Criador de marca é acusado de assédio sexual e pedofilia
A suposta conduta do empresário Eduardo Costa, fundador da Brechó Replay, gerou denúncias de modelos e profissionais da moda no Twitter
atualizado
Compartilhar notícia
Acusações de assédio sexual, abusos e pedofilia contra o empresário Eduardo Costa, fundador do coletivo Brechó Replay, estão repercutindo no Twitter desde a última terça-feira (14/01/2020). Com a polêmica, os sites Universa, Marie Claire e Folha de S.Paulo também publicaram depoimentos de rapazes que trabalharam com o criador do projeto. Entre eles, modelos e outros profissionais do mercado de moda, incluindo um bailarino e um empresário.
Segundo as denúncias, os casos teriam ocorrido entre 2014 e 2019 – em um deles, o acusador tinha apenas 15 anos na época. Entre as situações relatadas, o empresário teria recebido os jovens em sua casa vestindo apenas cueca para sessões de foto. Além disso, teria apalpado o corpo dos rapazes, tocado nas partes íntimas dos modelos e tentado manter relações sexuais com eles.
Na Folha, inclusive, um dos depoimentos é do ator brasiliense Mateus Papa, 24 anos. Ao jornal, o rapaz disse ter sido convidado para participar de um ensaio fotográfico em 2017. Ao se encontrar com Eduardo, ele relata que o empresário teria “passado a mão” nele, o beijado e tirado sua roupa à força.
“Não sabia o que fazer. Queria participar daquele mundo e fiquei parado. Ele já havia lançado pessoas que passaram a desfilar, fazer publicidade. É muito difícil para quem está começando enfrentar essa situação”, relatou.
Um dos depoimentos de maior repercussão no Twitter é de um bailarino e diz: “Os ensaios sempre acabavam nele passando a mão na minha bunda ou no meu pau, querendo me ver trocar de roupa, esfregando o pau nas costas, deixando claro que queria transar comigo, principalmente quando ele estava bêbado. Teve um dia em que eu fiquei bravo e falei que não queria nada do tipo, então, ele nunca mais me chamou para fazer nada”.
O modelo Bruno (nome fictício), hoje com 30 anos, falou com a Marie Claire sobre uma situação que alega ter ocorrido há cinco anos. Era seu primeiro trabalho no ramo da moda. “No ensaio, que era de cueca, o Eduardo já nos olhava de forma objetivada. Ele olhava os volumes nas cuecas e disse que precisava arrumar: colocou a mão dentro da minha cueca, chacoalhou meu pinto como queria que ficasse”, relatou.
Além disso, o empresário teria tentado “encostar no corpo” do rapaz, que diz ter trabalhado com ele em outras duas ocasiões. “Sempre foi abusivo e antiprofissional. Não culpo a indústria, o único culpado é o Eduardo Costa”, completa. Outros relatos denunciam situações parecidas.
“Tinha 18 anos e conheci o Eduardo por meio de um amigo em comum, um ano antes. No dia da sessão de fotos, que aconteceu no apartamento dele, ele apareceu só de cueca e sempre dava um jeito de encostar e passar a mão na gente, nos constrangendo”, conta o empresário Ricardo (nome fictício), de 23 anos, sobre ter participado do primeiro desfile da Brechó Replay, em 2015.
No Twitter, vários internautas reclamam de ter recebido imagens íntimas não solicitadas e vivido por situações de importunação sexual em diferentes momentos. Alguns deles, em ocasiões como festas.
Brechó Replay é um coletivo de jovens artistas que trabalha o reúso e é conhecido por propagar a representatividade em campanhas e desfiles. O receio de prejudicar a marca é o motivo para as denúncias só virem à tona agora, segundo os jovens ouvidos pelo Universa. “Tem muito artista legal e bom no coletivo, uma pena que a pior parte dele é exatamente o criador”, disse um modelo citado pelo nome Marcelo.
A marca fez parte do calendário da Casa de Criadores e não desfilou na última edição, de novembro de 2019. Optou por não participar por decisão própria, como diz o posicionamento do evento pelo Twitter.
“Até então, nunca havia nos chegado qualquer informação parecida com os depoimentos aqui narrados. Se isso tivesse acontecido, teríamos imediatamente retirado a marca do lineup do evento. Acreditamos que os fatos aqui narrados são muito graves e nunca seremos coniventes com qualquer tipo de assédio, até porque a Casa de Criadores sempre lutou para tornar a moda brasileira mais justa, inclusiva e transparente”, afirma o texto.
A Casa de Criadores esclarece que sua direção jamais teve conhecimento anterior de qualquer coisa e/ou fato que levantasse dúvidas sobre um possível comportamento abusivo de Eduardo Costa, do coletivo Brechó Replay. Até então, nunca havia nos chegado qualquer informação parecida+
— CASA DE CRIADORES (@casadecriadores) January 15, 2020
Quando os relatos chamaram atenção nas redes sociais, tanto as contas pessoais de Eduardo como as da marca Brechó Replay foram desativadas. Em reportagem, a revista Marie Claire alega que tentou falar com o empresário por telefone, mas ele alegou “procuraria seu advogado para um posicionamento”. A coluna também tentou contato com ele, mas não obteve resposta. No Instagram, o Eduardo se autointitulava “Um Anjo Adolescente”.
Colaborou Hebert Madeira