O ano de 2020 está chegando ao fim com mais uma dança de cadeiras na indústria da moda. A estilista francesa Natacha Ramsay-Levi deixou a direção criativa da grife parisiense Chloé, após quase quatro anos no cargo. A mudança, informada por um comunicado à imprensa, foi efetivada nesta quinta-feira (3/12), no mesmo dia do anúncio. Por ora, a marca segue sem um novo diretor criativo e informou que encontrará um substituto “no devido tempo”.

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Saída da Chloé

O período da pandemia de Covid-19 foi reflexivo para Ramsay-Levi, que reavaliou algumas de suas prioridades e, por isso, optou por sair da marca. “Nos últimos meses de turbulência sanitária, social e econômica, pensei sobre as mudanças que quero ver em nosso setor e como melhor alinhá-las com meus próprios valores criativos, intelectuais e emocionais. É essa reflexão que me faz pensar no meu futuro de forma diferente e desejar buscar novas oportunidades”, informou via comunicado.

Ela agradeceu aos profissionais da empresa pela oportunidade de colaborar com a marca e, também, pelo apoio na decisão de deixar o cargo. “Tive o grande privilégio, com o apoio das equipes de Chloé, de expressar minha própria criatividade, enquanto reorientava a casa para o compromisso de Gaby Aghion [cofundadora da grife] com a liberdade intelectual e os valores fundamentais que unem todos nós”, compartilhou.

Na opinião do atual CEO da grife, Riccardo Bellini, a estilista trouxe uma grande contribuição à marca. Para ele, o trabalho dela girou em torno da “inteligência e o senso de missão” definidos pela fundadora da label, inaugurada em 1952. “Ela é um membro importante dessa orgulhosa tradição de mulheres que desenham na Chloé. Sua liderança criativa e sua visão escreveram um capítulo poderoso e significativo em nossa história”, afirmou o executivo, que assumiu o cargo em outubro do ano passado.

Quem é Natacha Ramsay-Levi

Natacha Ramsay-Levi ingressou na Chloé em abril de 2017, substituindo Clare Waight Keller, que havia migrado para a Givenchy. Anteriormente, a francesa trabalhou com o designer Nicolas Ghesquière na Balenciaga, onde iniciou a carreira e foi sua “mão direita”  desde 2002. Na Louis Vuitton, também ao lado do estilista, supervisionou a direção criativa da linha prêt-à-porter feminina desde 2013.

Na janela entre a Balenciaga e a LV, ela prestou consultoria para marcas como Hermès e Acne Studios. Ghesquière, segundo o WWD, prestigiou todos os desfiles de Ramsay-Levi para a Chloé na primeira fila.

Em seu trabalho na Chloé, ela explorou influências de temas como feminismo, filosofia e cinema, além de ter contribuído com um olhar mais ousado do que sua antecessora. Ela buscou conectar as necessidades reais das mulheres com as coleções de passarela.

Até seu último show para marca, na primavera/verão 2021, Ramsay-Levi chamou atenção, com uma apresentação que misturou desfile ao ar livre na frente do Palais de Tokyo e cenas digitais das modelos transitando pelas ruas parisienses.

Contribuições para a grife francesa

Ramsay-Levi deixou sua marca entre as celebridades. Só do ano passado para cá, por exemplo, ela vestiu personalidades como Gwyneth Paltrow para o Met Gala 2019, as irmãs Haim e a cantora Ellie Goulding, que usou um vestido exclusivo da Chloé para se casar com o negociante de arte Caspar Jopling.

A lista de ex-diretores criativos da Chloé reúne nomes notáveis como Karl Lagerfeld, Stella McCartney, Phoebe Philo, Hannah MacGibbon e Clare Waight Keller. A maioria desse time, como se pode ver, foi formada por mulheres. Em novembro de 2019, a marca abriu sua primeira loja no Brasil, que também foi a estreia da empresa na América Latina.

Colaborou Hebert Madeira