Dossiê real: saiba os segredos que rondam o estilo da rainha Elizabeth
Entre as curiosidades estão uma equipe dedicada a amaciar os sapatos da monarca e um conjunto de sinais feitos com sua bolsa
atualizado
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Ao analisarmos as produções de Elizabeth II não nos deparamos com algo mirabolante. A monarca sempre surge em suas aparições públicas com um conjunto que serve de base para seus tradicionais trench coats vibrantes, um chapéu de mesma cor, sapatos pretos e a icônica bolsa Launer que vossa alteza sempre tem a tiracolo. Os segredos por trás da icônica imagem da rainha, no entanto, são um tanto singulares.
Vem comigo desvendar os mistérios que rondam o guarda-roupas de Betinha!
Em uma entrevista amplamente divulgada nos jornais britânicos, Paul Burrell, ex- lacaio da rainha e da princesa Diana, revelou que Elizabeth II não mantém roupas em seu quarto. Todo seu extenso acervo fica no andar de cima do castelo.
Todos os dias, ao acordar, a líder da casa de Windsor se depara com dois croquis separados por sua estilista, Angela Kelly. Junto aos desenhos, existem amostras de tecidos de cada peça, para que a governante se recorde de qual material as mesmas são feitas, entre algodão, seda e lã. É indicado que membros da monarquia não usem tecidos que amarrotem fácil, pois roupas amaçadas não pertencem à imagem imaculada que eles devem ostentar perante as câmeras.
“Aquele que a Rainha escolhe é trazido até ela, então ela não tem contato com seu guarda-roupas”, revelou Burrell.
A maioria das roupas da rainha são criadas em cores fortes, já que ela precisa ser vista em meio ao público que se aglomeram para vê-la passar. “Quando ela aparece em algum lugar, há uma multidão com fileiras e mais fileiras. É importante que as pessoas possam dizer que viram ao menos um pedaço de seu chapéu”, afirmou Sophie, a condessa de Wessex, no documentário The Queen at 90.
Em 2012, a Vogue fez um estudo sobre o estilo de Elizabeth, observando cada roupa que ela usou nos doze meses daquele ano. A revista contabilizou que 29% das roupas vestidas pela líder no período foram variações de azul, seguido por estampas florais (13%) e tons de verde (11%).
Em contraponto, o bege e o preto surgiram em apenas 2% das produções. Robert Hardman, o biógrafo da rainha, uma vez afirmou que a própria Elizabeth disse: “Eu nunca posso usar bege porque ninguém vai saber quem eu sou”.
O preto, por sua vez, só é usado em situações de luto, a não ser nos acessórios. A rainha Elizabeth não abre mão de seus loafers Anello & Davide e suas bolsas Launer na cor. Há 50 anos, tais complementos são presenças certas nos looks de vossa alteza.
Os tradicionais sapatos sob medida, feitos com couro de novilho e salto de 5 centímetros, levam um fecho de metal e acabamento em verniz impermeável. A empresa responsável por criar a peça trabalha com um molde de madeira que tem as dimensões exatas dos pés da monarca, mas mesmo assim é necessário que alguém amacie os calçados antes de Elizabeth usá-los.
Stewart Parvin, costureiro da rainha por 11 anos, disse ao Daily Mail que tal missão cabia a Angela Kelly, a estilista da soberana, mas agora existem os Cinders, lacaios que têm pés com o mesmo formato da líder britânica. Cabe a eles andar com os acessórios até que os mesmos estejam confortáveis o suficiente. “A rainha nunca pode dizer que não pode mais andar porque os sapatos estão desconfortáveis”, defende Parvin.
Da mesma forma que a majestade não pode ter calçados apertando seus calcanhares, ela não pode deixar o Palácio de Buckingham sem sua bolsa, afinal, a serventia da peça vai muito além de guardar pertences.
De acordo com o historiador real Hugo Vickers, as Launers da rainha são responsáveis por enviar mensagens secretas a sua equipe. Se a governante passar o acessório de uma mão para outra, isso indica que ela terminou a conversa e que um membro de sua equipe deve intervir. “Isso seria feito de maneira muito discreta. Alguém viria e diria: ‘Senhora, o arcebispo de Canterbury gostaria muito de conhecê-la”, explicou Vickers à People.
Quando Elizabeth coloca sua bolsa em uma mesa durante um evento, isso sinaliza para suas damas de companhia que ela quer sair em cinco minutos. Em casos mais graves, como abordagens agressivas ou inconvenientes, vossa alteza pode deixar a peça cair, colocando todo seu comboio em modo resgate.
Mas o que a monarca tem em sua bolsa? Segundo jornal The Telegraph, ela carrega um pequeno espelho, batom, balas, óculos de leitura, uma caneta, gancho portátil, amuletos de família e, aos domingos, uma nota de 5 ou 10 libras para ofertar na igreja. Suas damas de companhia são as responsáveis por guardar luvas extras, meias e materiais de costura, em caso de emergência.
Há rumores de que a rainha Elizabeth adquiriu mais de 200 bolsas Launer ao longo dos anos. A lealdade da governante à marca começou em 1968, quando o designer Sam Launer lhe enviou um exemplar da etiqueta.
Seus modelos favoritos são o Royale e a Traviata, sempre com alça mais longa para facilitar os apertos de mãos que ela distribui no decorrer do dia e sem zíperes, pois ela gosta de acessar o conteúdo da bolsa com facilidade. Outra personalização feita exclusivamente para a chefe da cada de Windsor são as carteiras combinando que acompanham os produtos.
No quesito joias, a matriarca também é fiel às tradições. Nos visuais da rainha, você sempre poderá observar um broche na parte superior direita de suas vestes. Não se sabe ao certo quantos pins a monarca tem em seu acervo, mas seis surgem com mais frequência.
O mais revisitado é a folha de palmeira da rainha mãe, dado a ela no dia da morte de seu pai, George VI. Durante as visitas de Donald Trump ao Reino Unido, a rainha usou a peça e muitos apontaram que sua escolha remetia ao pior dia de sua vida, quando seu antecessor faleceu. No entanto, ela foi vista com o broche em diversas ocasiões.
Além deste, há o Safira do Canadá, um presente do governador-geral David Johnston, o Três Cardos, usado para homenagear a Escócia, o dos jogos de Braemar Gathering, uma pena cravejada em diamantes com uma pedra azul, a Rosa dos Ventos e o Nó dos Amantes, revisitado sempre que há um casamento real.
O mais importante deles, porém, é o broche da Brigada de Guardas. O elemento homenageia os exércitos britânicos e da Commonwealth, combinando os emblemas dos cinco regimentos comandados pela governante à frase “Cinco Juntos Em Um”, do latim “Quinque Juncta In Uno”.
A peça, coberta em diamantes, foi originalmente criado para a rainha Mary, avó de Elizabeth, e mais tarde foi passado à ela. “A rainha muitas vezes usa diamantes para ocasiões especiais, principalmente porque são raros, autênticos, preciosos e têm um grande valor emocional”, disse Grand Mobley, especialista em gemologia, ao Page Six Style.
Sob suas luvas, sempre com 15 cm e feitas pela marca Cornelia James, a líder sempre carrega o anel de noivado que o Príncipe Philip deu a ela. De acordo com a Town & Country, a joia carrega um diamante de três quilates circulado por dez brilhantes menores.
Antes, as pedras do anel faziam parte de uma tiara que a princesa Alice de Battenberg usou no dia de seu casamento. Ao saber que o filho pediria Elizabeth em casamento, ela deu a peça para Philip transforma-la no anel de noivado.
O significa da joia se torna ainda mais interessante por seu contexto histórico. A tiara foi dada à mãe do príncipe Philip pelo czar Nicolau II e pela czarina Alexandra, os últimos governantes do Império Russo.
Por falar em tiara, a rainha só as usa em ocasiões especiais. Contudo, ela nunca aparece em público sem acessórios na cabeça. Quando não são os chapéus, a monarca investe em lenços Hermès ou Burberry.
Entre as outras restrições impostas pela rainha, estão as calças. O único registro da avó de Harry vestindo a peça foi feito em 1970, durante a turnê real do Canadá. Seu então costureiro, Ian Thomas, fez um terno de seda, em uma tentativa de modernizar seu visual, o que, claramente, não a agradou.
Para finalizar nossa lista de curiosidade, Elizabeth nunca tira o casaco em público e no acabamento das roupas são colocados pequenos pesos de chumbo para evitar que o vento mostre mais do que vossa majestade deseja.
Colaborou Danillo Costa