Gabriella Constantino fala sobre moda e nova fase do Pretty New
O e-commerce de seminovos está com um novo showroom. Cheia de estilo, a brasiliense comenta a trajetória e as preferências no mundo fashion
atualizado
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A prática de garimpar peças de grifes famosas por valores mais acessíveis está se tornando cada vez mais comum. Além de oferecerem preços menores, os brechós de luxo dão novo ciclo de vida aos produtos. Lançado em 2014, o e-commerce de seminovos Pretty New ficou conhecido por popularizar a proposta na capital e caiu no gosto das fashionistas. Recentemente, a empresa entrou em uma nova fase: inaugurou um novo showroom, na QL 10 do Lago Sul.
O Pretty New comercializa roupas e sapatos, mas 60% do acervo são acessórios. Selecionados a partir de uma curadoria com verificação de autenticidade, os itens têm assinatura de marcas renomadas, como Chanel, Louis Vuitton, Dior, Gucci, Hermès, Burberry, Celine e Prada.
Por trás do negócio, está a brasiliense de 28 anos Gabriella Constantino. Visionária, juntou a vontade de empreender com uma paixão antiga: a moda. Aqui, ela fala sobre o conceito de second-hand luxury, consumo consciente, estilo e peças-desejo.
Vem comigo!
Ainda adolescente, Gabriella fez curso de personal stylist na Central Saint Martins, em Londres, Inglaterra. Aos 17 anos, passou um mês em Milão, na Itália, e estudou no Instituto Marangoni. É formada em International Business, espécie de administração voltada para os negócios.
Ela também adora viajar: coleciona experiências e inspirações. Na hora de montar o look, sempre começa pelo sapato. Gabriella aposta em um estilo casual, que une referências vintage com elegância. Além disso, defende que cada pessoa deve se vestir com liberdade, sem seguir padrões.
No Pretty New, Gabriella também desenvolveu o projeto Share Love. A iniciativa destina R$ 10 de cada produto vendido no e-commerce à uma instituição de caridade. A cada ano, a brasiliense escolhe uma para ajudar mensalmente.
Em entrevista exclusiva, você vai saber um pouco sobre as convicções da brasiliense, além de detalhes sobre a trajetória de cinco anos de Pretty New:
Você sempre foi ligada à moda? O que te influenciou a gostar?
Sempre amei moda. Quando eu era mais nova, já pensava em fazer algo ligado a isso… talvez ter a minha marca ou ser designer. Eu gostava muito, mas não sabia se tinha criatividade suficiente para ser estilista, porque, querendo ou não, é sempre uma coleção nova. O que me influenciou foi um mix de referências colhidas em viagens, lojas que visitei, estéticas que vi.
Formação:
Eu sabia que queria trabalhar com moda, mas não tinha interesse em ser estilista. Senti que a faculdade de moda seria muito voltada para isso, então acabei estudando International Business, em Londres. Morei quatro anos lá, seis meses em Paris e seis meses em Florença. Foi muito produtivo. Londres me aproximou ainda mais da moda. Lá, aprendi a ser eu mesma e a vestir o que eu quisesse, sem me importar com a opinião dos outros.
Como surgiu a ideia de criar um brechó de luxo? Você já tinha o costume de arrematar peças?
Sempre senti a necessidade de fazer alguma coisa em que eu pudesse atingir a vida das pessoas de alguma forma. Sentia que era muito pouco ter só uma marca, que eu não ficaria realizada. Uma época eu pensei em ter uma marca de sapato, porque sou obcecada por sapato (risos), mas buscava um cunho social. Em Londres, eu já frequentava o circuito de brechós e estava sentindo esse movimento.
Além disso, sempre gostei de garimpar, ter peças exclusivas e fugir do óbvio. Vivo pegando itens da minha mãe e da minha vó para compor minhas produções. Então, basicamente, voltei ao Brasil em 2014 e, poucos meses depois, minha cunhada, à época minha sócia, vislumbrou a ideia de criar um brechó. Sugeri que fosse on-line e esse foi o início de tudo.
O que valorizo no Pretty New é a oportunidade de ver uma pessoa que não teria condições de comprar uma bolsa de grife na loja, conseguir ter acesso. Aqui, ela pode adquirir por menos da metade do preço e ainda parcelando. É muito bacana isso.
Por que você quis investir em um empreendimento on-line?
Porque sempre comprei on-line e sentia que isso era o futuro. Atualmente, toda loja, mesmo física, tem de ter um e-commerce. Digo que o Pretty New não é uma loja, é um showroom, uma guide shop. Nosso foco é o digital. Atender todo o Brasil, não só Brasília.
Como é feito o processo de seleção dos itens?
Basicamente, as pessoas entram em contato. Pelo nosso site, já é possível fazer um cadastro e colocar fotos do produto. Também dá para fazer pelo WhatsApp, por e-mail ou ir ao showroom. A gente faz uma pré-avaliação e, na sequência, mandamos uma sugestão de valor. Se o cliente aprova, normalmente, já manda as peças.
Aqui, conferimos para ver se o produto realmente está em bom estado. Porque se apresentar algum dano, mau cheiro ou parecer muito usado, retornamos. O próximo passo é verificar a autenticidade. Em seguida, o item é higienizado e fotografado. Por fim, é feito o cadastro e colocamos no site. O processo todo leva uma semana até ficar disponível para compra.
Cuidados:
Eu pesquiso muito e tudo que chega ao Pretty New passa por mim e pela equipe. Se tiver qualquer coisa suspeita sobre a peça (o mercado das réplicas perfeitas é muito forte hoje em dia), a gente prefere não receber.
Agora, o Pretty New está em uma nova fase. Como foi o processo de inauguração do novo showroom?
Fomos crescendo aos poucos. No começo, eu trabalhava em casa e armazenava as peças lá mesmo, porque elas ficam em consignação. Depois, senti a necessidade de ter um espaço onde as pessoas pudessem ver os itens pessoalmente. Então, aluguei uma sala pequena na QI 13 e me adequei, mas era realmente bem apertadinho. Ficamos lá durante dois anos e meio. Aí surgiu a oportunidade de mudar para um espaço maior. Tudo está centralizado aqui: estúdio, estoque, equipe administrativa e nossa área de trabalho.
Quais foram os itens mais especiais que já passaram pelo Pretty New até o momento?
Sou muito fã das peças vintage, são únicas e incríveis. Mas é óbvio que as pessoas amam modelos como Birkin e Kelly, da Hermès, que são bolsas superexclusivas. Os itens mais clássicos e atemporais normalmente chegam e já saem. Vendemos muito rápido. Em geral, peças de luxo passam de geração para geração, não são descartáveis.
Já aconteceu de você gostar tanto de uma peça a ponto de levá-la para o seu guarda-roupa?
Eu me seguro muito, mas acontece. Por exemplo, este cinto que estou usando chegou aqui. Todo mundo me pede ele, mas nem coloquei à venda. Foi um achado e fiquei apaixonada. A questão do meu consumo mudou muito depois que comecei a trabalhar nesse segmento, porque passei a ver o tanto que as pessoas compram por impulso.
Como você avalia o consumo das brasilienses?
Quando comecei, acho que elas tinham muito mais preconceito. Eu não gosto de usar a palavra “brechó”, porque acho que, no Brasil, o termo tem um significado um pouco pejorativo, remete a um monte de coisa entulhada. Normalmente, uso “e-commerce de seminovos”. Acho que brechó era visto como uma coisa negativa pelos brasilienses e pelos brasileiros como um todo. Mas vejo uma grande mudança, a demanda só cresce.
As pessoas ainda têm vergonha de dizer que compraram em brechó, por isso temos uma política de privacidade. É muito nítido que há uma mudança positiva. Tem muita gente que compra e divulga, acho muito legal.
Como você se encontrou como empreendedora? Teve o apoio da família desde o início?
Foi uma coisa natural, já que sempre tive vontade de empreender. Minha família me apoiou muito. Sei que não tem como satisfazer todo mundo, mas realmente tento oferecer um serviço de qualidade para todas as pessoas que vêm aqui.
Sobre ela
Como você definiria o seu estilo?
Me considero bem básica, mas gosto de acessórios impactantes. Se você vier aqui em um dia comum, vou estar de jeans, tênis e camiseta. No máximo, uma camisa com um blazer por cima. Eu gosto de ter um toque diferente. Por exemplo, usar vários colarzinhos ou um cinto legal para dar uma elaborada no visual.
Quais são as suas marcas preferidas? Por quê?
Isso vai mudando de acordo com o que o designer faz. A gente vê marcas que estão se reinventando. A Versace, por exemplo, estava esquecida e voltou com tudo no último semestre. Para mim, uma grife atemporal é a Chanel. Eu amo! Acho que, independentemente de quando for, se você usar uma bolsa da Chanel, vai estar bem.
Você é fundadora de um brechó de luxo. No seu guarda-roupa, também tem espaço para marcas acessíveis?
Sim. Mas tomo muito cuidado com o processo de produção das marcas. Adoro fast fashion, mas com todas as notícias que vejo envolvendo trabalho escravo e infantil, ou peças que acabam poluindo muito o meio ambiente, tenho ficado mais atenta na hora de comprar. Também observo a importância das marcas apostarem em missão e transparência. Através do Pretty New, a gente também levanta essa bandeira, de consumir menos, de poluir menos… porque entendemos o ciclo de vida de uma peça.
Quais são as peças coringas do closet?
Uma Chanel clássica é essencial, funciona em todas as ocasiões. Para mim, um jeans de cintura alta, uma camiseta branca e bons acessórios, como um sapato interessante ou brincos legais. Eu poderia andar todos os dias assim e me sentiria incrível e elegante.
O Pretty New tem uma equipe formada por cinco pessoas, dividida em comercial, financeiro, marketing, fotografia e gerência de e-commerce. Gabriella faz de tudo um pouco. O showroom funciona em horário comercial, de segunda a sexta-feira.
No site, é possível encontrar peças seminovas de mais de 170 grifes. A lista é extensa e inclui Dolce & Gabbana, Yves Saint Laurent, Jimmy Choo, Valentino, Victoria Beckham, Louboutin, Marc Jacobs, Ralph Lauren, Cartier e Balenciaga. Entre as etiquetas, também estão as brasileiras Magrella, Patricia Bonaldi, Pedro Lourenço, Cris Barros e Isolda.
Veja algumas opções:
Colaborou Rebeca Ligabue