Com dívida milionária, Barneys New York pede proteção contra falência
À procura de um comprador, a rede de departamentos de luxo recorreu à recuperação judicial e fechará 15 lojas
atualizado
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Criada nos anos 1920, a Barneys New York conquistou clientes assíduos e se tornou um símbolo no conceito de lojas de departamento de luxo. No entanto, atualmente, a rede norte-americana enfrenta momento turbulento e decisivo. Na terça-feira (06/08/19), entrou com pedido de proteção contra falência.
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Neste ano, a varejista encarou aumento no preço de aluguel da flagship na Madison Avenue, em Manhattan. O valor praticamente dobrou e chegou a cerca de US$ 30 milhões ao ano, de acordo com a Reuters.
A agência diz ainda que muitos fornecedores deixaram de enviar mercadorias para a rede, que emprega 2,3 mil pessoas.
Além disso, a marca não conseguiu acompanhar as mudanças no comportamento dos consumidores. A concorrência com varejistas on-line prejudicou as vendas significativamente. A companhia passou os últimos dois meses à procura de um comprador ou investidor.
Dentro desse contexto, a empresa recorreu ao Capítulo 11 do Código de Falências dos EUA. A medida consiste em manter os negócios em operação enquanto os responsáveis planejam uma saída para a crise.
Segundo o documento do pedido de falência, que corre na US Bankruptcy Court de Nova York, os ativos (bens e direitos, ou dívidas a receber) e passivos (despesas a pagar) da Barneys New York estão estimados entre US$ 100 milhões e US$ 500 milhões.
“A diretoria e a equipe administrativa da Barneys New York tomaram medidas decisivas ao entrar em um processo supervisionado pelo tribunal, que fornecerá à empresa ferramentas necessárias para conduzir um processo de venda, rever nossos contratos atuais e otimizar nossas operações”, declarou a CEO Daniella Vitale em comunicado.
Para reestruturar as atividades, a companhia conseguiu um aporte de US$ 75 milhões com afiliadas do Gordon Brothers Group e Hilco Global. Já no fim da terça-feira (06/08/2019), obteve US$ 218 milhões em um novo acordo, dessa vez com a Brigade Capital e a B. Riley Financial, substituindo o primeiro. Este promete refinanciar “todas as dívidas garantidas existentes” da empresa, segundo o comunicado.
A solução inclui também corte de custos em todos os 22 espaços físicos da rede e a busca por novos investidores. A varejista fechará ainda lojas em Chicago, Las Vegas e Seattle, além de cinco espaços menores, considerados menos rentáveis, e sete pontos da Barneys Warehouse – onde oferecia maiores descontos nas mercadorias.
Também há possibilidade de redução no tamanho da loja principal, na Madison Avenue. Contudo, essa e outras quatro flagships (Downtown NYC, Beverly Hills, São Francisco e Boston) continuarão funcionando, bem como duas Barneys Warehouse, em Woodbury Common (NY) e Livermore (Califórnia). Os sites da Barneys e Barneys Warehouse também prosseguem atendendo aos clientes.
Criada por Barney Pressman em 1923, a rede começou como uma loja de roupas masculina com descontos, até se transformar em uma varejista de luxo na década de 1960. No fim dos anos 1990, a Barneys também entrou com pedido de recuperação judicial, mas conseguiu reestruturar a dívida em 2012, fora dos processos.
Colaboraram Hebert Madeira e Rebeca Ligabue