Indya Moore é a primeira modelo trans a estrelar capa da Elle USA
Além de modelo, ela é atriz e ficou conhecida pelo trabalho na série Pose, produzida pelo canal FX
atualizado
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Entre erros e acertos, o universo fashion serve de palco para a diversidade, a liberdade de expressão e tantas outras quebras de barreiras, tanto no nível social quanto no político. Prova disso é que, apenas nos últimos meses: vimos surgir novos estilos nas passarelas; Kim Kardashian redefiniu o conceito do “corpo ideal”; e Harry Styles deu o que falar quando apareceu no tapete rosa do Met Gala usando brinco de pérola, os mamilos à mostra e um belo salto alto. Para completar, o glamour deixou de ser chique e abriu espaço para a moda do luxo esportivo.
É claro que as mudanças não param por aí e vão muito além das roupas! Agora, é a edição de junho da Elle norte-americana que muda a história da moda e do mundo: pela primeira vez estampará, na capa da revista, uma pessoa trans, a top Indya Moore.
Vem comigo saber mais!
Indya se reconhece como não binária (ou seja, não se identifica totalmente como mulher nem como homem), mas aceita ser chamada no feminino. Aos 24 anos, é modelo, atriz, ativista e tem um currículo com trabalhos para grifes como Louis Vuitton, Gucci e Dior.
Ficou conhecida principalmente pela atuação na série Pose, em que interpreta Angel Evangelista – uma mulher trans que se prostitui em busca de sobrevivência. Para humanizar a personagem, usou a própria experiência de vida.
Dirigida por Ryan Murphy, a serie estreou no ano passado, e a atuação no papel rendeu mudanças na vida pessoal de Indya: foi um marco para que voltasse a falar com a própria família, que não entendia a mudança de gênero. Desde então, a mãe da atriz passou a aceitá-la como transexual.
Na entrevista à Elle, a atriz contou que durante a adolescência sofreu violência e abusos sexuais, além de ter sido chantageada em troca de dinheiro. “Eu não compreendia o que era tráfico sexual naquela época”, lamentou.
Embora a carreira como atriz e modelo esteja deslanchando, reconhece que as dificuldades têm um grande peso.
“Não sei me divertir, não sei qual é o meu restaurante favorito. Quando estou com pessoas conversando sobre o dia delas, penso: ‘O que elas poderiam estar falando? Como não estão falando sobre a desconstrução da supremacia branca agora? Como não estamos tentando salvar as pessoas trans?’.”, declarou Indya na entrevista. “Não sei quem eu sou quando não estou pensando em tentativas para ser livre e encontrar segurança para mim e outros como eu”, complementou.
O shooting para a revista teve styling by Evan Jourden e looks da Saint Laurent, Versace, Dior, Michael Kors e Valentino. Os cliques são de Zoey Grossman.
Confira!
Indya atribui o próprio sucesso à luta das minorias por visibilidade, respeito e inclusão. E levanta outra bandeira: pelo fim do que chama de “apropriação de identidade” – quando atores héteros (que se identificam com o próprio gênero), interpretam trans.
“É violento quando um grupo privilegiado se apropria de uma experiência com a qual eles não se importam, para lucrar”, destacou a modelo ao jornal O Globo.
Vencer obstáculos não é novidade para Indya. Neste ano, a modelo também se tornou a primeira mulher trans a participar de uma campanha da Louis Vuitton. Na ocasião, apareceu ao lado de personalidades como Sophie Turner, Chloë Moretz, Michelle Williams e Ruth Negga.
Colaborou Rebeca Ligabue