Cinco tendências de 2019 que vão continuar com tudo ano que vem
Em um época em que as novidades são cada vez mais passageiras, algumas trends conseguem o incrível feito de permanecer em alta. Confira!
atualizado
Compartilhar notícia
Vivemos em uma época onde o “metabolismo” da moda passou a digerir as novidades de maneira mais rápida. Se antes uma tendência levava pelo menos um ano para chegar às ruas, hoje o período de relevância não ultrapassa os seis meses. No entanto, há algumas novidades que conseguem sobreviver à rápida difusão das mídias sociais, adentrando a temporada seguinte com força suficiente para permanecer em alta. Em 2019, diversas apostas do mercado têxtil se popularizaram entre as fashionistas, mas só algumas devem virar o ano com status “in“.
Vem conferir comigo!
Como noticiamos na coluna em 2018, os anos 1990 voltaram às passarelas internacionais com força total, colocando uma série de tendências do período em evidência novamente. Apresentados na temporada de primavera/verão 2019, os bucket hats inundaram o street style ainda no início do ano, enquanto as sandálias de bico quadrado voltaram a ser desejadas graças ao ar moderno e elegante que a Bottega Veneta deu às peças.
Ao relançar sua icônica coleção grunge de 1993, em novembro passado, Marc Jacobs decretou a volta do mood rocker às ruas. Graças à boa aceitação do trabalho, o estilo punk chegou à temporada seguinte com a força de uma tendência já difundida, surgindo como inspiração para o outono/inverno 2019 de grifes como Gucci, Alexander McQueen, Prada e Miu Miu.
Além da Marc Jacobs, outras grifes revisitaram suas criações da década de 1990 com frequência. Visuais memoráveis da Versace e Azzedine Alaia tiveram um controverso retorno com a ajuda de Kim Kardashian, que resolveu copiar vários looks usados por Naomi Campbell no auge de sua carreira.
A volta da cartela fluorescente no ano passado fortaleceu a presença dos tons saturados de verde, amarelo e rosa, que ressurgiram nos tie-dyes, estrelas do próximo verão brasileiro, e nos sapatos, usados para dar vida às produções neutras.
A aguardada temporada final de Game of Thrones enfatizou um movimento que a série cravava nas passarelas desde 2015. Após quase uma década de roupas palacianas tomando nossas TVs aos domingos, um desejo subconsciente de ostentar mangas bufantes, golas altas, capas e cotas de malha atingiu em cheio o público feminino, que não se acanhou perante as extravagantes silhuetas medievais.
No segmento de bolsas, o ano começou apegado mais ao design do que à funcionalidade, fazendo as mini-bags e peças duplas tomarem o feed do Instagram. Contudo, o surgimento da The Pouch, da Bottega Veneta, e o novo shape da Jimmy Choo reascenderam o caráter utilitário dos acessórios.
Entre os calçados, a onda dos “tênis feios” (como ficaram conhecidos os dad sneakers) deu lugar às colaborações de marcas de luxo com etiquetas esportivas.
Apenas nas últimas semanas, fomos surpreendidos com parcerias históricas entre Prada e Adidas, Balmain e Puma, e Dior e Nike, mas é um outro comportamento iniciado neste ano que deve chamar atenção em 2020.
Confira:
Tênis sustentáveis
Com a consciência ecológica e o streetwear se tornando duas das categorias mais badaladas da moda, era apenas uma questão de tempo até ambas se encontrarem. À medida que as grifes de luxo começaram a adotar a compensação das emissões de gás carbônico, as labels focadas em sapatos preferiram investir em peças sustentáveis.
Em uma crescente no mercado internacional, a marca francesa Veja lançou um tênis de corrida fabricado com materiais reciclados e algodão orgânico. Já a New Balance anunciou seu Test Run PRJ 3.0 com uma sola produzida a partir dos materiais excedentes de sua produção.
A Reebok, parte do grupo Adidas, divulgou o Forever Floatride Grow, feito com borracha natural, folhas de eucalipto e palmilha de algas, enquanto a líder do conglomerado começou os testes de seu primeiro tênis 100% sustentável, o Futurecraft.Loop.
Como as pesquisas relacionadas ao termo sustentabilidade aumentam 75% a cada ano, com uma média de 27 mil buscas mensais no site Lyst, é esperado que várias outras grifes entrem na movimentação socioambiental.
Moda sem gênero
Quando as maiores estrelas pop do planeta aderem a um comportamento, você sabe que isso, com certeza, chegará ao consumidor final. No início de novembro, a cantora Rihanna postou uma foto de si mesma com uma camiseta da marca Art School. Antes disso, em outubro, o britânico Harry Styles lançou o videoclipe da canção Lights Up, no qual ele veste um terno azul de seda desenhado pelo designer Harris Reed.
Em ambos os casos, os artistas optaram por marcas que se identificam como não binárias, uma movimentação cada vez mais frequente na indústria têxtil. Grande parte dessa revolução se deve ao estilo das estrelas da Geração Z, como Sam Smith, Billie Eilish, Yungblud e Lil Uzi Vert. Todos eles se vestem-se de maneira andrógina e falam abertamente sobre comprar em todas as seções de uma loja.
A última edição da Semana de Moda de Nova York contou com 36 modelos que se identificaram como transgêneros ou agêneros, 30 a mais que na temporada passada, enquanto, no São Paulo Fashion Week, um modelo do DF roubou a cena ao ser o primeiro homem trans a cruzar a passarela do evento.
Indya Moore e Dominique Jackson, da série Pose, se tornaram as primeiras pessoas com gênero fluido a protagonizar campanhas para Louis Vuitton e Valentino, ao passo que as lojas de departamento, como Zara, H&M e Riachuelo, investiram em linhas neutras em termos de gênero.
“O próximo passo é a moda deixar de ver a fluidez de gênero como uma tendência, nos vendo como pessoas reais e garantindo que a comunidade queer receba mais direitos, segurança e respeito”, afirma o influenciador Ben Pechey ao The Guardian.
Cardigã
O cardigã é uma peça atemporal, e a atriz Katie Holmes deu um “empurrão” para o item ganhar status de protagonista do outono 2019. A norte-americana surgiu nas ruas de Nova York combinando um modelo da marca Khaite com um top de cashmere da mesma cor e material. A pegada cool e moderna da produção fez um sucesso estrondoso.
Após as fotos do look viralizarem na internet, o sutiã esgotou no e-commerce da marca em uma hora, o que alarmou a gigante Zara. Devido a rápida aceitação do conjunto, a fast fashion espanhola reproduziu o mood em roupas mais acessíveis.
Não demorou muito até que os cardigãs tomassem o street style e o mercado de luxo. No meio-tempo em que Moschino, Gucci, Miu Miu, Loewe e Christopher Kane apresentaram suas versões do item, Gigi e Bella Hadid, Kendall Jenner, Kaia Gerber e Emma Roberts passaram a ostentar a peça não só como complemento mas como peça-chave.
Com a chegada das baixas temperaturas no Hemisfério Sul, a partir de abril, a peça deve repetir o sucesso que fez no mercado europeu.
Logomania
Outro resquício dos anos 1990, a logomania voltou à moda ainda em 2017, após o boom do mood esportivo no mercado de luxo. Por meio da Supreme, a tática de estampar roupas com as logos de uma companhia ganhou força, também, entre as grifes mais tradicionais.
Em 2019, as identidades visuais das marcas passaram a surgir com frequência nas bolsas. Valentino, Jimmy Choo e Versace viram suas vendas crescerem consideravelmente após desenvolverem enormes fechos de metal que ressaltam o monograma de cada empresa.
A estampa Zucca, que ressalta a logo da Fendi, foi tão difundida no mercado que virou alvo da pirataria. Contudo, as milhares de cópias da padronagem espalhadas pelas ruas não impediu o print de ser considerado o melhor do ano pelo Lyst.
Para o próximo ano, o merchandising fashion ainda deve surgir com força nas bolsas, mas pingentes e presilhas de cabelo também ganharão as assinaturas das grifes.
Puffer Jackets
A Moncler, com sua famosa técnica de matelassê, conseguiu fazer as puffer jackets desejáveis novamente, com uma ajudinha da realeza britânica. A exemplo da Princesa Diana, que exibia uma sequência de casacos amplos no início dos anos 1990, Kate Middleton optou por ir a um evento de caridade da ONG Family Action com casaco vermelho bem fofinho.
Como tudo o que a futura rainha da Inglaterra toca, a peça se tornou um dos investimentos mais quentes no inverno do Hemisfério Norte. Para o desfile de Ação de Graças da Macy’s, Ciara ostentou uma puffer jacket da collab entre Valentino e Moncler, enquanto Kendall Jenner combinou algo parecido com jeans e salto.
Em seu mais recente pre-fall, desfilado em um metrô abandonado, na semana passada, o designer Jeremy Scott, da Moschino, voltou a revisitar o item, provando que as silhuetas amplas continuarão com tudo no próximo ano.
Colaborou Danillo Costa