Governo Rollemberg é nota zero para 30% dos brasilienses, diz pesquisa
Dos 1,2 mil entrevistados pela pesquisa Metrópoles/Dados, 68,2% consideram o governo de Rollemberg ruim (24%) ou péssimo (44,2%)
atualizado
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Prestes a encerrar o segundo ano de seu mandato e completar metade do tempo à frente do GDF, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) atinge também sua pior avaliação desde que assumiu o comando do Executivo em janeiro de 2015. Caiu para quase zero o índice de quem considera a gestão do socialista ótima e subiu vigorosamente o percentual de brasilienses que acham o governo ruim e péssimo. É o que revela a mais recente pesquisa de opinião realizada pelo instituto Dados a pedido do Metrópoles.
O levantamento foi feito presencialmente entre os dias 16 e 21 de dezembro e ouviu 1,2 mil pessoas em 26 regiões administrativas do DF. A margem de erro é de 2%. Do total de entrevistados, 44,2% consideram o governo péssimo, enquanto 24% classificam a gestão de ruim. Somando essas duas avaliações negativas, o total chega a 68,2%.
Há um ano, em dezembro de 2015, a mesma pesquisa mostrava um cenário menos intolerante. Naquela época, os críticos contumazes da administração socialista somavam 53,9%, índice que chegou a recuar para 48,3% em agosto deste ano.Enquanto cresce a quantidade de insatisfeitos, diminui o grupo de apoiadores. Em dezembro de 2015, 1,2% da população considerava a administração de Rollemberg ótima e 14,2% achavam o governo bom. Agora, esses percentuais caíram dramaticamente.
Apenas 5,8% dos entrevistados avaliam que o governo é bom; e menos de 1% respondeu que o GDF, sob o comando de Rollemberg, está ótimo. Juntos, os índices de ruim e péssimo equivalem a 10 vezes a soma de bom e ótimo. Um conjunto de 23,9% considera a gestão atual regular.
*Clique em “ótimo”, “bom”, “regular”, “ruim’ e “péssimo” para ver o desempenho em cada uma dessas avaliações separadamente
Formadores de opinião
Mesmo nos segmentos tradicionalmente mais favoráveis ao socialista, aqueles que compõem a chamada fatia dos formadores de opinião, com melhor renda, escolaridade e moradia, a avaliação de Rollemberg está em queda.
Entre os residentes no Plano Piloto, o coração do DF, 47,3% têm a pior impressão possível da gestão Rollemberg, contra 15,7% que a consideram eficiente. Na linha dos que ganham muito bem (mais de 20 salários mínimos), a proporção de quem considera o governo ruim e péssimo para aqueles que o enxergam com bons olhos é de quatro para um (48,2,% a 12%).
Nota zero
Uma das demonstrações de maior irritação do brasiliense com o atual governo pode ser matematicamente medida. Perguntados sobre a nota que dariam a Rollemberg, quase um terço dos entrevistados (30,3%) foi radical e deu zero ao governador.
Um segundo grupo, formado por 15,2% da população, acha que o socialista merece 5. Somados aqueles que deram notas entre zero e cinco estão 84% das pessoas ouvidas. Apenas 14,6% dos entrevistados acham que Rollemberg merece, na condição de governador, avaliação entre 6 e 10. A pontuação máxima, aliás, não atingiu 1% das pessoas ouvidas.
Questionados sobre se o governo está indo “melhor”, “igual” ou “pior” que o esperado, os entrevistados na pesquisa Metrópoles/Dados também reagiram com impaciência. Um volume de 62,1% dos brasilienses considera que a gestão atual é pior do que se esperava; e 3,2% dizem que a administração é melhor do que o imaginado. Se observados os extremos, a avaliação negativa, neste caso, é 20 vezes maior que o conceito positivo sobre a administração Rollemberg.
Em agosto deste ano, a mesma questão tinha sido feita à população local e a resposta, na época, foi mais complacente. Naquela circunstância, 11,5% achavam que o governo ia melhor do que o esperado e 46,7%, pior. Em quatro meses, a simpatia do brasilense evaporou 15 pontos percentuais.
Expectativa versus realidade
Especialistas ouvidos pelo Metrópoles associam o conceito muito negativo revelado pela pesquisa sobre a atual gestão à frustração da expectativa gerada em torno do nome de Rodrigo Rollemberg. Quando foi eleito, em 2014, havia um sentimento de revolta com a administração de Agnelo Queiroz (PT), tanto que o então gestor do Poder Executivo ficou em terceiro lugar nas votações, sem sequer chegar ao segundo turno. O então senador socialista viria para resgatar Brasília, o que até agora não ocorreu.
Rollemberg surgiu associado a uma mentalidade de renovação, de uma política feita por quem conhece a cidade e seus problemas. O cidadão esperava uma reviravolta em diversas áreas, mas isso não aconteceu. Não há nenhuma melhoria no serviço público, nem as questões básicas — como calçada, meio-fios e vias — foram resolvidas. A frustração é muito grande
João Paulo Peixoto, cientista político da Universidade de Brasília (UnB)
Outra ponderação comum entre os que estudam os acontecimentos da sociedade é que há um sentimento, em todo o país, de insatisfação com a política. “Existe uma crise no Brasil, não só econômica, mas de valores, de identidade. A gente vê vários governos em sérias dificuldades, como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. Mas vemos também um descontamento imenso com a classe política. O impeachment da presidente Dilma Rousseff reforçou isso”, pondera a socióloga da UnB Maria Salete Machado.
De acordo com o economista e professor da UnB Roberto Piscitelli, muito da revolta do brasiliense é por, mais uma vez, se sentir enganado, vítima de promessas não cumpridas. “Foram feitos compromissos de campanha irrealizáveis, como concluir todas as creches e universalizar a educação integral, entre outros. A gente via que era impossível atender a tudo isso. Via que se tratava de demagogia”, analisa. E arremata: “As pessoas têm a sensação de que nada anda. E este é um sentimento muito ruim”.
Para Piscitelli, é um espanto que um terço da população tenha dado nota zero a Rollemberg, por pior que esteja a situação da cidade. “Nota zero é como se o aluno entregasse a prova em branco. Mesmo com uma questão errada, eu não daria nota zero para alguém, consideraria o esforço. A indignação é tamanha que a população não quer considerar nem a boa vontade dos gestores”, diz o professor.