Em entrevista exclusiva, Cris Barros fala sobre a carreira na moda
Além de revelar segredos sobre sua trajetória, a estilista conta como conquistou o mercado fashion com estilo singular. Vem comigo!
atualizado
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Se você é ligada no universo fashion, com certeza já ouviu falar no nome Cris Barros. A designer paulistana fundou a marca homônima em 2002 e, desde então, brilha em publicações de moda. Suas peças tornaram-se queridinhas das maiores celebridades brasileiras.
Ela já tinha experiência quando decidiu montar a própria marca, mas ainda assim encarou várias adversidades. Contudo, a união de um DNA bem definido e a materialização de uma identidade feminina, atemporal e moderna serviu como base para o sucesso do negócio. Atualmente, ela comanda um e-commerce e sete lojas próprias – três em São Paulo, duas no Rio de Janeiro, uma em Curitiba e, a mais recente, em Brasília.
Vem comigo saber mais!
A bagagem profissional de Cris é fruto de muito trabalho. Aos 17 anos, a estilista, que até então era modelo, formou-se em desenho de moda pela Universidade Anhembi Morumbi e especializou-se no ramo fashion, com mestrado no Instituto Marangoni, em Milão.
Por lá, trabalhou com o estilista francês Stephan Jason, profissional conhecido por ter feito parte da equipe de ninguém menos que Yves Saint Laurent. Quando voltou ao Brasil, integrou o time de Renato Kherlakian, na Zoomp, e trabalhou como relações-públicas de marketing e imagem.O desejo de abrir uma loja na capital sempre esteve nos planos de Cris, mas, por causa da personalidade paciente e meticulosa, ela preferiu esperar o timing perfeito. E não havia melhor momento que o atual para a marca se estabelecer como uma das principais grifes de luxo do Brasil.
Os negócios, comandados em conjunto com a irmã, Daniela Verdi, e o cunhado, Luís Felipe Verdi, geraram conquistas ao longo dos anos. Além de desenvolver uma coleção com a Riachuello, em 2010, Cris foi a única brasileira a ter peças expostas na célebre Colette, em Paris. Isso sem falar na capacidade criativa que a fez produzir bolsas personalizadas para a marca Nívea e desenhar embalagens para produtos Johnson & Johnson.
Em entrevista exclusiva, você vai conferir um pouco sobre a personalidade da paulista, além de curiosidades sobre a trajetória e a vida pessoal.
Quais são as memórias que você guarda do começo da carreira?
São tantas. Lembro do meu mestrado em Milão, quando comecei a trabalhar como estagiária do Stephan Janson. Quando enviei meu portfólio ao Renato Kherlakian (proprietário da Zoomp), ele me respondeu dizendo que, embora tivesse adorado o meu trabalho, naquele momento não havia vaga aberta na área de criação. No entanto, Kherlakian estava precisando de alguém com um olho especial para trabalhar com marketing. O salário era bom, eu tinha 23 anos e aceitei a proposta.
Qual foi sua primeira campanha na marca?
A primeira campanha pela qual fui responsável foi com o Mario Testino e a Carine Roitfeld. Na época, eles formavam a melhor equipe de moda do mundo. Eu tinha várias responsabilidades e a sensação foi fantástica. O Renato confiou em mim e aprendi muito lá. Abri a cabeça e adquiri uma visão global do funcionamento de uma marca, em termos de produção, marketing, finanças e lojas.
Ao mesmo tempo, me senti um pouco distante do que realmente queria fazer: ser estilista. Nunca havia parado de criar minhas próprias roupas e vendê-las para amigas próximas. Assim, em agosto de 2002, finalmente decidi lançar a minha marca. Estava confiante, pois conhecia muito bem a indústria da moda no Brasil.
Como foi o começo da carreira como empreendedora?
Não foi fácil, como qualquer novo negócio, mas sempre tive o apoio incondicional de minha irmã, Dani Verdi, e do meu cunhado, Luís Felipe Verdi. Eles embarcaram nesse sonho comigo. Hoje, fazemos uma sociedade ótima, com perfis que se complementam, cada um em uma área da empresa. Com certeza, são parte essencial do sucesso da marca, assim como todo o restante da equipe.
Você participa de todo o processo de criação e produção?
Sim. Desde a criação do conceito da coleção, como o desenvolvimento das peças, escolha de matéria-prima, inúmeras provas de roupa, lookbooks, projetos especiais, etc.
Você se definiria como uma workaholic?
O segredo do sucesso profissional, ou de pelo menos fazer algo bem, é viver a sua vida! Se você só trabalhar, onde encontrará inspiração?
Como é a sua rotina?
Depende muito do estágio em que está a coleção, mas normalmente passo o dia em prova de roupa e reuniões sobre a coleção. No fim da tarde, por volta de 17h30, faço as encontros de marketing, estratégia, financeiro, novos projetos, etc.
Como define o estilo da marca? E o seu estilo próprio?
Trabalho com a paixão e a emoção. Quando crio uma peça, gosto de imaginar que consigo transportar as pessoas para um universo específico. A marca é espontânea, muito feminina e está em constante evolução, no sentido de sempre tentar me superar a cada nova coleção. Me questiono constantemente sobre novas formas, tecidos, conceitos, moodboards e como conservar a minha equipe inspirada.
Para manter todos sempre envolvidos, o processo de ir fundo na construção da linha é muito importante para poder continuar inovando. Felizmente, sei quem sou e do que realmente gosto.
Quando estou em uma prova de roupa, sempre me pergunto: gosto mesmo dessa peça? Desejo ter esse item? Para se sobressair, é preciso conhecer a si mesma, caso contrário, você começa a caminhar na direção errada.
Como foi a experiência de abrir uma loja em Brasília?
Brasília sempre foi um desejo nosso. Logo que abrimos a loja em São Paulo, um ano depois, a gente começou a vender por aqui. Era uma vontade das clientes também. Elas viviam falando “vem para cá, vem para cá”. Então, era um sonho, mas a gente gosta de fazer um crescimento mais lento, até porque pensamos na produção das roupas, para poder ter qualidade e exclusividade.
Então, sempre foi assim, abrir uma loja a cada dois anos, uma coisa tranquila. E, agora que finalmente cheguei em Brasília, estou muito feliz.
Você acha que há alguma diferença do público brasiliense para as mulheres de outras cidades?
Eu não consigo enxergar a mulher tão regional assim, porque acho que atualmente as coisas mudaram. A comunicação alcança tanta gente. As brasileiras, como um todo, buscam peças atemporais de qualidade.
O mundo inteiro entrou em crise. Então, as pessoas não querem vestir coisas descartáveis. Quando você compra uma peça, quer que ela dure por bastante tempo. Não precisa ser algo tão preso à moda do momento. Nisso, você começa a atender as nossas clientes. Elas realmente entendem a importância de investir em um produto de qualidade, que estará presente no armário por muito tempo e, às vezes, poderá até ser passado para uma filha.
Qual foi a concepção da coleção que desembarcou em Brasília?
Nasci em São Paulo e minha alma é completamente paulista. A cidade está em um momento incrível, passou por muita transformação. Antes, as pessoas enxergavam o local como cinzento. Porém, tem gente do Brasil inteiro, muitos jovens e coisas acontecendo. Além disso, o momento cultural também é fortíssimo. Se você estudar a arquitetura paulista da década de 1940 e misturar com o que está acontecendo hoje, gera uma combustão.
Toda a coleção foi olhando para o dia de hoje, para a força cultural de São Paulo. A cidade tem uma grande energia. Resolvi produzir nessa linha, que acabou muito colorida.
Você tem vontade de desenvolver algo para o público masculino?
Eu amo desenhar para o público feminino. Para os homens, o máximo que me aventurei foi numa coleção para crianças de 2 a 14 anos. Foi engraçado porque coincidiu com o nascimento do meu sobrinho. Vivia me perguntando: “Como vou vestir esse moleque?”. Aí, começamos a fazer umas roupas pensando no Luca, e foi isso.
Você tem alguma musa inspiradora?
Tenho minha avó como musa. Óbvio, há algumas atrizes que acho incríveis, como Jacqueline Bisset e Charlotte Rampling. Mas não trabalho em cima disso. Inspiro-me no meu momento e na vida. Crio pensando em pessoas próximas, passeios pelas ruas e amigas em geral. Essa troca para mim é muito viva e importante.
Qual foi o ultimo livro que você leu?
Acabei de ler uma tetralogia da Elena Ferrante, uma escritora italiana. Simplesmente o máximo.
Quais são suas marcas preferidas?
Faço quase tudo que tenho, então, a Cris Barros acaba sendo a minha marca preferida, sempre (risos).
Confira mais detalhes da loja na nossa galeria:
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Até a próxima!