Modelo confirma cancelamento do Victoria’s Secret Fashion Show
Após executivos da marca suspenderem a transmissão do evento na TV, Shanina Shaik afirmou que a atração não vai acontecer neste ano
atualizado
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Pela primeira vez desde sua criação, em 1995, a Victoria’s Secret não realizará o famoso Fashion Show. Anualmente, a marca americana reunia performances musicais e um forte elenco de modelos para apresentar a nova coleção. Gisele Bündchen, Alessandra Ambrosio e Adriana Lima estão entre as brasileiras que foram destaque na passarela. Ser uma angel era símbolo de sucesso.
Hoje, a marca está obsoleta. Enquanto o mundo demandava por mais diversidade, os desfiles da Victoria’s Secret permaneceram dentro dos antigos – e já defasados – padrões de beleza.
Ainda em maio, o presidente executivo da L Brands, holding que detém a etiqueta, anunciou que a atração não iria ao ar na televisão. Agora, uma das participantes do show, a modelo Shanina Shaik, confirmou ao jornal inglês The Daily Telegraph que o icônico desfile anual da label foi cancelado.
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Shanina desfilou para a grife de lingeries em 2014, 2015 e 2018. A modelo alegou que a empresa busca novas formas de realizar os lançamentos de suas coleções.
“Infelizmente, o Victoria’s Secret Show não vai acontecer neste ano. É algo que não estou acostumada, porque todo ano, por volta desta época, eu treino como uma Angel, mas tenho certeza que, no futuro, algo vai acontecer. Eles estão tentando trabalhar na marca e em novos caminhos de fazer o desfile, pois é o melhor show do mundo”, disse.
A notícia, no entanto, não chega como uma surpresa, já que a companhia enfrenta duras críticas pela falta de diversidade em seu casting.
“Decidimos repensar o tradicional Victoria’s Secret Fashion Show. Olhando para frente, não acreditamos que a televisão seja a opção certa. Estamos pensando em um novo tipo de evento”, afirmou Les Wexner, presidente da L Brands, em memorando enviado a seus funcionários há alguns meses.
Embora o cancelamento do evento represente o fim de uma era de extrema importância para a moda, em meio ao clima de inclusão e representatividade que o universo fashion vive, os corpos esbeltos e magros das angels já não são tão idealizados como em outros tempos.
Em novembro do ano passado, o diretor de marketing da empresa, Ed Razek, deu uma entrevista desastrosa e problemática para o site da Vogue, onde expressou intolerância a modelos plus size e pessoas trans.
A declaração incendiou ainda mais o ânimo dos consumidores. Há meses, eles exigiam mais diversidade nos desfiles e nas peças publicitárias da label. Isso culminou na renúncia de Jan Singer, o então executivo-chefe da companhia.
Após a saída do dirigente, esperava-se alguma novidade, mas o contrário aconteceu.
Mesmo anunciando o fechamento de dezenas de pontos físicos, com prejuízo considerável nos rendimentos do último trimestre de 2018 e perda de 1,7 milhão de espectadores no último Victoria’s Secret Fashion Show, a empresa apresentou Barbara Palvin e Alexina Graham como pupilas, apenas enfatizando o estereótipo trabalhado pela marca desde que foi fundada, há mais de duas décadas.
A gigante do underwear ainda lidera a participação no mercado americano, com mais de 24% das vendas, mas sua fatia do bolo diminui a cada mês, ao passo que marcas recém-lançadas registram rápidas evoluções comerciais por responderem melhor aos anseios das consumidoras.
A Savage X Fenty, que oferece lingeries para todos os shapes e idades, ilustra bem essa movimentação. Desde o lançamento da marca, há um ano, os varejistas dos Estados Unidos e do Reino Unido aumentaram a produção de estilos inclusivos em 34%, de acordo com a Edited.
“Eles estão finalmente entendendo que é preciso haver uma representação maior de tamanhos nos produtos e na publicidade”, observou a empresa, em comunicado ao Fashion United.
O empreendimento de Rihanna também sinalizou uma busca por mudanças nas modelagens. Na marca da estrela de Barbados, os sutiãs push-up, hit absoluto da Victoria’s Secret, representam apenas 6% do consumo, enquanto bralettes e sutiãs triangulares compreendem 42% dos produtos adquiridos na Savage.
Enquanto pesquisas apontam um crescimento de US$ 20 bilhões no segmento até 2024, a label das angels se recusa a entender a mudança no comportamento das compradoras. Como resultado, a empresa acaba de perder sua grande vitrine.
A esperança é que a baixa seja apenas uma pausa para que a marca coloque a diversidade em suas entranhas. Pelo menos é o que esperamos!
Colaborou Danillo Costa