Marcas investem em roupas que reduzem o calor da menopausa
Etiquetas europeias oferecem peças com tecnologias que equilibram a temperatura da pele durante as incômodas ondas de calor
atualizado
Compartilhar notícia
O fim do período fértil feminino, chamado menopausa, é marcado por alguns desconfortos. As ondas de calor, ou fogachos, estão entre as principais queixas. Não é à toa que a ideia de fazer roupas que ajudam a combater essas sensações seja tema de extrema relevância tanto pra moda quanto para o universo feminino. Afinal, a menopausa costuma surgir entre os 45 e 50 anos, mas pode vir antes dos 40, de forma precoce. Algumas marcas estão se movimentando para criar roupas com tecnologia que ameniza a sensação incômoda. Entre elas, estão as europeias Become, Cucumber Clothing e Fifty One Apparel.
Vem comigo conhecer!
Become
A etiqueta britânica Become foi lançada em 2016 e oferece uma gama de opções para mulheres de todas as idades, especialmente aquelas que vivenciam a menopausa. Segundo informações do site oficial, as roupas diminuem o impacto das ondas de calor e dos suores noturnos decorrentes dessa fase da vida.
Batizado Anti-Flush, o tecido absorve a temperatura da pele no calor e a devolve ao corpo quando está frio, garante a marca. A mistura de “fios complexos” tem uma textura sedosa e leve. Para garantir ainda mais conforto, as peças não têm costura. O catálogo inclui camisolas, roupas íntimas, camisetas, entre outros itens. Segundo o jornal The Guardian, as vendas aumentaram 213% em 2019.
“Muitas vezes, a menopausa é vista como um momento em que as mulheres relaxam ou quando deixam de ser vistas como sexy ou descoladas. A Become pensa diferente”, defende a etiqueta.
Outro diferencial é a tecnologia antiodor, que impede a ação das bactérias por meio de uma camada antimicrobiana. Os produtos são testados pelos institutos alemães Hohenstein e Climate, ambos voltados para estudos sobre umidade e vestuário. O melhor? O e-commerce da Become entrega no Brasil.
Cucumber Clothing
Lançada em setembro de 2017 por Nancy Zeffman e Eileen Willett, a Cucumber Clothing tem como objetivo garantir o frescor dia e noite. No caso desta outra marca inglesa, a tecnologia que controla o calor é a 37.5. O número que batiza a coleção voltada para a menopausa representa a temperatura central ideal do corpo em graus Celsius.
A label explica que o tecido tem minerais vulcânicos que ajudam no processo. Quando vem o calor, as partículas ativas do material eliminam o suor ainda na forma de vapor, antes de se transformar em líquido, permitindo que a pele esfrie. Já quando vem o frio, as mesmas partículas são responsáveis por reter a temperatura do corpo, ajudando a aquecê-lo. Sustentável, ele permite que a pele respire. Para completar, é lavável, não amassa e seca rapidamente.
A marca é uma pequena startup que fabrica 100% das peças na Inglaterra e prioriza acabamentos, embalagens e extras produzidos no Reino Unido. A única exceção é o material das roupas, importado devido à falta de opções locais que se encaixem nos padrões da empresa.
Fifty One Apparel
Fundada por Louise Nicholson, a história da Fifty One Apparel começou na Islândia. Mesmo morando em uma região fria, uma amiga da empresária usava apenas jeans e camiseta, pois sentia calor e transpirava. Foi quando surgiu a ideia de criar uma coleção de vestuário adaptável para o fogacho.
Nas roupas, a marca utiliza uma tecnologia desenvolvida pela Nasa que se chama Outlast, feita para proteger os astronautas das variações de temperatura.
O tecido usa fios celulósicos e funciona de forma parecida com os dois anteriores, reagindo de acordo com as mudanças de temperatura para equilibrá-la.
Com selo de aprovação Certified Space Technology, o material usa um sistema de “microencapsulamento”. Essa tecnologia pode ser usada de diferentes formas, incluindo calçados e acessórios. No Brasil, já é comercializada para outras finalidades e é trabalhada pela empresa de tecelagem Santaconstancia.
Mais sobre o assunto
A menopausa é a interrupção permanente das menstruações. Acontece, normalmente, entre os 45 e 50 anos. Para anunciar a sua chegada, a mulher vive um período chamado de climatério, quando o organismo passa por transformações devido à redução progressiva de alguns hormônios. Se você é adepta à série Supermães, da Netflix, sabe do que se trata.
Na fase inicial, a fisiologia feminina passa por alterações, incluindo as ondas de calor, chamadas de “fogacho”. “Esses sintomas vasomotores são sensações transitórias súbitas que se iniciam na parte superior do pescoço e sobem em direção à face e a cabeça. Duram de alguns segundos a vários minutos, e podem estar associados à transpiração, muitas vezes intensa”, explica a ginecologista e obstetra Adriana Gualda Garrido.
Os sintomas não param por aí. De acordo com a médica Karina Tafner, também especialista na área, o frio vem depois do calor. “Os calafrios ocorrem por que há uma grande perda de calor com rápida queda da temperatura corporal, causando uma leve hipotermia”, frisa.
“Os fogachos podem acometer até 3/4 das mulheres e podem iniciar nos anos que precedem a menopausa. Na maioria das vezes, dura dois ou três anos, mas a maior parte das mulheres sente somente no primeiro ano”, completa a especialista.
Relato
A manicure Meire de Sousa Santos, de 60 anos, chegou à menopausa mais cedo. Aos 39 anos, precisou retirar o útero e começou a fazer reposição hormonal, o que ajudou a reduzir as ondas de calor. “Se eu parar, vem tudo de novo, é horrível. Não é um calor constante, ele vem e vai, é mais na cabeça, do ombro para cima. Você fica suada, é muito chato”, reclama.
“Não adianta a roupa ser de alça ou se estou no ar condicionado. Sinto do mesmo jeito. O rosto fica todo vermelho. Quando passa o calor, sinto frio”, relata. Para ela, é um alívio saber que já existem roupas que ajudam a reduzir essa sensação.
A moda caminha para diminuir o desconforto do fogacho, mas o tratamento mais recomendado são as atividades físicas, controle do estresse, orientações nutricionais e acupuntura. A reposição hormonal é um opção, mas ainda surge como tema polêmico entre os médicos mais conservadores.
Colaborou Hebert Madeira