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Brasileiros criticam Rihanna por usar pele nas criações da Fenty

Cantora apresentou novidades de sua grife de luxo nesta semana, mas peças feitas com couro de cordeiro não agradaram a alguns fãs

atualizado

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Stefanie Keenan/Getty Images for Christian Dior
Christian Dior Cruise 2018 Show and After Party
1 de 1 Christian Dior Cruise 2018 Show and After Party - Foto: Stefanie Keenan/Getty Images for Christian Dior

Desde que chegou ao mercado da moda com sua etiqueta de lingeries Savage x Fenty, a cantora Rihanna tem sido apontada como um ícone da inclusão. No entanto, para alguns fãs brasileiros, a imagem que a artista construiu nos últimos 18 meses pode estar em risco. Na última terça-feira (12/11/2019), a estrela de Barbados anunciou a nova coleção da Fenty, sua grife de luxo. Para a surpresa de muitos internautas, o trabalho chegou ao e-commerce da label com pelo menos quatro peças de pele animal, levando a estrela a enfrentar uma enxurrada de críticas na internet, com direito a uma aparição nos Trending Topics do Twitter.

Vem dar uma olhada comigo!

A nova polêmica envolvendo Rihanna começou quando os fãs da cantora foram ao e-commerce da Fenty dar uma olhada em suas novas criações.

Por lá, encontraram quatro produtos com pele de cordeiro em sua composição: um volumoso casaco branco, uma jaqueta oversized marrom e um cachecol, todos 100% feitos com matéria-prima animal, e um mule com aplicações felpudas na gáspea e no salto.

Reprodução/Fenty
Nova coleção da Fenty não agradou aos defensores do animais

 

Reprodução/Fenty
Trabalho contém pelo menos quatro peças feitas com pele de cordeiro

 

Reprodução/Fenty
Os brasileiros não perdoaram Rihanna e querem “cancelar” a estrela

 

Reprodução/Fenty
E-commerce especifica material usado: 100% couro de novilho

 

Sapato também ganhou aplicação de matéria-prima animal

 

Não demorou muito para que os defensores dos animais criticassem os itens no Twitter. “Desculpa, gente, mas casaco de pele em pleno 2020 é um baita retrocesso. Rihanna, mulher, tu és inteligente demais pra isso. Dá tempo de deletar essa linha de produção e começar outra mais sustentável”, sugeriu uma fã.

Querendo mostrar que estão superantenados com as atuais mudanças no segmento têxtil, alguns seguidores pediram à estrela que ela invista mais em soluções que não agridam os animais, aos moldes do que, supostamente, fazem grifes como Chanel, Gucci, Versace, Prada e Burberry.

“Em pleno 2020 usar pele 100% animal, com tantos avanços tecnológicos? Não tem como fazer uma pele sintetizada, não?”, indagou outro usuário.

De fato, existem muitas soluções para o uso de peles e couros animais. Como noticiamos em novembro passado, cascas de abacaxi e bagaços de uva são utilizados como alternativa para o problema, ao passo que cientistas mexicanos apresentaram, em outubro, uma pele artificial feita de cactos.

Reprodução/Ananas Anam
Pinatex, o couro de abacaxi

 

Reprodução/Vegea
Textura de couro alcançada com bagaços de uva

 

Reprodução/CicloVivo
Adrián López Velarde e Marte Cázarez criaram couro de cacto

 

Contudo, diferentemente do que muitos fãs acreditam, as concorrentes de Rihanna não são tão evoluídas assim. A Gucci abandonou o uso das peles de mamífero, mas ainda usa couro de cobra em suas peças. A Chanel e muitas outras labels baniram os couros exóticos, mas as matérias-primas bovinas continuam a todo vapor.

Divulgação/Gucci
Gucci ainda usa couro de cobra em seus acessórios

 

Divulgação/Chanel
Bolsa Chanel da nova coleção, feita com couro de cordeiro

 

Até mesmo a rainha Elizabeth II não deixou de usar peles, como foi amplamente noticiado no início do mês. As próximas roupas criadas para a monarca não terão tecido animal em sua composição, mas ela não deixará de vestir as que já existem em seu closet, como fez Kim Kardashian ao substituir seus casacos antigos por versões sintéticas.

© Pool Photograph/Corbis/Corbis via Getty Images
A rainha Elizabeth II entrou para a onda fur free, mas não vai deixar de usar peles, como foi noticiado pela mídia

 

ascal Le Segretain/Getty Images for Buro
Kim Kardashian, por outro lado, mandou reproduzir versões sintéticas de seus casacos favoritos

 

O estado da Califórnia, nos EUA, baniu a venda e comercialização de peles. Porém, a lei assinada pelo governador Gavin Newson não se aplica às práticas religiosas e exclui as peles de cachorro, gato, vaca, veado, ovelha e cabra, bem como qualquer item preservado por taxidermia.

Michael Tran/FilmMagic
O governador Gavin Newson sancionou lei que proíbe a comercialização de peles, mas legislação não inclui couro de cachorros, gatos, vacas, veados, ovelhas e cabras

 

Outro fator que vale a pena levar em consideração diz respeito à técnica usada nos produtos da Fenty. O processo de shearling, no qual a pele de novilho ou cordeiro é tosquiada de forma que o material final tenha uma profundidade uniforme, muitas vezes é feito em animais que já serão abatidos para consumo.

A etiqueta brasileira Osklen, por exemplo, ganhou selo internacional de sustentabilidade por reaproveitar o couro dos pirarucus que alimentam as comunidades ribeirinhas da Amazônia.

Divulgação/Osklen
A Osklen ganhou a certificação Eco-Age, entregue a marcas que seguem boas práticas em critérios ambientais, sociais e éticos

 

É importante lembrar, também, que o movimento fur free tem incomodado a comunidade negra norte-americana. Nomes como Cardi B e Safaree Samuels, ex-noivo de Nicki Minaj, alegam que o fim do uso de peles chega em um momento no qual os negros têm poder aquisitivo suficiente para comprá-las, algo intragável pelo ponto de vista caucasiano.

“Há um sentimento entre muitas mulheres negras de que essa rejeição cultural das peles coincidiu com nossa maior capacidade de comprá-las”, escreveu a colunista Jasmine Sanders no New York Times.

MediaPunch/Bauer-Griffin/GC Images
Algumas celebridades, como o rapper Safaree Samuels, condenam o movimento fur free

 

Noam Galai/Getty Images for Beautycon
Cardi B é outra estrela que não abre mão das fibras animais

 

Esta não é a primeira vez que Rihanna se vê em uma polêmica envolvendo o uso de matéria-prima animal. Em 2017, ela foi criticada, em carta aberta, pela organização de defesa dos animais PETA, após por usar um casaco de pele de raposa durante um desfile da Dior. A ONG até enviou uma roupa feita de material sintético para a cantora.

Stefanie Keenan/Getty Images for Christian Dior
Rihanna já havia sido criticada ao finalizar este look com um casaco de pele

 

Colaborou Danillo Costa

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