Iphan aprova projeto de construções ao redor do Estádio Mané Garrincha
O órgão federal avaliou a volumetria arquitetônica das edificações propostas e o impacto à preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília
atualizado
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O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou a proposta da Arena BSB para a construção de um complexo de edificações vizinhas ao Estádio Nacional Mané Garrincha, no Setor de Recreação Pública Norte (SRPN).
A área da intervenção integra o Complexo Esportivo de Brasília, entregue à iniciativa privada em 2020 por meio de concessão pública.
Em parecer técnico emitido na última sexta-feira (2/10), o Iphan avaliou a volumetria arquitetônica das construções, ou seja, as proporções, e o impacto à preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (CUB).
De acordo com o documento do Iphan, além das novas edificações, o projeto prevê a demolição do Complexo Aquático Cláudio Coutinho e das quadras do Complexo Esportivo Presidente Médici. Os dois edifícios não são tombados isoladamente e não estão indicados como objetos de interesse patrimonial, por isso, as derrubadas não acarretam prejuízos significativos, segundo a avaliação do órgão federal.
O Iphan entendeu que a proposta está, de modo geral, em conformidade com os parâmetros estabelecidos para a proteção do CUB em relação ao SRPN. “Não havendo riscos à preservação do Conjunto Urbanístico Tombado e, portanto, nenhum impeditivo para a aprovação do projeto”, assinalou.
A Arena BSB, responsável pela manutenção e gestão do complexo, disse à coluna Grande Angular que a aprovação pelo Iphan “significa um importante passo na criação de um boulevard voltado para entretenimento e lazer, com investimentos previstos na ordem de R$ 500 milhões e geração de mais de 4 mil empregos diretos”.
“Fortalecerá o turismo no Centro Oeste e colocará o Distrito Federal no eixo dos grandes eventos”, pontuou o consórcio.
Ao contrário do que consta no documento do Iphan, a Arena BSB informou, após a publicação desta matéria, que não apresentou projeto de demolição do Complexo Aquático, mas apenas para o Ginásio Claudio Coutinho, “interditado há anos pela Defesa Civil”.
Diretrizes
O Iphan destacou, no entanto, preocupação com a intenção de cercar a área e frisou que a ação é proibida. Ao dar o aval ao projeto, o instituto frisou que serão fornecidas diretrizes no âmbito da análise do Plano de Uso e Ocupação do SRPN, que está em tramitação no órgão.
Ressaltou, ainda, que é da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) a responsabilidade para avaliar, adequar e aprovar o empreendimento em relação à legislação de uso e ocupação do solo e aos parâmetros arquitetônicos expressos no Código de Edificações.
Projeto
O memorial descritivo do projeto para a Arena BSB prevê a criação de um espaço para atividades esportivas sobre rodas (skate e patins), anfiteatro para eventos, boulevard, quadras, campos, área verde e estacionamentos externos com 4.717 vagas.
Também devem ser erguidos módulos de apoio (MA), estruturas em concreto armado para suporte às atividades externas e que abrigam, dependendo da localização, infraestrutura sanitária, espaços de comércio e serviço. Também podem ser utilizados como abrigo coberto para espera de táxi, veículos de aplicativo e outros modais.
A ARQBR Arquitetura e Urbanismo venceu um concurso realizado em 2019 e se tornou a responsável pelo projeto arquitetônico do complexo esportivo onde se encontra o Mané Garrincha. A ideia de Eder Rodrigues de Alencar levou o prêmio de R$ 5,2 milhões.
Veja imagens do projeto e do anúncio:
Gestão
O Mané Garrincha foi reconstruído para a Copa do Mundo de 2014 e ficou nacionalmente conhecido pelo superfaturamento nas obras na gestão de Agnelo Queiroz (PT). Em 2019, o estádio e todo o complexo ao redor se tornaram objeto de concessão pública, após contrato assinado pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB).
Única interessada em assumir o complexo esportivo, a Arena Bsb terá uma missão para os 35 anos à frente da gestão do espaço: criar condições competitivas para que a região se torne um negócio rentável. Assim, a empresa deverá investir quase R$ 700 milhões no empreendimento nos próximos quatro anos.
O consórcio responsável tem participação das empresas RNGD Consultoria de Negócios Ltda-EPP e Arena do Brasil Gestão de Estádios e Arenas Ltda. Em 2020, ele passou a ter o controle total dos mais de 152 mil metros quadrados de potencial construtivo da região.