Dia do Orgulho LGBTI: conheça fashionistas que atuam em prol da causa
Personalidades como Billy Porter, Indya Moore e Ezra Miller usam sua visibilidade para desconstruir padrões e fazer a diferença
atualizado
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Nesta sexta-feira (28/06/2019), é celebrado mundialmente o Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersex).
A data marca um episódio ocorrido no bar Stonewall Inn, em Nova York, em 1969. Abusos policiais e discriminação com os frequentadores LGBTI eram recorrentes no local, até que um grupo de pessoas reagiu aos ataques e causou uma rebelião. Um ano mais tarde, foi organizada a primeira parada do orgulho da comunidade, para lembrar a ocorrência e lutar contra o preconceito.
Infelizmente, a violência contra pessoas por causa de orientação sexual e/ou identidade de gênero não acabou até hoje. O Brasil registra uma morte por homofobia a cada 16 horas, de acordo com dados divulgados em fevereiro pelo Ministério dos Direitos Humanos. Em meio a tantas repressões, há inúmeras pessoas que batalham por respeito e igualdade, inclusive na moda.
No meio fashion, nomes como Billy Porter, Indya Moore, Evan Rachel Wood e Ezra Miller usam a visibilidade que conquistaram ao longo dos anos para fazer a diferença.
Vem comigo!
Billy Porter
Nos tapetes vermelhos por onde passa, Billy Porter faz questão de deixar uma mensagem de liberdade e autoexpressão. O ator, cantor e compositor ousa com vestidos, cores e capas para lá de extravagantes. Ele vê nos próprios looks uma forma de desconstruir o estereótipo de masculinidade.
Abertamente gay, o artista norte-americano é casado com o empresário Adam Smith. Porter começou a carreira como ator da Broadway e ficou conhecido mundialmente pelo papel de Pray Tell, na série Pose, depois de atuar em diversas produções de TV e filmes. O personagem rendeu a ele indicações ao Globo de Ouro e Critics’ Choice Awards. Como músico, já lançou quatro álbuns.
Mesmo com seus visuais statement da cabeça até os pés, o ator já disse que nunca se chamaria de ícone fashion. “Outras pessoas estão dizendo isso sobre mim, então eu aceito. Sempre quis ter um impacto na moda. Então, é um sonho que se tornou realidade”, declarou à ABC Radio.
Indya Moore
Conhecida principalmente pelo trabalho na série Pose, Indya Moore é atriz e também modelo. Indya se reconhece como não binária (não se identifica totalmente com o gênero feminino nem masculino), mas aceita ser chamada como mulher trans. Fashionista, ela chama atenção nos red carpets e já fez trabalhos para grifes renomadas, como Louis Vuitton, Gucci e Dior.
Aos 24 anos, ela entrou para a história como a primeira pessoa trans a estampar a capa da Elle norte-americana. Além de aparecer em cliques de Zoey Grossman, a modelo se pronunciou contra o preconceito e as dificuldades que a comunidade sofre. Também comentou a violência e os abusos sexuais vividos na adolescência.
“Não sei me divertir, não sei qual é o meu restaurante favorito. Quando estou com pessoas conversando sobre o dia delas, penso: ‘O que elas poderiam estar falando? Como não estão falando sobre a desconstrução da supremacia branca agora? Como não estamos tentando salvar as pessoas trans?’”, declarou Indya na entrevista à Elle. “Não sei quem eu sou quando não estou pensando em tentativas para ser livre e encontrar segurança para mim e outros como eu”, afirmou.
Quando aparece na mídia, a norte-americana aproveita a visibilidade para divulgar a causa LGBTI, questões sociais e a luta para banir a discriminação. Além disso, sempre usa as redes sociais para postar mensagens de conscientização.
Lachlan Watson
O artista de 18 anos conquistou o público na série O Mundo Sombrio de Sabrina, interpretando Susie/Theo Putnam – uma garota que se reconheceu como um rapaz trans. Watson se identifica como não binário, mas nem sempre foi assim. Nascido no sexo feminino, se considerou um homem trans entre 3 e 15 anos de idade. Quanto à sexualidade, sente atração por pessoas sem distinção de gênero (pansexual).
Antes de atuar na produção da Netflix, fez vários papeis no teatro e aparições menores em outras séries. Nos posts do Instagram, Watson compartilha com os seguidores várias fotos com visuais andróginos. Seus looks misturam peças femininas e masculinas, resultando em produções cheias de originalidade e personalidade.
Sam Smith
Sam Smith já ganhou quatro Grammys, um Globo de Ouro e um Oscar. O sucesso do cantor, que emplacou hits como Stay With Me, Too Good at Goodbyes e Writing’s on the Wall, é crescente e inquestionável. Além da música, o artista chama a atenção no universo fashion.
Neste ano, Sam revelou se identificar como não binário. Ao conceder uma entrevista para a atriz Jameela Jamil, no Instagram, afirmou que sempre esteve em conflito com o próprio corpo e mente. “Não sou homem nem mulher. Eu acho que flutuo em algum lugar entre os dois”, disse. O britânico também destacou sua constante reflexão sobre uma possível mudança de sexo.
O estilo de Sam é genderless e despojado. Atualmente, ele exibe um visual que inclui ternos, camisas de renda, saltos, vestidos e quimonos floridos. A atitude tem influenciado seus fãs a vestirem aquilo que os faz bem, independente do gênero ao qual as peças foram designadas.
Evan Rachel Wood
A estrela da série Westworld atua, canta, dirige e não deixa a desejar como ícone fashion. Para os red carpets, gosta de terninhos sofisticados e um toque rocker. Em 2011, revelou ser bissexual por meio de uma entrevista à revista Esquire. Desde então, tem usado sua visibilidade como plataforma de ativismo para se comunicar com a comunidade bissexual – muitas vezes invisibilizada no meio LGBTQ.
Quando o assunto é moda, Wood diz que seus principais ícones de estilo são David Bowie e Tilda Swinton. De ambos, a artista tomou como referências a pegada glam-rock e a androginia. Entre as grifes, admira Altuzarra e Dolce & Gabbana.
Sobre a relação entre moda e ativismo, destaca a importância em ser honesta e aberta sobre si mesma. “Se eu puder fazer isso me comprometendo realmente com uma mensagem ou declaração por trás, se vai estar no centro das atenções de qualquer maneira, então eu gostaria de tirar proveito disso, e ser o tipo de modelo que eu desejava ser quando estava crescendo”, contou.
Laverne Cox
Mulher trans, Laverne Cox é uma das figuras mais lembradas quando se fala em inclusão e representatividade. Em 2014, ela se tornou a primeira pessoa transexual a ser indicada ao Emmy Awards, pelo trabalho como Sophia Burset em Orange is The New Black. Recentemente, participou do clipe de You Need to Calm Down, de Taylor Swift, que foi lançado em homenagem ao mês do orgulho LGBT.
A atriz é uma das defensoras da inclusão de mulheres trans na busca pela igualdade de gênero e pelos direitos das mulheres no geral. “Ser uma feminista interseccional significa que temos que abraçar mulheres de todos os tipos, de todas as raças, nacionalidades, habilidades, identidades de gênero, e isso é animador”, disse à Vogue.
“A coisa mais importante que podemos fazer é elevar as experiências vividas e as vozes das pessoas trans reais, para que as pessoas não estejam falando sobre nós sem estarmos à mesa, sem estarmos na sala. Temos que empoderar as pessoas trans, levantando suas experiências e suas histórias”, explicou Laverne Cox em outra oportunidade, durante entrevista à The CUT.
Uma das bandeiras levantadas por ela também é o fim do deadnaming. A prática consiste na divulgação de nomes de nascimento de artistas transgêneros sem consentimento, o que pode perpetuar preconceito e até violência. Um dos sites que fez isso com Laverne Cox foi o IMDb. Constantemente, o Glaad, organização que monitora as representações na mídia de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais, pede ao portal que pare com o hábito.
Quando o assunto é moda, Laverne Cox não deixa a desejar. Ela aposta em visuais que misturam sofisticação e sensualidade. Gosta de caprichar nas fendas, no brilho e no decote.
Ezra Miller
Você certamente deve ter reparado em Ezra Miller nos últimos tempos. Em maio, ele foi um dos destaques entre os looks do tradicional MET Gala. O baile, que marca a abertura da exposição anual do Instituto de Vestuário do Metropolitan Museum, teve como tema o camp, marcado pelos exageros. Por isso, o ator caprichou com um look da Burberry e maquiagem surrealista.
No currículo, Ezra tem filmes marcantes, como As Vantagens de Ser Invisível, Precisamos Falar Sobre o Kevin, Liga da Justiça e Animais Fantásticos. Além de ator, o norte-americano é modelo e músico, inclusive canta na banda Sons of an Illustrious Father.
Além de falar abertamente sobre sua sexualidade e afirmar que ama as pessoas sem considerar o gênero, ele se declara queer. “Não me identifico como homem, não me identifico como mulher. Mal me identifico como humano”, esclareceu em entrevista ao Hollywood Reporter. Ezra também atua em prol de causas ambientais.
Hayley Kiyoko
A cantora norte-americana é carinhosamente chamada de “Jesus Lésbica” pelos fãs. Hayley começou a se destacar na música em 2015, com o single Girls Like Girls. Na época, chamou atenção por discutir abertamente sua sexualidade nas canções. Assim como a popstar Halsey, está contribuindo para o fim da fetichização das relações entre garotas na cultura pop.
Ao site Refinery29, a artista comentou que executivos da indústria já questionaram o porquê de seus videoclipes sempre retratarem o amor entre mulheres. “Taylor Swift canta sobre homens em todas as canções e vídeos e ninguém diz que ela não é original. Eu não estou sexualizando minha música. Eu fico com mulheres porque as amo, não porque estou tentando ser sexy”, argumentou.
“Quando você está na comunidade LGBTQ, não é comum ouvir sua música tocando no rádio. É mais comum ser underground e ‘left of center’, com um núcleo seletivo que ouve essa música. É por isso que este é um momento emocionante para quebrar essas barreiras”, disse à revista i-D sobre o destaque da música queer.
O estilo de Hayley é bem-versátil: inclui combinações básicas, vestidos e terninhos. Suas escolhas fashion transmitem a liberdade de brincar com vários estilos e gêneros. A popstar já foi convidada para a primeira fila de alguns desfiles da Semana de Moda de Nova York, como Christian Siriano, Dion Lee e Opening Ceremony. Para sua aparição como convidada surpresa em um show de Taylor – que reconheceu a relevância da crítica feita na entrevista –, usou um look personalizado da Dsquared2.
Colaboraram Hebert Madeira e Rebeca Ligabue