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A essência por trás do minimalismo da marca brasiliense Dobe

O diretor criativo revelou as dificuldades de empreender no Brasil e os planos para 2018, que incluem parcerias internacionais

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Felipe Menezes/Metrópoles
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Em 2015, a Dobe lançou sua primeira coleção. Assim, surgiu (finalmente) uma marca cool e moderna de moda minimal autenticamente brasiliense. Foram produzidas 300 peças e bastou um evento para vender metade delas.

Nos últimos dois anos, a Dobe cresceu e a cada coleção ela se reinventa, mostrando que o básico não precisa ser entediante e repetitivo. Em dezembro de 2017, eles lançaram a coleção “Fogo” e deram um grande passo na história da marca: inauguração da loja pop up em um shopping na cidade.

No ano passado, Paulo Augusto Albuquerque e Pedro Machado colheram frutos após tanta dedicação. A marca desfilou no Veste Rio e, na ocasião, foi devidamente apresentada aos principais jornalistas de moda do país, inclusive da Vogue. “Ser minimalista é transmitir uma informação com o mínimo de elementos possíveis. Queríamos fazer a ação certa ou ficar quieto”, afirma Paulo Augusto. Assim, aconteceu no Veste Rio.

Durante uma entrevista deliciosa, o diretor criativo da Dobe, Paulo Augusto Albuquerque, me contou várias curiosidades. Uma delas é sobre a decisão da escolha de tons neutros para a produção das peças: ele é daltônico.

Na entrevista abaixo você também vai conferir um pouco sobre a história, a proposta da marca, os desafios de empreender no Brasil e outras novidades planejadas para 2018.

Quer saber mais? Então, vem comigo!


O que motivou você e o Pedro a criar a Dobe?
Tínhamos duas necessidades: atender as expectativas de mercado e as expectativas pessoais e profissionais de cada um. Nós queríamos abrir um novo negócio e começamos observando as pessoas. “Como a gente poderia atingi-las? O que elas fazem? O que consomem sempre?”. E chegamos na indústria da moda. A partir daí, começamos a observar o mercado. Percebemos a ausência de uma marca de roupas pretas, brancas e cinzas, exclusivamente, básica, com alta qualidade e bom posicionamento.

Como foi o processo de criação da logomarca e do nome da label?
Decidimos desenvolver uma linha de roupa básica e ao mesmo tempo complexa, pois a nossa base criativa era o preto, o branco e o cinza. O nome deveria estar relacionado a esse conceito. Algumas ideias foram surgindo, como: bonito, básico e peculiar. Acabamos chegando na palavra gota, depois de mais de um mês de brainstorming.

Ela trazia todos os traços que a gente procurava: todo mundo sabe o significado e, além disso, é básica e interessante ao mesmo tempo. A gota assume aquela forma através das interações do hidrogênio com o oxigênio, assim como a nossa marca que trabalha com apenas três cores. Porém, já existia o registro da palavra no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e ela trazia um arquétipo negativo, por fazer referência a uma doença.

Procuramos traduções no Google Tradutor e quando botamos no idioma igbo (dialeto do sudeste da Nigéria) apareceu a palavra dobe. Além de ser curta (nós queriam uma palavra de até cinco letras), poderia ser falada na maioria dos idiomas, sem muita perda do sentido, porque é uma palavra inexistente. Então, Dobe permitia a criação de um universo em volta dela.


Quais foram as principais preocupações durante esse processo?
Qualquer nova empresa tem dificuldade em ter acesso a crédito no Brasil. E quando você encontra, ele é caro. Além das taxas onerosas, o processo burocrático demanda muito tempo, o que adia as ações. A relação entre os sócios também se transforma em um casamento complexo: a parceria deve estar bem alinhada e conversada. Mas, sem dúvida, a parte mais difícil de qualquer negócio é a gestão de pessoas, saber lidar com as limitações de cada um.

Qual é o maior diferencial da marca?
Só trabalhamos com preto, branco e cinza de forma extremamente minimalista, com a melhor qualidade possível — sempre pensando na praticidade do usuário — e com bom posicionamento. Os clientes da Dobe são legais, têm propósito na vida e gostam de usar roupas supersimples e versáteis. E a marca se encaixa nesse perfil. Quem é mais extravagante pode usar as coleções com um relógio, tênis ou uma jaqueta chamativa. Os mais básicos podem combinar as peças com cores mais sóbrias.

Os últimos eventos nos quais a Dobe esteve presente consolidaram a marca no cenário fashion nacional. Como foi a experiência no Veste Rio?
Depois de dois anos e meio de trabalho, vimos que estávamos preparado para abrir nossa história para o Brasil. O processo aconteceu por meio da parceria com a Duda Maia da +5561 Brand Boutique, a partir dos contatos dela conseguimos chegar até à Vogue. Tínhamos também um material muito bem feito pelo Marcus Mendes da Manufatura.

Fomos ao Veste Rio mostrar o conceito da marca do jeito certo e para as pessoas certas. Durante o evento, conseguimos organizar uma experiência para as maiores cabeças do mundo da moda. Estavam lá, Daniela Falcão, da EGCN, Silvia Rogar e o Sylvain Justum da GQ. Colhemos frutos. Recebemos o convite para fazer parte dos novos talentos e nos concretizamos como uma empresa brasileira minimalista Top of Mind.

Instagram/Reprodução
Registros de Paulo Augusto com o time do Caderno Ela e da Vogue Brasil


Quais são as novidades que os clientes podem esperar da Dobe nesta temporada?
Uma coleção com mix maior de produtos. Um dos nossos focos vai ser uma busca ferrenha atrás dos melhores fornecedores do Brasil. Vamos abrir uma linha feminina, alinhada com o conceito da marca. Nela, vamos ter uma parte de t-shirts muito forte e algumas peças essenciais como a pantacourt e a salopete para compor o look. Teremos itens mais lisos e básicos e outros mais rebuscados nos detalhes.

As pessoas devem esperar maior qualidade e um trabalho cada vez mais autoral. Vamos criar objetos de desejo. Além disso, planejamos mais parcerias para a Dobe. Em dezembro, lançamos uma coleção junto com o Gurulino, um artista daqui de Brasília superconhecido.

A gente quis trabalhar com outros talentos de Brasília. Então, lançamos uma linha especial com a banda Scalene e com o piloto Felipe Nasr. Isso é uma boa expectativa das colaborações da Dobe. Inclusive, já temos planos em andamento com marcas internacionais.


Você afirmou gostar de moda, mas disse que sua verdadeira paixão é o empreendedorismo. Por quê?
Depois de quase três anos estudando e vivendo esse mercado, já entendo a moda. É algo superprofundo e eu respeito demais. A minha essência, entretanto, é de empreender. Não estarei no mercado fashion para sempre. Se fizer sentido ir para outro campo, irei, sem problemas. Mas ainda não vejo saída, tenho muito trabalho pela frente nessa área.


Como você define moda?
A maneira como as pessoas se comunicam com os outros. Todo mundo se veste para sair de casa. Seja para ir ao trabalho ou a um restaurante. Até quem não acredita em moda está inserida nela. Se você, por exemplo, decide sair pelado na rua, isso é um statement.

A sociedade toda está envolvida com esse mercado e ele sempre vai estar presente na vida do ser humano. Mas, temos uma visão superficial da moda. Existe muita coisa boa nessa indústria. Vários estilistas estão fazendo um trabalho superbacana de upcycling, reciclagem e produção de matéria-prima orgânica, por exemplo. Existe uma evolução por trás dessa parte obscura e fútil, mas é difícil os céticos entenderem isso.

O mercado de Brasília tem sido receptivo com esse universo?
Me diga qual cidade grande, em pleno século 21, tem 60 anos de idade? A gente vive um privilégio, uma verdadeira obra de arte a céu aberto. O projeto de Brasília é espetacular. Apesar de ainda girarmos com grande injeção do governo, coisas interessantes podem acontecer por aqui. A moda faz parte delas.

Ainda falta muito profissionalismo na cidade. Não existe mão de obra qualificada, maquinário de ponta nem indústria por perto. A logística do Brasil ainda é onerosa e cara. Para trazer matéria-prima boa do Sul do país você paga pelo preço e também pelo tempo. Existem várias coisas que ainda precisam ser melhoradas aqui.

Das marcas que conheço, poucas delas têm noção profunda de moda e do impacto que podem fazer no mundo. Muitas vezes, empresários querem viver o próprio sonho, ter uma renda, sair de casa, mas se o objetivo final for o dinheiro, certamente não vai dar certo.

O diretor criativo Paulo Augusto Alburquerque e o proprietário Pedro Machado na inauguração da loja Pop Up

 

Confira mais fotos na galeria e até a próxima!

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O diretor criativo, Paulo Augusto Albuquerque
Escapulário de olho grego, da descolada joalheria Guerreiro
Coleção Fogo
Pulseira da Guerreiro
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O diretor criativo, Paulo Augusto Albuquerque

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Escapulário de olho grego, da descolada joalheria Guerreiro

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Os clássicos tênis da Superga

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