metropoles.com

Relatório da PF revela: Temer recebeu recursos indevidos da Odebrecht. Confira a íntegra

Documento indica que houve crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no repasse de recursos da empreiteira ao emedebista e seu grupo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Rafaela Felicciano / Metrópoles
Temer fake
1 de 1 Temer fake - Foto: Rafaela Felicciano / Metrópoles

O delegado responsável pelo inquérito que investiga o presidente Michel Temer (MDB) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) relatório indicando ter havido crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no repasse de recursos da Odebrecht ao emedebista.

Thiago Delabary averigua o acerto de repasse ilícito no valor de R$ 10 milhões durante jantar no Palácio do Jaburu em maio de 2014.

O Metrópoles teve acesso à íntegra do documento (veja abaixo).

Relatório_INQ_4462 by Metropoles on Scribd

 

Segundo a Polícia Federal, teriam participado do encontro no Jaburu, além de Temer: o atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha; o empresário Marcelo Odebrecht, à época na presidência da construtora; e o então executivo da empresa Cláudio Melo Filho.

A apuração teve por base o acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal pela cúpula da empreiteira: além de Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho, os também ex-executivos da empreiteira José de Carvalho Filho, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, Paulo Henyan Yue Cesena e Hilton Silva.

Os investigadores individualizaram a conduta de cada investigado e as irregularidades por eles cometidas (confira abaixo). Agora caberá ao relator do caso no Supremo, ministro Edson Fachin, encaminhar o relatório da PF à Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta nova denúncia contra o presidente Michel Temer – duas peças acusatórias anteriores formuladas pela PGR contra Temer acabaram arquivadas na Câmara dos Deputados.

Até a última atualização desta matéria, o Palácio do Planalto não tinha se manifestado sobre as conclusões da Polícia Federal. Anteriormente, Temer já havia repudiado as acusações.

 

Quem foi citado

Wellington Moreira Franco, atual ministro de Minas e Energia:
Teria solicitado R$ 4 milhões a executivos da empreiteira, “valendo-se da função pública e em função dela”. Os valores supostamente foram encaminhados a autoridades do mesmo grupo político.

Eliseu Campos Padilha, atual ministro-chefe da Casa Civil:
Dos recursos solicitados por Moreira Franco, Padilha teria recebido R$ 500 mil, em 14 de maio de 2014, e mais R$ 562 mil cinco dias depois. Em 28 de maio do mesmo ano, segundo a PF, pediu diretamente a executivos da empreiteira, no jantar ocorrido no Jaburu, R$ 10 mil de contribuição ao MDB. À época, Eliseu Padilha era deputado federal e líder do partido na Câmara. Do total, recebeu, pelo assessor Ibanez Filter, R$ 1 milhão: R$ 500 mil em 15 de agosto e mais R$ 500 mil no dia 18 daquele mês em 2014. Ele também teria pedido ao advogado José Yunes “que albergasse” (ficasse de posse dos) recursos pagos pela empreiteira. De acordo com a Polícia Federal, em 4 de setembro, o R$ 1 milhão foi entregue a Yunes. 

Michel Miguel Elias Temer Lulia, atual presidente da República e vice à época:
Teria recebido de seu amigo coronel João Baptista Lima Filho, em São Paulo: R$ 500 mil em 19 de março de 2014; R$ 500 mil no dia seguinte; e mais R$ 438 mil em 21/3 daquele ano. Os valores faziam parte dos R$ 10 milhões solicitados por Moreira Franco à Odebrecht. Também seria o “possível destinatário dos valores recebidos por José Yunes em 4/9/2014, em seu escritório de advocacia”, registra a PF no documento encaminhado ao STF.

Eduardo Consetino da Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, preso na Lava Jato:
Teria recebido R$ 500 mil em 1º de outubro de 2014, em São Paulo, por meio de Altair Alves Pinto.

Paulo Antônio Skaf, ex-presidente da Federação das Indústrias de São Paulo e candidato a governador do estado pelo MDB nas Eleições 2014:
Supostamente recebeu R$ 5.169.160 do total solicitado por Moreira Franco e entregue pela Odebrecht.

José Eduardo Cavalcanti de Mendonça, o publicitário Duda Mendonça:
Teria recebido R$ 5.169.160 entre os dias 21 de agosto e 30 de outubro de 2014, como pagamento pelos serviços prestados à campanha de Skaf, mas os recursos foram omitidos da prestação de contas do candidato à Justiça Eleitoral.

Ibanez Ferreira Filter: 
Supostamente recebeu, “no interesse” de Eliseu Padilha, R$ 1 milhão, sendo metade em 15 de agosto e o resto no dia 18 do mesmo mês em 2014.

João Batista Lima Filho, amigo do presidente Temer:
Teria recebido em nome do então vice-presidente da República: R$ 500 mil em 19 de março; mais R$ 500 mil no dia 20 daquele mesmo mês; e R$ 438 mil no dia seguinte – num total de R$ 1.438.000.

José Yunes, advogado:
Supostamente recebeu, a pedido do ministro Eliseu Padilha e “no possível interesse” de Michel Temer, R$ 1 milhão, em seu escritório em São Paulo, em 4 de setembro de 2014.

Altair Alves Pinto: 
Teria recebido, em nome do ex-deputado Eduardo Cunha, R$ 500 mil em São Paulo, em 1º de outubro daquele ano.

Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira: 
Conforme consta no relatório da PF, o empresário prometeu durante o referido jantar, em 28 de maio de 2014, a entrega de R$ 10 milhões ao ministro Eliseu Padilha e “ao grupo político que ele representava, visando a posterior obtenção de vantagens”.

Cláudio Melo Filho, ex-executivo da Odebrecht:
Nos meses iniciais de 2014, teria providenciado o atendimento do pedido do ministro Moreira Franco, pagando inicialmente R$ 4 milhões ao grupo político, visando vantagem posterior junto à Secretaria de Aviação Civil, então comandada pelo emedebista. Além disso, segundo a Polícia Federal, ele e Marcelo Odebrecht prometeram, no jantar do Jaburu, os R$ 10 milhões solicitados por Eliseu Padilha.

 

Outro lado
Em nota, o Palácio do Planalto considerou a conclusão do inquérito policial sobre o caso um “atentado à lógica e à cronologia dos fatos”. Segundo o texto, o referido jantar ocorreu justamente para tratar de pedido de apoio formal para as campanhas eleitorais do MDB de 2014, “o que ocorreu dentro de todos os ditames legais” e com todos os registros formalizados junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Agora, sem conseguir comprovar irregularidades nas doações, o delegado aponta supostos pagamentos ocorridos em março como prova dos crimes, ou seja, dois meses antes do jantar”, argumentou a Presidência. Para o Planalto, a apuração “se mostra a mais absoluta perseguição ao presidente, ofendendo os princípios mais elementares da conexão entre causa e efeito”.

Por meio de sua assessoria, o ministro Moreira Franco afirmou não ter participado do jantar no Jaburu, tampouco solicitado qualquer favor a representantes da Odebrecht ou de outra empresa. “A Odebrecht arrematou a concessão do Galeão [aeroporto no Rio de Janeiro] por R$ 19,3 bilhões e não por atendimento de interesses”, disse. Para o ministro, a investigação do caso foi inconsistente.

A defesa do ministro Eliseu Padilha não quis comentar o caso: se for o caso, haverá manifestação nos autos do processo.

A defesa do coronel Lima Filho disse desconhecer o teor do relatório, mas reafirmou a inexistência de prática ou participação do amigo do presidente em atos ilícitos.

Já a equipe de Paulo Skaf sustentou que todas as contribuições de campanha foram devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?