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Isabela Capeto abre o coração em entrevista exclusiva

Estilista recebeu a coluna em sua casa, no Rio de Janeiro, onde falou sobre carreira e o cenário da moda atual. Vem comigo!

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Brasília(DF), 17/07/2018 Entrevista Isabela Capeto Local: Rio de Janeiro Foto: Hugo Barreto/Metrópoles
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Conhecida e admirada por seu talento, Isabela Capeto sempre demonstrou que a força de seu trabalho é uma extensão de sua personalidade. Nascida e criada no Rio de Janeiro da década de 1970, a estilista desprendeu-se do lar brasileiro, aos 19 anos, para viver sozinha uma experiência em Florença, na Itália. A aventura definiria sua carreira no cenário da moda para sempre.

Da adolescência aos dias atuais, muitas águas rolaram, mas a essência de sua marca continua a mesma: produzir uma moda substancialmente autoral, sustentável, livre de rótulos clichês e muito feminina.

Tendo isso em mente, o estilo inconfundível de suas peças ultrapassou as barreiras nacionais e, com o tempo, alcançou novos admiradores em outros 49 países. No entanto, para que todo esse patrimônio tivesse reconhecimento, a profissional teve de lutar para exercer sua liberdade criativa e, posteriormente, superar grandes adversidades.

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Para começar, em 2008, Isabela vendeu sua marca para o grupo InBrands, seguindo o grande fluxo de estilistas que buscavam gestão eficiente, produtos de qualidade e retornos financeiros sólidos. A experiência não deu certo e, como ela mesma declarou, teve de “pagar caro” para ter o controle de sua label novamente.

Em março deste ano, um incêndio no seu ateliê, localizado em Botafogo, fez com que ela perdesse computadores, documentos, mais de 600 moldes de roupas em papel, rolos de tecidos, aviamentos e máquinas de costura, restando apenas uma sala com peças icônicas da marca, lançadas nos últimos anos. Das cinzas do empreendimento, Isabela decidiu que o episódio não afetaria seu trabalho. A estilista acabou criando um editorial no próprio ambiente.

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Para compartilhar um pouco a respeito de sua história, a profissional abriu as portas de seu apartamento luxuoso, localizado no tradicional bairro do Flamengo. Sob uma vista privilegiada do Pão de Açúcar, Isabela narrou detalhes de sua trajetória, revelou suas principais inspirações e falou quais são as principais dificuldades da indústria atualmente. A estilista também contou sobre seus planos futuros e falou do trabalho da filha, que parece estar seguindo os passos da mãe.

Quer saber mais? Então, vem comigo conferir a entrevista completa!

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Como foi sua infância? Moda é algo que te acompanha desde criança?
Minha infância foi ótima. Éramos muito caseiros e me lembro que, nos aniversários, eu e meus irmãos mais novos escolhíamos o tema das festas. Era divertido, porque todos nós desenvolvemos nessa época essa coisa manual, influência no meu trabalho até hoje. Já com a moda, sempre foi algo natural. Vivia pegando roupas do meu pai e adaptava para o meu guarda-roupa. Adorava rebordar as calças dele e me vestir de um jeito diferente.

Você se formou em moda pela Accademia Di Moda, em Florença. O que mais aprendeu nesse tempo e carrega com você até hoje?
Para mim, foi fundamental essa viagem, porque sempre morei no Rio. Florença é como se fosse um pequeno museu, um lugar lindo, com mil exposições e coisas acontecendo. E me trouxe uma liberdade, porque eu tinha 19 anos. Além das amizades feitas, que duram até hoje. E a Itália tem essa coisa da alta-costura, do handmade. Volto uma vez ao ano para reencontrar os amigos.

O que você considera ser o seu diferencial?
Existem tantas lojas sem identidade, copiando o que está “em alta”. A Isabela Capeto tem personalidade e não é nada comercial. Nosso DNA é bem definido porque temos uma história com o bordado e com a aplicação. Ao mesmo tempo, somos uma marca bem feminina, colorida e sustentável. Nem faço mais coleções pensando em estações do ano. Produzo pacotes de roupas e lanço quando quero. Então é uma marca bem livre, e ficou mais ainda depois que a comprei de volta.

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Antes de abrir sua própria marca, onde você trabalhou?
Em vários lugares. Maria Bonita, Maria Bonita Extra, Amor Perfeito, Lenny e nas fábricas de estamparia Fluminense e Bangu. Fiz tudo isso durante 15 anos e sempre trabalhei como assistente de estilo. Depois desse tempo, resolvi ter meu próprio negócio.

Como foi o momento que você decidiu abrir sua marca?
Comecei bem pequenininha, customizando jaquetas. Quando vi, era um sucesso. A primeira loja que abri foi dentro de uma sala de uma amiga minha. Ela tinha um escritório e peguei uma salinha lá. Depois, fomos para a Gávea, aí montei outra loja no Leblon. Posteriormente, inaugurei um estabelecimento na Dias Ferreira e outro em São Paulo, na Consolação.

Foi nessa época que seu nome começou a fazer sucesso internacional? Como você conseguiu fazer essa transição para outro mercado?
Eu tinha um agente internacional chamado Robert Forest. Ele já conhecia minhas peças e me chamou para vendê-las nos Estados Unidos. Minha roupa tem esse diferencial, que é a brasilidade, e esse estilo conquistou o pessoal de fora.

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Como aconteceu a fusão com a InBrands e porque você acha que não deu certo?
A InBrands quis comprar a minha marca e eu vendi. Junto com eles, abri uma loja no Iguatemi e eles insistiram muito para abrir também uma na Daslu. Eu era supercontra, achava que não tinha nada a ver. A Daslu era legal, mas para um tipo muito particular de público, bem distante da minha marca.

Não deu certo por vários motivos. Eles eram muito caretas. Na verdade, nunca entenderam a minha marca e eu me iludi. Na época, todo mundo tinha a esperança de que a InBrands funcionasse como um desses grandes conglomerados, como a LVMH, e não era bem assim.

Depois disso, como você fez para ter o controle da grife novamente?
Recomprei minha marca depois de cinco anos. Passei por muitas lutas e assumi uma dívida gigantesca. Vivi durante seis anos com as compras malfeitas deles. Aí o país entrou em crise e só depois desse tempo consegui pagar tudo e voltei a fazer os desfiles pouco a pouco.

Quando comprei minha marca de volta, fechei todas as minhas lojas. Fiquei só com a de Ipanema. Um ano atrás, abri um estabelecimento no Leblon e estava com o ateliê no Humaitá. Em março, esse ateliê pegou fogo e fiquei sem nada de novo. Mas a gente tem de se reerguer. Trouxe o trabalho aqui para casa, mas é complicado porque estamos vivendo um momento muito difícil no país.

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Quais são as principais dificuldades que a Isabela Capeto empresária enfrenta atualmente?
Confecção. Ter boas costureiras e bordadeiras. Porque matéria-prima você pode fazer um truque, inclusive tem gente que usa muito material importado, mas achar uma boa mão-de-obra é algo mais complicado.

Acha que, no atual cenário do país, fazer desfile vale a pena?
É algo muito caro. Você só consegue fazer com patrocínio. Desfile é sempre legal porque gera bastante mídia e traz conteúdo. Mas, hoje em dia, os custos são altos. No entanto, é bacana olhar suas roupas num conjunto.

Você trabalha com encomendas? Cria vestidos personalizados ou, se alguma pessoa quiser, recriaria uma peça antiga?
Não aceito encomendas. Tenho pavor (risos). Acho “caidaço”. Não vou fazer coisas antigas, posso até readaptar e fazer de outra maneira. Vestido de noiva também é uma coisa bem cansativa. O pior são as mães e as amigas. É uma coisa muito difícil, mas já tive a sorte de fazer para muitas mulheres com personalidade e que confiam no meu trabalho, isso facilita muito.

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Você desenvolveu linhas com a rede de fast-fashion C&A. Como foi esse processo?
Desenvolvi cinco linhas com a C&A, não tive dificuldade alguma. Gosto muito de trabalhar com esse mercado popular, porque eles são muito profissionais. Faria mais 10 coleções com eles, porque sabem o que fazem e confiam muito na pessoa contratada.

Também produzi uma linha para a Puc (marca da Hering) e foi espetacular. De modo geral, gosto muito de parceria. Já trabalhei para a Malwee, fiz lata para papel higiênico da Neve, filtro Melitta, adesivei carro da Mercedes. Essa diversidade me interessa e é uma maneira bacana de eu ver outras pessoas, de um poder aquisitivo mais baixo, poderem usar minha marca. Ter a oportunidade de desenvolver uma roupa com a minha cara e o meu estilo em larga escala me interessa bastante.

O que te inspira na hora de criar? Já produziu uma coleção pensando em alguma personalidade?
O cotidiano me inspira muito. Se tenho a oportunidade de viajar, melhor ainda, mas também sou influenciada por livros, museus e até mesmo num encontro com pessoas. Faço as roupas pensando em mim e no que gostaria de usar. Admiro diversos indivíduos no mundo da moda, mas não desenvolvo meu trabalho em cima de ninguém específico.

A Francisca, sua filha, parece estar seguindo seus passos. Como está sendo esse processo criativo entre mãe e filha?
Ela está fazendo faculdade de moda na PUC e curte muito pintar. Vejo ela comprando second hand e vendendo para as amigas. Ela está experimentando e testando. Já fez umas camisetas e vendeu na loja. Acho o maior barato.

Quais são seus planos para o futuro?
Na atual situação do Brasil, acredito que os planos são indecifráveis. Este ano tem sido muito complicado. A crise tem feito várias lojas e estabelecimentos conhecidíssimos aqui do Rio fechar as portas. A gente tem de fazer de tudo para não deixar a cabeça afundar dentro d’água.

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Confira a nova coleção de Isabela Capeto na galeria:

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