Entenda a polêmica por trás das capas da Vogue Brasil de maio e junho
A primeira desagradou ao público; a segunda, uma edição colaborativa, valoriza a moda nacional
atualizado
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O momento atual pede por uma renovação de crenças e valores. O mundo como conhecíamos há cinco meses já não existe. Estamos passando por um processo de readaptação, estabelecendo novas rotinas, reavaliando conceitos antigos, além de enfrentando grandes mudanças no estilo de vida e de comportamento. O que era considerado padrão ou normal ficou para trás, ou, provavelmente, nunca existiu. Por essas e outras questões, a escolha da Vogue Brasil em dar Gisele Bündchen na capa da edição de maio, acompanhada da frase “o novo normal”, pareceu insensível e repercutiu de forma negativa. Após duras críticas, a revista antecipou o lançamento da edição de junho com um novo posicionamento.
Vem comigo saber mais sobre o caso!
Para celebrar os 45 anos da revista no país, a Vogue Brasil apostou em duas opções de capa. Ambas foram protagonizadas por Gisele, uma das personalidades brasileiras de maior reconhecimento internacional.
Dona de uma beleza que sempre foi considerada “acima do padrão”, a modelo usou roupas de luxo das grifes Prada e Chloé. Parecia um equívoco que alguém consideraria este como o novo normal, principalmente por estarmos vivendo em meio à pandemia de coronavírus. Enquanto o mundo se adapta à nova realidade, a Vogue parece ter dado um passo fora dela.
A polêmica tomou conta da internet e a Vogue Brasil, que compartilhou a capa com a legião de seguidores no Instagram, justificou-se: “Começamos a debater – entre nós e com especialistas de diversas áreas – como seria o ‘novo normal’ pós-pandemia. Acreditamos que os excessos e exageros ficaram no passado e o less is more será um lema global”, explicou, associando a história de Gisele com a crise de saúde pela qual o mundo passa.
Em seu perfil no Instagram, Gisele Bündchen também fez uma publicação sobre a capa da edição de maio. “O momento de reclusão nos faz, de alguma forma, reavaliarmos nossas vidas. É um convite a rever nossas prioridades e valores. A vida nos deu um chacoalhão e nos fez olhar não só para dentro de nós mesmos, mas para como agimos e nos relacionamos com o outro”, pontuou.
Na mesma mensagem, Gisele conta que o ensaio fotográfico foi clicado antes do período de isolamento, pelas lentes de Luigi e Lango. As fotos em preto e branco tiveram edição de moda de Pedro Sales, e beleza de Luigi Murenu e Georgi Sandev. No entanto, prevalece a ideia de que, se a revista tivesse tido sensibilidade com o momento atual, adiaria a publicação deste editorial.
Letícia Santhana, conhecida como Lelê Santhana, é uma das leitoras que se manifestaram publicamente. Fundadora do Portal das Modas, a jovem de 19 anos expressou a sua decepção em um vídeo de cinco minutos, intitulado Carta Aberta à Vogue Brasil.
“Por mais que vocês já tenham errado inúmeras vezes, eu custei a acreditar ”, introduziu. Na postagem, a idealizadora do portal também cita sobre outras publicações de moda. “Os veículos devem agir com extrema responsabilidade, sensibilidade com a vida e os canais de moda não ficam de fora dessa”, complementou.
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Atualmente com mais de 350 mil visualizações, o vídeo recebeu vários elogios. Nomes da moda brasileira também se pronunciaram. O estilista Alexandre Herchcovitch e André Boffano apoiaram a publicação da jovem.
O fotógrafo de moda Léo Faria reagiu aos comentários dos diretores criativos. Entre os 3 mil comentários, o idealizador da SPFW, Paulo Borges, também refletiu sobre a nova geração da moda.
Capa de junho
Para o mês que vem, a Vogue Brasil buscou inspiração no álbum Para Todos, de Chico Buarque, lançado em 1993. A capa icônica do disco musical do cantor brasileiro serviu para a publicação estrelada pela modelo Emilly Nunes, ao lado de rostos que constroem a cadeia da moda, como maquiadores, costureiras, fotógrafos, estilistas, camareiras, assistentes e agricultores. Dedicada à valorização da moda brasileira, a nova publicação surge em edição colaborativa, enfatizando “Para Todos – a união faz a força da moda nacional”.
Na conta oficial da revista no Instagram, capas digitais estão sendo divulgadas enquanto a revista não chega nas bancas e em grandes mercados do país, que serão abastecidos em junho. Em uma delas, assinada pelo diretor criativo Giovanni Bianco, a palavra “moda” aparece com um curativo em fundo branco.
“Estamos todos feridos. Eu cuido da moda brasileira como cuido de mim. Quando pudermos voltar à rotina, voltaremos bold”, explicou Bianco. O carioca dedica sua visão à moda desde 1994. É reconhecido por trabalhos com Madonna, Miu Miu, Dasquared2 e a Vogue Italia.
A iniciativa também inclui capas protagonizadas por Caroline Trentini e Rita Carreira, por exemplo. Algumas versões exploram elementos artísticos e conceituais. Entre os colaboradores, estão nomes como Maurício Ianês, Zee Nunes, Daniel Hernandez, José Lino de Souza e Rafael Pavarotti, além do duo de fotógrafos MAR+VIN.
Confira na galeria outras opções de fundo para a versão digital da Vogue Brasil:
Enquanto o mundo da moda desacelera, fashionistas se adaptam às modificações no comportamento de compras, se reinventam e não deixam de se informar. Mais do que nunca, buscam referências relevantes e coerentes, cobrando posicionamento das principais publicações e marcas do setor, diante da pandemia do coronavírus. Consequentemente, a capa de maio da Vogue Brasil não agradou e o público reagiu. É tempo de mudança!