Em Brasília, Daniela Falcão fala sobre marcas do DF e redes sociais
A CEO das Edições Globo Condé Nast conversou com a coluna durante sua passagem pelo 2º Brasília Cidade Design, na última semana
atualizado
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Um dos nomes mais influentes da moda nacional, a jornalista Daniela Falcão, CEO das Edições Globo Condé Nast, fez uma breve passagem pela capital federal na última sexta-feira (16/08/2019). Ela foi uma das palestrantes do 2° Brasília Cidade Design, que ocupou o Conjunto Cultural da República entre os dias 13 e 17 deste mês. Sua apresentação teve como tema a forma que a editora global se adaptou para revistas como Vogue e Glamour sobreviverem à era digital. Minutos antes da palestra, a coluna teve a oportunidade de conversar com a comunicadora sobre marcas de Brasília, redes sociais e a próxima edição do Vogue Fashion’s Night Out, que desembarca no Distrito Federal no dia 26 de setembro.
Vem comigo!
Nascida em Salvador, na Bahia, e criada no Rio de Janeiro, Daniela é formada em comunicação social pela Universidade de Brasília (UnB). Ao longo da carreira, foi correspondente da Folha de S. Paulo em Nova York, subeditora da revista do Jornal do Brasil e diretora-geral da TRIP e da TPM.
Em 2005, assumiu a direção de redação da Vogue Brasil, cargo que ocupou até 2016. Naquele ano, passou cuidar da direção-geral dos títulos Vogue Brasil, Casa Vogue, Glamour Brasil e GQ. Já no início de 2017, tornou-se diretora-geral da Globo Condé Nast. Daniela compôs todas as listas BoF 500, do Business of Fashion, desde 2013.
Além de guardar boas memórias da capital, como compartilhou em post no Instagram, ela destaca marcas atuais como Dobe, Diáspora009 e Abi Project, como trunfos da capital. Confira a entrevista:
Tem alguma marca de Brasília que é a aposta da Vogue no momento?
Ficamos muito impressionadas duas temporadas atrás com o conceito da Dobe, uma marca que é genderless e trabalha muito com camisetas, exatamente pela modernidade de tentar trazer uma moda sem gênero, sempre com tons sóbrios. Eles participaram do Veste Rio, que é uma feira que fazemos.
Tem também a Diaspora009, marca da Lia Santos, uma pesquisadora negra. Ela atuava na UnB com questões raciais, e dava muita consultoria para pessoas que queriam fazer indumentárias inspiradas na África em cinema, teatro… E resolveu lançar uma marca própria, utilizando todas as tradições africanas em roupas do dia a dia. Ela fez um desfile lindo no Veste Rio na temporada passada. Foi uma grata surpresa. Como a Diaspora009, deve ter um monte de marcas interessantes que só precisam ter um palco.
Ainda sobre Brasília…
Já fizemos algo que tenho muita vontade de repetir, que era um circuito de Brasília no qual visitávamos várias lojas, sobretudo no Lago Sul. Conhecíamos estilistas emergentes e multimarcas que tinham etiquetas locais.
Não é uma novidade, mas admiro o trabalho da Nathalia Abi-Ackel [com a Abi Project]. Acho que ela é super versátil, muito além do que só acessórios, e tem feito parcerias incríveis. Ela é meio internacional, de todos os lugares. Acho que Brasília poderia ter uma moda mais bold. A cidade tem essa geometria toda e a Nathy sabe usar de uma forma muito criativa toda essa coisa do cerrado, do Planalto Central.
Você tem alguma novidade para nos adiantar sobre o Vogue Fashion’s Night Out deste ano?
Estamos começando a trabalhar muito ativamente nele agora. Em 2019, infelizmente, será apenas um dia. Mas queremos que tenha a mesma quantidade de conteúdo que teve nos anteriores. Tem uma turma bastante animada vindo. Já sei alguns nomes, no entanto, não sei se estão confirmados, então não posso falar ainda, além da equipe da Vogue. Sempre tivemos essa vontade de trazer uma blogueira, um estilista, uma lenda da moda… Haverão surpresas.
Também farão o evento para anunciar as novidades desta edição, como o do Planetário, na última vez?
Não sei se por conta de ser um evento menor, vai ser uma coisa tão grande. O que estamos querendo trazer é uma programação que não para. A mesma quantidade de conteúdo que tinha em dois dias, em um dia só.
Como as revistas da Globo Condé Nast estão se adaptando à mudança do Instagram, com o fim dos likes, e redes sociais como o TikTok, que está em ascensão? Vocês estão trabalhando nesse sentido?
Em relação ao Instagram ocultar os likes, nos beneficiamos disso, porque somos um veículo de mídia. É muito fácil passar os meus dados, eu sou confiável. Estamos esperando, inclusive, que haja um direcionamento de investimentos que estavam sendo feitos só com blogueiras, venha para os veículos de mídia também – desde que você tenha um Instagram forte, e nós temos. A Glamour tem 1,3 milhão de seguidores; e a Vogue, 2,3 milhões.
Quanto ao TikTok e outras plataformas, está todo mundo apostando qual será o próximo Instagram. As pessoas torcem muito, às vezes, para que uma rede social saia e outra continue. Mas continuamos com o Facebook, por exemplo. O TikTok ainda é um algo muito jovem. Se algum dos nossos veículos vai começar a dialogar com a comunidade de lá será a Glamour, é o único que eu vejo uma sinergia possível.
Você acha que a ascensão das influenciadoras digitais têm contribuído com a diminuição das revistas impressas?
Acho que não tem nada a ver com as influenciadoras digitais, tem a ver com o digital e as revistas que não conseguiram estabelecer uma maneira de passar seu conteúdo em outras formas que não fosse só o impresso. É muito mais o desafio de como você se comunica com essa massa enorme que está no digital. Não podia ser só com a cabeça de quem faz revista.
Acho que o pecado de revistas que acabaram desaparecendo é que não conseguiram levar ao digital a força que elas tinham no papel. As influenciadoras digitais só têm interferência em receita, mas não em perder tanta força.
Traremos influenciadoras para o Vogue Fashion’s Night Out, nós trabalhamos juntos. Você tem que conquistar esse espaço digital em parceria. Essa também foi uma sacada Globo Condé Nast. Nunca enxergamos influenciadoras como rivais, mas, sim, como aliadas.
Colaborou Hebert Madeira