Louis Vuitton encerra Paris Fashion Week com inspirações vintage
Depois de os anos 1980, 1990 e 2000 invadirem as ruas, é a vez de a década de 1970 ganhar uma nova chance nas passarelas
atualizado
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Como de costume, a Louis Vuitton encerrou o Paris Fashion Week, nessa terça-feira (01/10/2019), com uma marcante apresentação. Diferentemente das últimas temporadas, em que investiu em um mood mais futurista, o diretor criativo da linha feminina da grife, Nicolas Ghesquière, apostou em um clima emotivo e nostálgico, com uma coleção setentista inspirada pela Belle Époque.
Vem comigo!
Encerrar o Paris Fashion Week pode soar como um privilégio, mas, na prática, é algo bem arriscado. Após um mês inteiro de semanas de moda internacionais, os editores especializados já não aguentam mais ver modelos passando diante de seus olhos e, provavelmente, estão mais preocupados com seu voo de volta para casa.
No entanto, mesmo a Louis Vuitton tendo marcado o show uma hora mais tarde do que o habitual, a apresentação de primavera/verão 2020 da grife francesa não soou como algo cansativo.
A tenda de plástico e a pequena arquibancada erguida no pátio do Louvre revelaram uma ambientação um tanto simplória para os padrões da maison, mas tudo fez sentido quando as luzes se apagaram e o clipe da canção It’s Okay To Cry, da cantora britânica Sophie, tomou uma tela que se estendia por todo o fundo da locação.
Feito em colaboração com o diretor francês Woodkid, o vídeo traz um pôr do sol nublado que se transforma em uma dramática tempestade. “É como uma serenata pós-moderna”, disse Ghesquière sobre a trilha sonora à Vogue.
A artista ao fundo do desfile, inclusive, chamou atenção tanto quanto o novo trabalho de Nicolas. A imagem da escocesa hipnotizou os convidados, que saíram inquietos da apresentação se perguntando quem era a intérprete que deu o tom emotivo do evento.
Nascida em Glasgow, a cantora não binária de 33 anos faz sucesso entre o público alternativo por questionar os padrões de gênero em suas obras. Antes de se lançar no mercado fonográfico, em 2015, a artista produziu músicas para Madonna e Charli XCX.
“Abraçar a ideia essencial de transgeneridade muda tudo, porque significa que não existe mais uma expectativa baseada no corpo em que você nasceu, ou como sua vida deveria ser, ou como ela deveria acabar. Modelos tradicionais de família e estruturas de controle desaparecem”, afirmou a artista em entrevista à revista Paper.
Dos seios de Sophie saíram os looks da nova coleção da Louis Vuitton, marcada por criações vintage que flertam com os anos 1970 e o final do século 19. “Foi um momento de emoção e tremenda mudança. Naquela época, a casa começou a se tornar global. Este trabalho é sobre revisitar os primórdios da marca”, explicou Nicolas ao WWD.
Para abrir o show, Ghesquière elegeu uma alfaiataria marcada por misturas de estampas, mas logo o mix deu lugar aos prints psicodélicos retirados de vitrais da Art Nouveau, mangas bufantes e colarinhos amplos.
Em um território amplamente explorado por Miuccia Prada e Anna Sui, o diretor da Louis Vuitton conseguiu dar uma visão diferenciada a essa estética, que tem ganhado força por causa do filme Era Uma Vez em Hollywood, de Quentin Tarantino.
Os vestidos finalizados com babadores plissados pareciam ter saído direto do longa, assim como as camisas estilizadas com pulôveres com estampas em zigue-zague. Entre as saias, as modelagens tulipa e em camadas reinaram absolutas, ao passo que a combinação de vestido de renda com calças boca de sino surgiu com frequência na apresentação.
Os ombros marcados, colarinhos arredondados e golas altas também brilharam no show, bem como os corsages (orquídeas presas na lapela que representam refinamento e elegância). Nos acessórios, atual menina dos olhos da casa francesa, havia bolsas arredondadas com o monograma da grife e peças que imitam fitas VHS. Entre os calçados, os mocassins com estampas futuristas se descaram perante as criações vintage que nortearam o compilado.
Ao final do desfile, Ghesquière entrou para receber os aplausos da plateia, que contou com as animadas Catherine Deneuve, Alicia Vikander e Chloë Grace Moretz. As atrizes comemoram o trabalho com empenho, sugerindo que, entre as estrelas, a coleção já é um hit.
Por falar em celebridades, o cantor Justin Timberlake foi atacado por um espectador quando chegava ao desfile. Acompanhado da mulher, a atriz Jessica Biel, o americano foi agarrado pelas pernas pelo ucraniano Vitalii Sediuk.
Conhecido por se passar por jornalista para se aproximar de celebridades, o homem tentou beijar Will Smith, em 2012; confrontou Brad Pitt durante uma sessão de autógrafos, em 2014; e agarrou Gigi Hadid, que deu uma cotovelada na cara dele para que o mesmo se afastasse.
Colaborou Danillo Costa