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Secretária de Justiça diz que, após programa, idosos aprenderam a se proteger da Covid-19

Marcela Passamani afirmou que o projeto Hotelaria Solidária possibilitou a volta para casa “de forma mais segura”

atualizado

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Jhonatan Ribeiro/Sejus
Marcela Passamani
1 de 1 Marcela Passamani - Foto: Jhonatan Ribeiro/Sejus

A secretária de Justiça e Cidadania do Distrito Federal, Marcela Passamani, disse, nesta quinta-feira (23/7), que o programa recém-encerrado Hotelaria Solidária, de hospedagem de idosos em hotel para evitar contágio do novo coronavírus, foi planejado e estruturado para durar até 90 dias.

O projeto acabou na terça-feira (21/7), dia em que todos os contemplados já tinham ido para casa. “Conseguimos ensinar os idosos a se protegerem do vírus, possibilitando o retorno aos seus lares de uma forma mais segura. Falamos sobre autocuidado e a importância da aquisição de novos hábitos saudáveis”, afirmou.

Em entrevista à coluna Grande Angular, Marcela pontuou que a ação da Secretaria de Justiça e Cidadania do DF (Sejus) é diferente de outros programas do Governo do Distrito Federal (GDF) prorrogados, como os que oferecem diárias em hotéis para profissionais da saúde e policiais penais.

“A natureza dos programas é distinta e com gestão e execução diferentes. O programa Sua Vida Vale Muito buscou propiciar aos idosos em condição de vulnerabilidade instrução sobre o quadro que a sociedade atravessa, com capacitação e orientação a esses idosos sobre essa nova doença, possibilitando o retorno aos seus lares de uma forma mais segura”, assinalou a titular da Sejus.

A pasta assinou, no dia 22 de abril de 2020, contrato com o Manhattan Hotéis e Turismo LTDA, responsável pelo Brasília Palace Hotel, para a hospedagem de até 300 pessoas, com quatro refeições diárias, por três meses. O valor total do acordo é de R$ 2,7 milhões. O preço, no entanto, não foi pago, de acordo com a Sejus, e o custo total ainda será calculado.

Confira a entrevista:

Como foi a experiência nos primeiros meses do projeto Hotelaria Solidária?

A ação Hotelaria Solidária foi um programa de êxito do Governo do Distrito Federal, que se tornou inclusive referência nacional e internacional. Ele foi criado no dia 13 de abril com o objetivo de oferecer hospedagem por até 90 dias para 300 idosos. Três meses depois, chegamos ao fim dessa ação sem nenhum caso de contaminação e com todos os idosos saudáveis, física e mentalmente, conscientes sobre a doença, e preparados para lidar com essa nova realidade.

No decorrer desses 90 dias, todas as medidas recomendadas pelas autoridades sanitárias foram adotadas rigorosamente para garantir a segurança de todos os idosos, servidores e colaboradores do projeto. Desde que chegaram ao hotel até a saída do programa, os idosos viveram em um ambiente acolhedor, criado para que se sentissem em casa. Eles tiveram acesso a alimentação acompanhada por nutricionistas, equipe de saúde 24h, testes para Covid-19 a cada 15 dias, atendimento com psicólogos e assistentes sociais, atividades físicas, lazer e oficinas.
O atendimento foi muito personalizado, os idosos não eram para nós apenas números, mas nomes e histórias. Cada atendimento foi registrado, e a nossa equipe trabalhou com muita dedicação, por conhecer as histórias e necessidades de cada um que ali esteve hospedado.

Cumprimos com excelência a proposta inicial do programa. E mais do que evitar o contágio pelo coronavírus, o programa ganhou maior dimensão: transformou vidas. Conseguimos ensinar os idosos a se protegerem do vírus, possibilitando o retorno aos seus lares de uma forma mais segura. Falamos sobre autocuidado e a importância da aquisição de novos hábitos saudáveis. Com isso, os idosos que não praticavam atividades físicas, por exemplo, descobriram a importância de se movimentar e de se exercitar. Isso mostra o quanto conseguimos proporcionar mudança na vida dessas pessoas.

Por qual motivo o programa foi encerrado agora? Outras iniciativas semelhantes, como as que dão hospedagem em hotéis a policiais penais e a profissionais da saúde do DF, foram renovadas neste mês. Por que o mesmo não foi feito com os idosos?

A Ação Hotelaria Solidária foi planejada e estruturada para durar até 90 dias, porque todo programa de governo precisa de uma data de início e finalização, para que seja possível destinar o orçamento necessário a executá-lo. Quando lançamos esta ação, no início de abril, foram reunidos esforços para garantir a execução do programa, e que teve essa característica de ser um projeto-piloto.

A natureza dos programas é distinta e com gestão e execução diferentes. O programa Sua Vida Vale Muito buscou propiciar aos idosos em condição de vulnerabilidade instrução sobre o quadro que a sociedade atravessa, com capacitação e orientação a esses idosos sobre essa nova doença, possibilitando o retorno aos seus lares de uma forma mais segura.

Já esse projeto destinado a profissionais de saúde e segurança busca garantir que esses profissionais se mantenham afastados da convivência do lar por atuarem na linha de frente da pandemia e estarem expostos a um contágio mais rápido, razão inversa do Programa Sua Vida Vale Muito.

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Segundo a Sejus, atividades físicas como danças, alongamento, meditação e consulta psicológica fizeram parte da rotina dos cerca de 300 idosos que foram hospedados no Brasília Palace Hotel
Secretária de Justiça e Cidadania do DF, Marcela Passamani
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Projeto Hotelaria Solidária foi encerrado no dia 21/7

Material cedido ao Metrópoles
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Segundo a Sejus, atividades físicas como danças, alongamento, meditação e consulta psicológica fizeram parte da rotina dos cerca de 300 idosos que foram hospedados no Brasília Palace Hotel

Divulgação/GDF
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Secretária de Justiça e Cidadania do DF, Marcela Passamani

Jhonatan Ribeiro/Sejus

A pasta efetuou o pagamento de todo o valor previsto no contrato com o Brasília Palace Hotel, de R$ 2,7 milhões?

Não. O que tínhamos dentro do planejamento contratual era referente à disponibilização de até 300 hospedagens por 90 dias, saindo a um custo máximo de 100 reais por diária, contemplando 4 refeições por dia e serviços de hotelaria incluídos. Logo, foi feita uma estimativa do valor máximo que poderia alcançar pela ocupação integral por todos os dias durante esse período de três meses.

Nós iniciamos com capacidade máxima e chegamos a atender 330 idosos no hotel, porém, no decorrer do programa, questões pessoais fizeram com que alguns idosos pedissem esse desligamento. Realizamos cinco chamamentos após isso, mas, por segurança, para não comprometer a saúde dos demais idosos que permaneciam, já não cabia mais fazer novas convocações.

Na execução do projeto, estabelecemos vários protocolos de segurança, e um deles era a reserva técnica de quartos para cumprimento de quarentena aos idosos que necessitavam de acompanhamento médico externo e tratamentos contínuos. Essa quarentena nos quartos reservados após o retorno ao hotel foi necessária, pois garantiu a segurança dos demais idosos que estavam ali hospedados.

Quais são os próximos passos da Sejus em atenção a essas pessoas que são do grupo de risco? Os idosos têm condições de se manterem seguros em casa mesmo, em alguns casos, sem possibilidade de isolamento domiciliar?

Durante o tempo em que estiveram no programa, nos preocupamos em preparar esses idosos, por meio de palestras e rodas de conversa, para lidarem com o vírus, conhecerem a doença e se protegerem do contágio. Aproveitamos esses momentos para orientar e conscientizar os idosos sobre a importância do uso da máscara, da higienização das mãos e do distanciamento social, e como manter esses cuidados e recomendação após o retorno às suas casas.

Como disse anteriormente, o atendimento foi personalizado, e criamos dois produtos para essa orientação após o desligamento, o Caderno e a Caderneta do Idoso. No caderno, mapeamos os equipamentos públicos que podem ser acessados por eles em sua região, como os Centros de Convivência do Idoso, os Centros Olímpicos, as unidades públicas de saúde.

A caderneta do Idoso foi ainda mais distinta, pois dividimos os idosos por regiões administrativas. Nela, orientamos essas pessoas a buscarem serviços oferecidos próximos às suas residências, de modo que pudessem continuar com uma rotina saudável, como as atividades físicas realizadas durante o período de permanência no hotel.

Todas as instruções e palestras guiaram os idosos no sentido de seguir à risca os mesmos protocolos de segurança estabelecidos durante a hospedagem. Hoje, eles retornam para suas casas mais informados sobre a doença, cientes de quais instruções seguir para evitar o contágio e confiantes sobre seu papel na sociedade.

No âmbito de atuação da Sejus, outros projetos serão lançados para dar apoio aos grupos de risco em geral nesses tempos de pandemia? Pode dar mais detalhes?

Antes mesmo de começarmos esse programa, nós realizamos visitas às Instituições de Longa Permanência da Pessoa Idosa do DF para distribuição de álcool em gel, equipamentos de proteção individual, e o desenvolvimento da cartilha de cuidados do idoso na pandemia, que orienta cuidadores e familiares. Encaminhamos à Secretaria de Saúde o pedido de testes para Covid-19 às 18 instituições de longa permanência vinculadas à Sejus e realizamos o monitoramento de vacinação com o objetivo de garantir a integridade desses idosos. Nós da Secretaria de Justiça nos preocupamos com esse grupo e trabalhamos para isso.

Essa experiência na Hotelaria Solidária foi valiosa para o trabalho da Sejus junto à população idosa. Conseguimos acompanhar de perto as principais fragilidades e necessidades. Todo o conhecimento adquirido será utilizado para que possamos desenvolver outros projetos voltados a essa população de 303 mil idosos do Distrito Federal.

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