Bralette: conheça o modelo de sutiã que é sucesso entre fashionistas
Graças a era #MeToo, modelo que exala conforto ganha força no segmento de lingerie, antes comandado pelos push-ups da Victoria’s Secret
atualizado
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A era #MeToo tem redefinido o sex appeal feminino e, ainda no começo deste ano, falamos em detalhe sobre o assunto aqui na coluna. Hoje, ao renovar o guarda-roupas feminino, não observamos apenas tendências e design. Aspectos como positividade corporal, inclusão, aceitação e autenticidade se tornaram cruciais na hora de adquirirmos uma nova peça. Foi em meio a essa movimentação que o mercado de lingeries se transformou drasticamente. Se antes os modelos push-up eram celebrados por sua sustentação norteada por arames e bojos que comprimem e aumentam o volume dos seios, agora são os bralettes que chamam atenção entre as fashionistas.
Vem comigo saber mais!
A modelagem despretensiosa dos bralettes tem impactado o mundo da moda. Difundida entre as marcas de sportswear, a peça não tem fios de sustentação em sua estrutura. É um sutiã mais fluido e descontraído, que privilegia a forma natural das mamas, deixando-as mais à vontade. Não tem grande poder de elevar os seios e, na maioria das versões, não possui decotes profundos, mas está em toda parte neste verão.
No street style, o modelo surgiu com jaquetas, blazers, transparências, vestidos ou como protagonista, brilhando sozinho na parte de cima dos looks, enquanto, entre as celebridades, o item pôde ser visto até mesmo em produções mais clássicas.
Para o ensaio de seu casamento, no final de junho, Zoë Kravitz apostou em uma criação de Danielle Frankel. O visual trazia um bralette de renda combinado a biker shorts, ambos sobrepostos por um minivestido transparente.
Além da atriz, Elle Fanning, Bella Hadid, Awkwafina, Margot Robbie, Sophie Turner, Maisie Williams, Naomi Watts, Lady Gaga, Ariana Grande, Charlize Theron, Jennifer Lopez e as Kardashians também têm investido na tendência.
Ao contrário dos push-ups, com forma alta e contenções por todos os lados, os bralettes criam uma silhueta suave e delicada, que acaba se tornando uma opção mais moderna na hora de estruturar o visual. “Quem quer seios que se parecem com bolas de tênis?”, questionou a estudante Antonia Gehnrich ao The New York Times, apontando os bralettes como uma nova norma de estilo.
Outra vantagem deste tipo de peça são os tamanhos. Os formatos padrões são guiados por uma infinidade de combinações alfanuméricas, enquanto os bralettes variam do PP ao GG. “Os tecidos usados e suas silhuetas menos estruturadas permitem um ajuste mais flexível”, disse Maddie Flanigan, designer de lingerie atuante na Filadélfia, ao The New York Times.
Os sutiãs com bojo ainda representam mais da metade de todas as vendas do segmento de lingeries nos Estados Unidos, mas o primeiro relatório de vendas da Savage X Fenty, da cantora Rihanna, mostra que isso deve mudar nos próximos anos.
Desde o lançamento da marca, há um ano, a saída de modelos bralettes corresponde a 42% das compras, em contraponto aos sutiãs push-up, que representam apenas 6% do consumo da etiqueta.
“Há 50 anos, a moda tentava fazer as pessoas prestarem atenção nos bralettes, mas hoje são eles que estão impulsionando a moda”, disse Ellen Lewis, especialista do setor de underwear ao jornal nova-iorquino.
Segundo Cora Harrington, fundadora e editora-chefe do blog The Lingerie Addict, o modelo surgiu no meio da década de 1960, por meio das mãos da designer Rudi Gernreich, entusiasta do movimento Ban the Bra.
Daí em diante, a peça apareceu na Suíça, no final nos anos 1970; na Itália e na França, na década seguinte; e nos EUA, nos anos 1990, quando sua modelagem foi atrelada aos esportes. “A athleisure tornou o bralette aceitável”, disse Susan Sokolowski, diretora do Programa de Pós-Graduação em Design de Produto Esportivo da Universidade de Oregon, que trabalhou para a Nike.
No novo milênio, os bralettes ganharam versões em crochê, sucesso nos festivais de música no início do século 21, e agora chegam às ruas com força total, inclusive entre consumidoras com mamas avantajadas. “Mulheres de seios grandes querem o mesmo privilégio que todo mundo tem, nem que seja em casa, depois do trabalho”, disse Ellen Lewis.
Particularmente, nunca fui adepta ao modelo push-up. No meu universo fashion, priorizo, quase sempre, peças que me deixam à vontade. Ao que tudo indica, as adolescentes da Geração Z também. Essas novas consumidoras, atualmente foco do mercado de consumo, prezam por um estilo mais despojado, despretensioso e, inclusive, confortável. Diferentemente das millennials, “as mulheres mais jovens são muito críticas e querem evitar que os mamilos apareçam”, disse Christiane Braun, chefe de gerenciamento de projetos e design da etiqueta Hanro, que tem incluído bojos finos e removíveis nos bralettes.
Atualmente, quando o assunto é sutiã, a regra não é mais deixar tudo durinho no lugar, mas sim investir em conforto.
Colaborou Danillo Costa