Movimento das lojas on-line cresce 95% na pandemia
E-commerces de moda se beneficiaram da suspensão do comércio físico e chegam ao top 20 dos sites mais acessados do Brasil
atualizado
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A pandemia do novo coronavírus originou uma crise sem precedentes na indústria têxtil. Enquanto algumas marcas aderiram ao formato delivery, outras fecharam suas portas, e lojas de departamento se tornaram démodé. Como resultado, cresceu o número de vendas do comércio digital. Um estudo desenvolvido pela empresa de consultoria Conversion, com 50 e-commerces do Brasil, aponta um aumento na audiência das lojas on-line, em média, de 51% durante o isolamento social, se comparada ao fluxo de acessos de fevereiro, mês que antecedeu o surto da Covid-19. Nos endereços de moda, esse acréscimo chega à marca de 95,27%.
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Sem ocasiões que justifiquem o uso de produções mais elaboradas, o desejo por roupas novas caiu abruptamente após o início da quarentena. Isso, somado ao fantasma do desemprego, fez o consumidor fechar a carteira para a indústria têxtil no mês de março.
À época, a Global Data, empresa especializada em dados e análises comerciais, concluiu que a moda seria o setor mais afetado do varejo, com um prejuízo estimado em US$ 297 bilhões e encolhimento de 15%.
Em meados de abril, o caos passou a ser encarado como um percalço passageiro, fazendo as pessoas retornarem às compras de roupas e calçados. De acordo com uma pesquisa feita pela Coresight Research nos EUA, 60% dos entrevistados passaram a investir mais nos e-commerces do que no período que antecedeu o distanciamento.
Quase três meses após a suspensão do comércio físico nas principais metrópoles do mundo, os números são mais otimistas para o varejo digital. Uma pesquisa da BounceX, empresa de tecnologia voltada ao marketing, identificou que as vendas de produtos de moda voltaram a disparar, principalmente no segmento de loungewear.
As vendas da marca de lingeries Hope, por exemplo, subiram 400% nos meses que sucederam a pandemia, graças às interações on-line. “As pessoas estão procurando peças mais casuais e confortáveis neste momento. Nossa linha de athleisure também aumentou bastante”, destacou Sandra Chayo, diretora de marketing e estilo do Grupo Hope, em uma live feita no Instagram da revista Vogue Brasil.
A etiqueta não foi a única a observar saltos no fluxo de compras virtuais. Na avaliação divulgada pela Conversion na última segunda-feira (08/06), os segmentos de eletrônicos (136,72%), vestuário (95,27%), casa (85,39%), pet (65,56%) e alimentação (61,40%) apresentaram altas consideráveis em suas audiências. Apenas o setor de turismo apresentou queda, com um movimento 79% menor.
“A pandemia acelerou fortemente os e-commerces e vai criar uma nova corrida pelas vendas on-line”, sinalizou Diego Ivo, CEO da empresa de consultoria, no levantamento. Entre os sites mais acessados do Brasil no mês passado, a Dafiti aparece em 11º lugar, com 17,760 milhões de visitas, e a Riachuelo figura em 16º, com mais de 12 milhões de conexões.
A Farfetch, espaço comercial dedicado às labels de luxo, afirmou que o volume de negócios subiu 46% em comparação ao mesmo período de 2019. O total das receitas obtidas pela empresa chegou a US$ 331 milhões, valor 90% maior que no ano passado. Para a companhia, os dados registrados no primeiro trimestre de 2020 “demonstram a força da plataforma na indústria” e que isso os deixa “bem capitalizados” para o resto de 2020.
Na Zara, as vendas on-line cresceram 95% em abril. O Inditex, grupo que detém a rede de lojas, está destinando US$ 1 bilhão ao impulsionamento do comércio eletrônico. Com o gesto, a holding espera que as interações digitais respondam a 25% de suas transações até 2022.
Um investimento de US$ 1,7 bilhão ainda será feito na atualização dos pontos físicos da etiqueta espanhola, para que os mesmos se integrem melhor ao e-commerce. “Nosso principal objetivo é acelerar a implementação de nosso conceito integrado, impulsionado pela oferta de um serviço ininterrupto”, afirmou Pablo Isla, CEO do grupo, em comunicado.
Os resultados nas plataformas digitais são animadores, mas isso não significa que a indústria têxtil está a salvo. As interações comerciais via internet prometem ser apenas um reconforto em um momento tão preocupante quanto o que enfrentamos. A previsão dos especialistas é de que o segmento só comece a se recuperar em 2021, após uma drástica reformulação nas ações de marketing.
Colaborou Danillo Costa