Loungewear em alta: vendas da Hope crescem 400% no isolamento
Grande parte da indústria têxtil sofre com o impacto econômico da pandemia, mas segmento de pijamas e lingeries apresenta avanço expressivo
atualizado
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Recentemente, em entrevista à coluna Ilca Maria Estevão, o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecções, Fernando Pimentel, afirmou que, embora o setor viva um momento desesperador, alguns de seus segmentos têm ido bem em meio à pandemia. Além do ramo de roupas hospitalares, citado por ele como exemplo, o loungewear tem alcançado bons resultados durante o isolamento social. Prova disso é o crescimento de 400% nas vendas da etiqueta Hope, famosa no varejo brasileiro por suas lingeries e pijamas minimalistas.
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Sandra Chayo, diretora de marketing e estilo do Grupo Hope, revelou o dado durante live feita no Instagram da revista Vogue Brasil, na semana passada. “As pessoas estão procurando peças mais casuais e confortáveis neste momento. Nossa linha de athleisure também aumentou bastante, e essa tendência veio para ficar”, destacou a executiva na ocasião.
A moda já apontava para um mood acolhedor, mas a crise acelerou a movimentação, segundo pontuou a diretora. “Temos de levar em consideração o que os clientes vão querer comprar a partir de agora, o que será importante e relevante. As pessoas não vão continuar consumindo como antes”, avaliou Sandra.
No mês de março, com a pandemia instalada nas maiores metrópoles do mundo, o desejo por roupas foi substituído pela vontade de estocar alimentos e itens de proteção individual. Isso, somado ao fantasma do desemprego, fez o consumidor fechar a carteira para a indústria têxtil.
Chegamos ao final de abril e o aparente “apocalipse” já é encarado como percalço passageiro, o que tem feito as pessoas retornarem às compras. De acordo com pesquisa feita pela Coresight Research nos EUA, 60% dos entrevistados compraram mais na segunda semana de abril do que no período que antecedeu a quarentena.
Um estudo da BounceX, empresa de tecnologia voltada ao marketing, identificou que as vendas de produtos de moda voltaram a disparar, principalmente no segmento de loungewear.
O levantamento feito pela companhia, entre os dias 13 e 19 de abril, com cerca de mil e-commerces, constatou que o comércio de roupas íntimas aumentou 69% em comparação com a semana anterior. “É um subproduto de estar em casa”, explica Ryan Urban, fundador e CEO da BounceX, ao WWD.
Segundo a empresa de marketing Edited, as vendas de pijamas, chinelos e tricôs nos EUA subiram 13% em relação a março do ano passado. Na Adore Me, marca de lingeries que compete com a Victoria’s Secret, o sutiã mais vendido perdeu seu posto de best-seller para um pijama.
No Reino Unido, a tradicional multimarcas Browns viu suas vendas de loungewear dispararem 70% em comparação às duas semanas anteriores, ao passo que etiquetas como Yummie, Commando, Lively e Figleaves também seguem embaladas pelo movimento desde a última semana de março, registrando alta crescente nas vendas.
Apesar de a etiqueta íntima Okko ter reduzido seu orçamento de publicidade em 50%, as vendas da label aumentaram 20% em abril. “Os clientes são atraídos por estilos suaves e aconchegantes”, frisa Kate Fitzsimons, analista de ações da RBC Capital Markets, ao veículo.
Até mesmo no mercado de luxo, o movimento é sentido pelas etiquetas. A saída de roupas de dormir na The Sleep Shirt aumentou em 65% desde 1º de março, em comparação com o mesmo período de 2019. O número de novos clientes também cresceu 41%.
“Nosso produto realmente parece estar em ressonância com o público no momento. É o tipo de roupa que você obtém conforto durante uma reunião no Zoom sem parecer que, de fato, está de pijama”, diz Alexandra Suhner Isenberg, fundadora e diretora criativa da The Sleep Shirt.
Para Kris Mobayeni, vice-presidente assistente da BounceX, um dos motivos para esse comportamento é o fim da insegurança que algumas pessoas tinham de consumir on-line. Com os pontos físicos fechados, muitos clientes descobriram e aderiram à comodidade do comércio digital.
Colaborou Danillo Costa