Estilista Eduarda Galvani fala como a pandemia impactou o mercado de noivas
Em entrevista à coluna, a gaúcha contou detalhes sobre a trajetória no segmento. Atualmente, os atendimentos on-line foram potencializados
atualizado
Compartilhar notícia
A pandemia do novo coronavírus gerou impactos em toda a indústria fashion. Um dos setores mais afetados é o de noivas. Afinal, milhares de casamentos foram adiados. O segmento está em busca de alternativas para que as mulheres prestes a subir ao altar continuem tendo a oportunidade de escolher vestidos para a data especial. No caso da estilista Eduarda Galvani, que trabalha nessa área há cerca de seis anos, os atendimentos on-line foram potencializados. Em entrevista à coluna, a gaúcha contou detalhes sobre a trajetória como designer e explicou como a marca vem lidando com as mudanças necessárias.
Vem comigo!
A ligação de Eduarda Galvani com a moda começou na infância e tem uma forte influência da família. Desde cedo, teve contato com trabalhos manuais e sempre estimulou o lado criativo. Para ela, a profissão representa laços afetivos e verdadeiros.
“Minha avó materna tinha um ateliê de tingimento e sempre trabalhou com vestido de noiva e festa. Ela recebia peças, principalmente vestidos de noiva, em que as clientes gostariam de tingi-las e transformá-las em vestidos de festa. Também muitos tecidos em fibras naturais, que minha avó tingia para serem transformados. Então, sempre vivi nesse universo, desde pequena, e cresci imaginando nos vestidos que esses materiais iriam se transformar”, lembra a designer.
Desde criança, Eduarda tem um carinho especial por vestidos e os relaciona a um universo de sonhos e de histórias. “Desde pequena fazia rabiscos e esboços de vestidos, mas foi aos 15 anos que desenhei o meu primeiro vestido. Junto à minha tia-avó, costureira de noivas há muitos anos, produzimos a peça”, conta. A partir daí, começou a desenvolver peças para si mesma e amigas.
Ao resolver investir na carreira de designer, Eduarda começou uma graduação em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Depois de um semestre, foi estudar na capital britânica, passando pelas renomadas St. Martins e London College of Fashion. Voltou ao Brasil e passou pelas áreas de compras e estilo da Renner. Após quatro anos na empresa, a estilista decidiu que estava na hora de ter o próprio empreendimento, voltado para criações sob medida. A label Eduarda Galvani Atelier foi criada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Ao longo dos anos, a marca virou referência no cenário nacional, mas o sucesso aconteceu de forma gradual. “Montei o ateliê de produção em casa mesmo, no quarto que era do meu irmão. De lá até hoje, tudo foi crescendo organicamente”, afirma.
“Sempre vi como uma forma de negócio, como uma empresa, e tive muita vontade de crescer e construir algo real, que conta histórias, que seja fiel aos clientes e profissionais envolvidos. Minha equipe é constituída de pessoas que amam o que fazem, e que possuem a mesma visão que eu. Isso me deixa mais encantada e mais motivada a crescer cada vez mais”, completa a designer.
A pandemia causou mudanças, mas não impediu que o trabalho da grife continuasse. “Já realizávamos atendimento on-line, por conta de clientes que moravam em outros estados. Durante a quarentena, expandimos para todas as nossas clientes, desde as que já estavam em processo de desenvolvimento até as novas”, destaca a estilista. “Por meio das plataformas digitais, fazemos reuniões de briefing, planejamento, apresentação de croqui e conversas semanais”, esclarece Galvani.
Confira as principais partes da entrevista:
Quais são as tendências mais atuais para noivas? As preferências vêm mudando ao longo dos anos ou os clássicos se mantêm?
Acredito que existem diversos tipos de noiva: a moderna, a minimalista, a romântica, a clássica e a “over”. Isso se reflete nos vestidos. As tendências aparecem de acordo com o estilo de cada noiva.
Podemos observar uma onda de estéticas que vêm surgindo e, com mais frequência, as noivas estão adeptas a vestidos minimalistas, tecidos nobres, fibras naturais e alguns mais encorpados, silhuetas mais marcadas, entre outras. As mangas bufantes também apareceram forte nas últimas temporadas, assim como os laços. Detalhes que fazem referência à estética mais antiga, de vestidos de época. Algo mais clássico e que deixa o vestido feminino e empoderado.
As rendas delicadas estão super em alta, trazendo o lado romântico da noiva. Principalmente as rendas com folhas e flores. Mangas mais soltinhas, feitas em tule, estão bem presentes. Inclusive, esse tecido é outra tendência. As capas vêm ganhando força, sendo uma outra opção, além do clássico véu de noiva.
Qual foi a peça mais icônica ou simbólica que você já desenvolveu para uma noiva?
Várias. Todas que remetam a alguma lembrança e que tenham uma história incrível por trás se tornam icônicas para mim. Uma delas foi um vestido de noiva que preparamos a partir da renda francesa que era da avó da cliente, guardada por mais de 50 anos. Tivemos uma história recente, em que a mantilha foi toda bordada com desenhos de tulipas, em homenagem ao pai da noiva, falecido havia pouco tempo. Ele sempre dava de presente à filha, nossa cliente, esta flor. Foi especial o processo de criação da peça!
Como é sua relação com as clientes? Elas interferem muito no processo criativo?
A nossa relação com as clientes é sempre próxima, acaba se transformando em amizade. Todo o processo é uma construção entre nós, um trabalho a quatro mãos. Para mim, faz sentido elas se envolverem no processo. E faz muita diferença, já que são elas que têm o sonho e desejam realizá-lo. Nós procuramos combinar de forma muito sinérgica o DNA do nosso ateliê, que traz sofisticação e elegância, com a essência e desejo de cada cliente. Elas gostam de participar e sempre acaba fluindo bem, deixando a relação leve.
Como a pandemia do novo coronavírus interferiu no seu negócio? Quais medidas foram tomadas?
Nosso setor foi um dos mais afetados. Todos os eventos, festas e casamentos foram adiados. Além disso, serão os últimos a retornarem ao normal, durante os processos de flexibilização da quarentena. Está sendo um superdesafio nos adaptarmos à nova realidade.
Estamos fazendo de tudo para que as noivas mantenham a calma, tentando tranquilizá-las o máximo que conseguirmos, incentivando que continuem com os sonhos delas. Estamos trabalhando bastante com as noivas de 2021 e 2022, fazendo atendimentos on-line. Ferramenta que usávamos anteriormente, por conta dos atendimentos que faço em São Paulo, mas que acabamos ampliando por conta da pandemia. Um retorno legal é que as clientes estão gostando e se adaptaram a esse novo atendimento.
Futuro
Por enquanto, não há previsão para que cerimônias e festas voltem a acontecer, mas Eduarda Galvani se mantém otimista em relação ao futuro. “Todos os casamentos do primeiro semestre foram adiados, tínhamos noivas em quase todos os fins de semanas. Os casamentos de agosto e setembro também já começaram a ser adiados. Acredito que a partir de outubro e novembro os eventos irão começar a ser normalizados e voltarão”, aposta.
Atualmente, o ateliê desenvolve peças por encomenda e também produz coleções periódicas. Além de vestidos de noivas, a designer cria peças para debutantes e festas em geral. O contato com a grife pode ser feito via Instagram, pelo e-mail comercial@eduardagalvani.com.br, ou pelos telefones (51) 3239-6338 e (51) 99718-9528.
Colaborou Rebeca Ligabue