Modelos plus size e trans se manifestam contra a Victoria’s Secret
Comentário recente de Ed Razek gerou indignação na internet, e os apelos por um casting mais diversificado são recorrentes
atualizado
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A inclusão tem se tornado cada vez mais uma pauta recorrente no mundo da moda. É tempo de diversidade e não há mais espaço para propagação de velhas práticas, estereótipos e padrões irreais de beleza. No entanto, a Victoria’s Secret insiste em um casting sempre igual: com modelos altas e magras.
Não bastasse a falta de representatividade, recentemente, o diretor de marketing da empresa, Ed Razek, durante entrevista à Vogue, soltou comentários preconceituosos. Em resposta, modelos plus size e trans criticaram a postura do representante da marca.
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Ao ser questionado sobre a relutância da grife em selecionar modelos plus size e transgêneros, Ed Razek se expressou de uma forma ultrapassada. “Não acho que teremos esse tipo de modelo, porque esse show é uma fantasia. São 42 minutos de entretenimento”, comentou.
Não demorou para a repercussão negativa vir à tona. A modelo Leyna Bloom foi ao Instagram para questionar a afirmação. “Se você apoia isso e esta marca, você apoia a transfobia e é parte do problema no mundo. O ódio causou muitos problemas, mas ainda não resolveu nenhum.”
Em abril deste ano, a própria Leyna Bloom lançou uma campanha no Twitter para se tornar a primeira mulher trans a ser escalada para o Fashion Show da marca. Há cinco anos, mais de 50 mil pessoas assinaram uma petição pedindo à VS que contratasse a modelo transsexual Carmen Carrera, mas o pedido também foi ignorado pela label.
Carmen Carrera se manifestou contra o comportamento e a falta de inclusão da Victoria’s Secret. “Suas vendas estão em constante declínio desde 2016 e espero que mudem isso em breve. Se eles estão prontos para uma mudança positiva com um grande impacto, eles sabem onde me encontrar”, escreveu.
A modelo plus size Tabria Majors também rebateu a declaração do executivo. “Então, Ed Razek, você tentou fazer um desfile plus size há 20 anos e não funcionou? Se ainda não entendeu, #bodypositivity está aqui para ficar. Tente de novo.”
Entre as personalidades que repudiaram a fala de Razek, também está Amanda Lepore. No Facebook, a modelo trans se posicionou. “Enquanto a Victoria’s Secret acha que as modelos trans ou plus size não atendem aos seus padrões, seus produtos na verdade não atendem aos meus padrões. Então, está tudo bem”, disparou.
Depois das críticas, pelo Twitter da marca, Ed Razek tentou se retratar. “Minha declaração sobre não incluir modelos transgênero no desfile da Victoria’s Secret foi insensível. Peço desculpas”, afirmou. O executivo disse, ainda, que a VS pretende criar projetos para esses públicos. “Para dizer a verdade, nós vamos selecionar modelos transgênero para o show. Nós nunca tivemos modelos trans em nossa seleção, mas a questão não é o gênero, elas só não chegaram lá”.
Please read this important message from Ed Razek, Chief Marketing Officer, L Brands (parent company of Victoria’s Secret). pic.twitter.com/CW8BztmOaM
— Victoria’s Secret (@VictoriasSecret) 10 de novembro de 2018
Outro exemplo é a modelo Madeline Stuart. Com síndrome de Down, ela também tem vontade de fazer parte do casting da VS. Em uma entrevista com a Teen Vogue, Madeline afirmou ser esse o seu “maior sonho”. Vale destacar que a australiana se tornou a primeira modelo profissional do mundo com a síndrome e arrasou nas semanas de moda internacionais deste ano.
Algumas angels da marca, como Lily Aldridge e Karlie Kloss, já se declararam a favor das modelos transgênero e plus size. Neste ano, Winnie Harlow foi a primeira pessoa com vitiligo a participar do desfile anual da grife. No entanto, ainda há um longo caminho para percorrer.
Enquanto as clientes clamam por mais diversidade e a Victoria’s Secret ignora, as consequências já são sentidas. A label teve uma queda significativa de vendas no último semestre e enfrentou rumores de que estaria à beira de uma possível falência. Os investimentos caíram mais de 10%, de acordo com balanço divulgado pela L Brands, controladora da marca.
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Colaborou Rebeca Ligabue