olhada:
Colaborou Danillo Costa