Em entrevista ao Metrópoles, a publicitária Mariana Lovis deu sua versão sobre a denúncia revelada pelo portal na última quinta-feira (22/10) de que é funcionária fantasma no gabinete do senador Hélio José (PSD-DF). “Eu não preciso estar lá para ajudá-lo, trabalho de casa”, disse a servidora contratada para o cargo de assistente parlamentar pleno, com salário de R$ 11.820,22.

Embora Mariana Lovis esteja contratada desde 23 de abril deste ano, a publicitária, que é casada com o deputado distrital Cristiano Araújo (PTB), nunca é vista no gabinete do senador. Em diferentes ocasiões, durante o horário de expediente, ela cumpre sua agenda social. Alguns dos eventos , inclusive, com registro nas redes sociais.

Segundo Mari Lovis, ela presta serviço de planejamento de comunicação e de mídia para o senador e não precisa estar presente no gabinete. “A gente acordou que eu trabalharia dessa forma”, afirmou. “Eu só me encontro com a ‘Dorilene’ e me comunico com ela por e-mail. Quando necessário, vou ao Senado e a gente se encontra para a produção de conteúdo. Realmente, no gabinete, vou muito pouco”, admitiu a moça.

A propósito, o nome da chefe direta de Mari Lovis é Dorleni e não “Dorilene”. Na noite de quinta-feira, a reportagem voltou a conversar com alguns dos 73 servidores lotados no gabinete do senador, e nenhum deles conhece Mariana Lovis.

O senador Hélio José afirmou ao Metrópoles que Mariana Lovis desempenha um “papel importante também no meio social”. Em nota à imprensa, o parlamentar ainda disse que seu escritório de apoio fica localizado fora das dependências do Senado e que, pela natureza do trabalho dessa equipe, não há a necessidade de marcarem o ponto de entrada e saída, pois têm horário variado de trabalho, com muitas atividades nos fins de semana”.

Exoneração
Esse mesmo estilo de trabalho foi o que motivou, recentemente, a exoneração de uma filha de Hélio José da Câmara Legislativa. Isabella Tainá Mascarenhas exerceu função comissionada na Casa, com salário de R$ 9.274,75. Ela foi lotada no Bloco Democrático Trabalhista Progressista, integrado pelo distrital Cristiano Araújo (PTB). “Não tenho nada a ver com essa indicação, nem conheço essa moça, não assinei documento algum nomeando ela para o cargo”, defendeu-se Cristiano Araújo.

Quem assinou a nomeação de Isabella foi o colega de bloco de Cristiano, o distrital Rafael Prudente (PMDB). Isabella acabou demitida três meses após ser contratada, depois da revelação, em setembro, de que também não aparecia para trabalhar.

O distrital nega que tenha relação com a indicação da filha de Hélio José. O senador também nega que sua funcionária, a mulher de Cristiano, seja servidora fantasma. Os dois políticos acham super natural essa história de assessor que não aparece para trabalhar no gabinete. Vai ver que tudo não passa mesmo de uma coincidência cruzada.