Confira os destaques do primeiro dia da semana digital de alta-costura
Com alternativas virtuais aos tradicionais desfiles, Dior, Iris van Herpen, Xuan, Giambattista Valli e Ralph & Russo chamaram atenção
atualizado
Compartilhar notícia
O Whispers of Paris, primeira versão completamente digital do Paris Fashion Week, já está a todo vapor. Com os primeiros dias dedicados à alta-costura, o evento segue até 13 de julho, e será finalizado com as novidades do segmento masculino de ready-to-wear. Na abertura das apresentações virtuais de haute couture, o setor mais luxuoso da indústria fashion, as marcas Dior, Iris van Herpen, Xuan, Giambattista Valli e Ralph & Russo foram destaque.
Vem comigo conferir!
Vale lembrar que a alta-costura representa o mais alto nível de sofisticação e exclusividade. Afinal, as criações são consideradas verdadeiras obras de arte da moda. O segmento contempla uma série de exigências. As peças exigem alto rigor técnico e são feitas à mão, sob medida e somente em Paris, a capital da França.
Devido à pandemia do novo coronavírus, que pegou o mundo inteiro de surpresa e exigiu inúmeras mudanças, a Câmara Sindical da Alta-Costura precisou se adaptar. Como resultado, a semana de moda mais tradicional e rebuscada aderiu à tecnologia.
Acordos com as plataformas YouTube, Google, Instagram e Facebook foram firmados para garantir a difusão da novidade nas redes sociais. Para completar, as marcas investiram em divulgação própria e compartilhamento de conteúdo nas redes sociais.
Dior
Para a temporada de outono/inverno 2020/21, a Dior preparou um vídeo exclusivo que mistura realidade e fantasia. Batizado de Le Mythe Dior, o material foi dirigido pelo cineasta italiano Matteo Garrone.
Ao desenvolver a coleção, Maria Grazia Chiuri mergulhou na história da maison. A inspiração veio do Théâtre de la Mode, uma exposição de moda popularizada na capital francesa em meados dos anos 1940, no cenário após a Segunda Guerra Mundial. As peças eram apresentadas em miniaturas de manequins.
Pelo Instagram, a diretora criativa deu detalhes do processo criativo. “Em 1933, a Dior foi a primeira a organizar uma exposição sobre os surrealistas. Isso também me levou a pensar em certos artistas que eu amo muito: Lee Miller, Dora Maar, Leonora Carrington, Jaqueline Lamba e Dorothea Tanning. Suas fotos surrealistas foram fonte de inspiração para imaginar uma nova maneira de criar esta coleção”, destacou a estilista.
Com toques mitológicos e pitorescos, a apresentação de autumn/winter 2020/21 se deu de forma autêntica. Exatamente o que o momento pede, diante da necessidade de ruptura com o habitual. Os looks surgiram dentro de um “baú mágico”. Na história criada, personagens reais se misturam com a imaginação e a natureza.
Entre as peças, estão vestidos fluidos com leve transparência. Estruturas monumentais com volume em tule e camadas também tiveram espaço. O toque artesanal não poderia faltar. Mergulhe no vídeo, com direito a um pulo no ateliê da Dior!
Iris Van Herpen
A designer Iris van Herpen é conhecida por mesclar inovação tecnológica com trabalhos manuais. Nervuras, ondulações, formas e plissados são pedidas constantes nas coleções da holandesa, que também adora investir em materiais e shapes que dão uma impressão 3D.
Para a semana virtual de alta-costura, a grife apostou em um único visual. Trata-se de um vestido de organza de seda branca. O item simétrico é elegante e conceitual.
“Em contraste com a fragilidade das pétalas, os galhos pretos de cetim foram cortados a laser, costurados à mão e formam as raízes centrais da peça. Os fios de inspiração para as extensões gráficas e orgânicas derivam da arte de Ruth Asawa”, esclareceu a maison em comunicado. “Como folhas congeladas no tempo, filamentos cristalinos brotam do coração do vestido”, completou.
O look foi apresentado por meio de um curta-metragem. Dirigido por Ryan McDaniels, o filme foi chamado pelo mesmo nome do vestido: Transmotion. Com música instrumental ao fundo, a atriz holandesa Carice van Houten usa o vestido icônico e faz leves movimentos.
A protagonista foi escolhida pela própria Iris van Herpen. “Eu era admiradora de Carice há muito tempo e queria fazer uma colaboração em algum momento. Estava muito interessada em sua capacidade de ser forte e frágil ao mesmo tempo, o que me pareceu muito relevante para este período”, afirmou a estilista em entrevista ao New York Times.
Xuan
A marca homônima da estilista Xuan Thu Nguyen também está entre os destaques do primeiro dia de haute couture on-line. Em um vídeo no Instagram, a etiqueta mostrou o trabalho Windows of Infinity (Janelas do Infinito, em tradução livre).
“A coleção é sobre construção. É sobre os elementos da vida – fogo, água, ar, terra. Os quatro pilares. O caminho da vida é contínuo. Está em andamento, com paradas e barreiras ocasionais. No entanto, sempre continua”, enfatizou.
No fall 2020 da Xuan, o aspecto geométrico se mistura com elementos abstratos. A apresentação engloba quatro outfits. O primeiro é mistura de cores vibrantes em seda. A segunda combinação traz um vestido acinturado de algodão branco. Para completar, um arranjo frontal.
Outro visual representa a consciência interior e o crescimento, de acordo com a Xuan. “Delicada organza de seda é justaposta à solidez das flores de couro. Pétalas flutuam com movimento. Sensibilidade contra uma parede interna”, explicou a diretora criativa da grife em comunicado.
Por último, uma composição all white. “Uma tela limpa. Uma ferramenta na qual você pode construir, um livro vazio que pode ser preenchido.”
Ver essa foto no Instagram
Ralph & Russo
Teve de tudo na participação da casa de moda inglesa Ralph & Russo na Semana de Alta-Costura: dezenas de croquis, lookbook com modelos reais e um ensaio digital com a modelo virtual Hauli, criada especialmente para a experiência. A marca também apresentou um vídeo que mostra detalhes dos bastidores, incluindo o processo de design dos vestidos, a confecção das peças e o desenvolvimento da top model digital.
No ensaio virtual, Hauli posa com looks exuberantes diante das Sete Maravilhas do Mundo. Segundo a R&R, o nome da modelo vem da língua suaíli e significa “força e poder”.
“Ao combinar duas dimensões aparentemente opostas, [a diretora criativa] Tamara Ralph não apenas apresenta a primeira experiência de show digital da marca, mas continua a representar a arte e o mundo em sua forma mais pura; verdadeiramente sem limites”, explicou a label pelas redes sociais.
As paletas naturais das locações influenciaram na criação das peças, que carregam volumes em cores bem vívidas. Toda a coleção é um convite a sonhar nestes tempos difíceis, considerando a fantasia como uma espécie de refúgio.
Nas imagens com modelos reais, destacam-se os vestidos com silhuetas estruturadas e cintura marcada, além das opções com tule plissado, plumas e saias volumosas. De fato, são peças que evocam fantasia. Entre os materiais, a etiqueta britânica traz flores nas estampas e nos detalhes tridimensionais. As impressões digitais dão um toque distorcido e aquarelado.
Giambattista Valli
A label homônima de Giambattista Valli fez referências ao seu próprio DNA. Entre elas, os famosos babados de tule multicamadas, o chiffon e as experimentações com as silhuetas, além das técnicas e recortes.
Segundo a marca, a coleção é uma forma de apoiar a arte dos ateliês e homenagear Paris. Trechos da cidade aparecem no fashion video produzido para o evento digital. Enquanto isso, a modelo Joan Smalls exibe as peças.
“As cores incluem vermelho, como as marcas de batom frequentemente encontradas em xícaras vazias nas mesas dos cafés parisienses; preto, como o notório Petite Robe Noire (pequeno vestido preto, em tradução livre); rosa, como as rosas selvagens que crescem nos jardins da cidade; e marfim, como as molduras que adornam janelas e tetos”, descreve a etiqueta.
Apesar dos exageros nos volumes e formas, os vestidos são limpos e, em boa parte, monocromáticos. Também há destaque para os laços, seja as versões maxi ou as menores, e as máscaras com babados. Estas ressaltam o olhar, mas não chegam a ser uma proteção contra o coronavírus.
Anteriormente, a Semana de Moda de Londres também realizou sua primeira edição completamente digital, entre os dias 12 e 14 de junho. As experiências incluíram filmes curtos, exibições virtuais, lives e coleções apresentadas em diferentes formatos.
A parte de alta-costura do Paris Fashion Week virtual será encerrada na quarta-feira (8/7). Com três dias no total, a programação ainda inclui labels como Chanel, Julien Fournié, Maison Margiela, Elie Saab, Viktor & Rolf, Julie de Libran, e Valentino.
Colaboraram Rebeca Ligabue e Hebert Madeira