Dolce & Gabbana é condenada a pagar 70 mil euros a Maradona
Grife citou argentino em coleção inspirada na cidade de Nápoles, onde ele é visto como herói. Porém, a homenagem acabou em processo judicial
atualizado
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A grife italiana Dolce & Gabbana foi condenada a pagar ao ex-jogador Diego Maradona uma pequena fortuna de 70 mil euros. A determinação judicial chega após a marca incluir, sem autorização, o nome do futebolista em uma camiseta da coleção resort de 2016. Segundo a etiqueta, tudo não passou de uma homenagem ao argentino, que ainda hoje é visto como um herói pelo povo napolitano. Contudo, o argumento não foi suficiente para o craque retirar o processo.
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Em julho de 2016, a Dolce & Gabbana invadiu as ruas de Nápoles para uma ação que parou a província. Em um dos lugares mais antigos da comuna italiana, a grife apresentou uma coleção inspirada nos principais elementos da cultura local.
Ao lado de referências ao catolicismo, folclore e à gastronomia, a etiqueta homenageou personalidades como a atriz Sophia Loren, cidadã honorária da cidade, e o ex-jogador Diego Maradona, tido como um herói do futebol napolitano.
Em 1984, o futebolista veio do Barcelona contratado pelo Napoli, time no qual trilhou uma histórica campanha. Durante o tempo em que esteve no clube, o argentino levou a equipe a conquistar duas vice-lideranças e a primeira vitória na liga italiana.
Murais com o rosto do ídolo foram erguidos em toda a cidade e, até 2017, o craque manteve o recorde de maior artilheiro do clube, com 115 gols. O sucesso de Maradona por lá foi tão estrondoso que o Napoli aposentou a camisa 10 do time após o jogador deixá-lo, em 1991.
Por 25 anos, o design de peça ficou restrito às fotos e exposições que rondaram a bem-sucedida campanha de Diego no time, mas a Dolce & Gabbana resolveu reinventar a blusa do ídolo em seu resort 2016.
Durante o desfile, uma modelo foi ovacionada ao entrar na apresentação com uma releitura da camiseta 10 do craque argentino, mas o que foi visto pelo povo como uma tocante homenagem ecoou como oportunismo na cabeça de Maradona.
Depois de ver seu nome estampado em uma das peças da coleção, o ex-jogador abriu processo contra a label, alegando que não teria consentido ou sido avisado sobre a presença de seu nome no show.
“Acionei os meus advogados para processar os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana, para que obtenham a compensação justa por terem usado o meu nome sem qualquer permissão durante um desfile em Nápoles. Embora tenha estima e muita consideração pelo trabalho deles, fui forçado a proteger os meus interesses violados por uma política de marketing especulativa feita pelos estilistas”, declarou Maradona à época.
Stefano, que não tem papas na língua, acabou inflamando mais ainda os ânimos entre as partes, chamando o ex-jogador de “morto de fome” no Instagram. Com o agravante, a Justiça italiana, responsável por sentenciar os donos da etiqueta por fraude fiscal, em 2014, rechaçou o suposto tributo e condenou a grife.
A advogada de Maradona, Ulisse Corea, disse que, apesar de parecer uma homenagem, a ação configura empreendimento comercial. “A única pessoa que pode usar esse nome para obter benefícios financeiros é o próprio Maradona. Houve um claro abuso por parte da marca”, afirmou a defensora após a sentença, divulgada no início de dezembro.
Em comunicado enviado depois da decisão judicial, Maradona pontuou que a grife deveria ter o procurado para receber sua bênção.
“Tributos são fantásticos, mas acho que eles deveriam ter pedido a permissão de que precisavam para usar meu nome em seu show”, frisou.
Por falar em Domenico Dolce e Stefano Gabbana, os estilistas voltaram atrás sobre sua decisão de acabar com a grife após a aposentadoria. À imprensa, a dupla afirmou que a label continuará vivendo por meio das futuras gerações da família Dolce & Gabbana. “Gostaríamos muito de dar à família nossos empregos”, comunicaram.
A revelação ocorre após um ano turbulento nas operações asiáticas. Depois de uma campanha mal-sucedida no mercado chinês, a etiqueta se viu forçada a recuar no oriente. Após o caso, os membros da família, que raramente falam publicamente, sentaram-se para discutir seus papéis e o futuro da empresa.
Os pais de Dolce deixaram o emprego e se mudaram para a região de Milão a fim de ajudar a dupla com a marca. Alonso, irmão de Domenico, é o diretor executivo da empresa, enquanto Dora, a irmã mais velha, é responsável pela pesquisa e pelo desenvolvimento da linha ready-to-wear.
Giuseppina Cannizzaro, sobrinha de Domenico, começou a trabalhar nas lojas da empresa e nos bastidores de seus desfiles de moda, ao passo que Christian, seu irmão, agora é encarregado dos sapatos e acessórios da casa.
“Espero que eles levem isso adiante, porque temos muitos filhos. Não é algo que pressionamos. Torço para que seja natural para eles como foi para nós”, destacou Christian à Vogue Business.
Colaborou Danillo Costa