Conheça a Awaytomars, rede coletiva com mais de 15 mil designers
Criada pelo brasileiro Alfredo Orobio, a plataforma global colaborativa funciona por meio de projetos on-line e divisão de lucros
atualizado
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Criação coletiva, ética e divisão de lucros. Esses são os princípios da Awaytomars, uma rede colaborativa de estilistas. Fundada em Londres, na Inglaterra, pelo brasileiro Alfredo Orobio, a plataforma atualmente inclui milhares de designers espalhados pelo mundo. A iniciativa funciona digitalmente e envolve valores que promovem a economia circular.
Vem comigo saber mais!
A Awaytomars nasceu em 2015. Alfredo Orobio mora fora desde 2010, e teve a ideia enquanto fazia mestrado e pesquisava como as mídias sociais impactavam ideias criativas.
O projeto ganhou menção honrosa na Universidade de Lisboa e o governo local deu um incentivo financeiro para a concretização da ideia.
Com as sócias brasileiras Marília Biasi Paula Pinaud e Cecília Temke, a iniciativa foi colocada em prática. A primeira coleção criada contou com 46 designers, de forma experimental.
Hoje, mais de 15 mil colaboradores estão na rede. A marca lança duas coleções por ano. A cada uma delas, a empresa recebe de 700 a 1 mil sugestões. No fim, cerca de 20 são selecionadas e executadas.
“A plataforma é muito nova e ainda estamos aprendendo com os erros. Criamos um briefing e as pessoas enviam a reação que elas têm com aqueles pensamentos, que são muito amplos”, explicou Orobio.
“As ideias vão para uma timeline que tem um algoritmo que organiza cada uma por meio da interação recebida dos usuários. Existe uma curadoria do próprio público”, completou.
A label organiza todas as informações, guia os estilistas com discussões e pontos de melhoria. Depois, faz contato com as fábricas e dá suporte no desenvolvimento do protótipo. A cada peça vendida, os lucros são partilhados entre a empresa e os criadores envolvidos. Para participar, basta criar um perfil no site da Awaytomars.
A economia circular, que envolve sustentabilidade, é uma das ideologias pregadas pela etiqueta. O conceito parte do pressuposto de que os recursos da humanidade, consequentemente os do meio fashion, são finitos.
A marca usa a tecnologia para prever a demanda do consumidor e evitar a superprodução. Como missão, pensa na criatividade como forma de regeneração, e não desperdício.
“Trabalhamos com um sistema de pré-vendas para evitar estoque. Antes de fechar a ordem para a fábrica, abrimos a venda antecipada para o público e comparamos com a das multimarcas. Depois, é produzido um excesso de 20%. As coleções são pequenas e limitadas”, observou Alfredo Orobio.
Em parceria com uma empresa britânica, a Awaytomars implantou um sistema de blockchain em todos os itens confeccionados. “Conseguimos rastrear da fibra e da fazenda até o consumidor final. Hoje, quando você compra uma peça, tem um QR Code para ser escaneado e ela ser registrada”, contou.
Outro pilar adotado pela marca é o de upcycling. Uma das coleções, por exemplo, foi feita apenas com peças descartadas reinventadas na plataforma.
A Awaytomars é conhecida nacional e internacionalmente. Em outubro deste ano, participou pela segunda vez da Semana de Moda de Lisboa. Além disso, ao longo do tempo, a plataforma firmou parcerias com marcas como Woolmark Company, Melissa e Kellogg’s.
As novidades estão a todo vapor. A próxima collab será com a Missoni. Há aproximadamente dois anos, as grifes estão em contato. A previsão é que a coleção-cápsula seja lançada em novembro de 2020, considerando o tempo de abertura para o processo criativo.
O criador da Awaytomars veio ao Brasil recentemente e participou do Iguatemi Talks, um evento de palestras em São Paulo. Na ocasião, conversou com a coluna.
Um dos planos da marca para os próximos anos é a abertura de uma loja física no Brasil. Alfredo Orobio afirmou que a concretização seria um sonho realizado.
“Temos uma conexão forte com o país. As roupas são muito tropicais, a estética… Eu vejo isso como um caminho. Ainda não achamos a solução porque temos um problema de logística, imposto, investimento. Mas a ideia é ter isso, sim, no futuro”, adiantou.
Vamos esperar!
Colaborou Rebeca Ligabue