GDF cancela curso de policiais na Abin após entrave com Moro
Exercícios funcionam como “intercâmbio” entre as forças e têm por objetivo fortalecer as polícias locais e federais no combate ao PCC
atualizado
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A troca de farpas entre o Governo do Distrito Federal e o Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre o “silêncio” a respeito do Presídio Federal de Brasília, onde fica a alta cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), fez com que a Secretaria de Segurança Pública cancelasse a participação de servidores das polícias Civil e Militar em treinamento que ocorre nesta quinta-feira (23/01/2020) na capital da República.
Os servidores foram convidados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Os execícios funcionam como uma espécie de “intercâmbio” entre as forças e têm por objetivo fortalecer as polícias locais e federais que atuam em Brasília no combate às facções criminosas, sobretudo ao PCC. Mesmo com a ausência da PCDF e PMDF, as atividades não foram canceladas e seguem com a participação de integrantes da Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen).
O Metrópoles apurou que, na última semana, o GDF havia confirmado presença no evento, mas diante do entrave com o Ministério da Justiça, divulgado nessa quarta-feira (22/01/2020), decidiu cancelar de última hora o envio dos policiais ao curso. A Secretaria de Segurança Pública já tinha participado de exercícios semelhantes promovidos pelo governo federal com a mesma finalidade – aperfeiçoar o combate ao crime organizado.
Toma lá dá cá
A relação entre o governo local e o Ministério da Justiça vem azedando desde a transferência do líder do PCC Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, para o Presídio Federal de Brasília, em março do ano passado. No entanto, um megaesquema de segurança montado pelo Depen, na última terça-feira (21/01/2020), para levar Marcola ao Hospital de Base, associado a um possível plano de resgate em Brasília planejado pelo PCC, levou a discussão a para outro patamar.
Conforme antecipou a coluna Grande Angular, o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, enviou documento ao ministro afirmando que “não se justifica esse ‘silêncio’ dos órgãos federais” sobre o perigo do Presídio Federal de Brasília.
No texto, o titular da pasta local pede esclarecimentos sobre o grau de ameaça ao qual a população da capital da República está exposta em razão da permanência de líderes do crime no presídio.
Por meio de nota, o ministério de Moro voltou a assegurar que não há riscos para a população do DF devido à presença de integrantes da cúpula de organizações criminosas, como Marcola. “Os criminosos ficam recolhidos dentro dos presídios, não fora”, argumentou a pasta. Pontuou ainda que somente o GDF reclama dessa questão.
“Republiqueta de Curitiba”
Na noite dessa quarta-feira (22/01/2020), o governador Ibaneis Rocha (MDB) entrou no debate e reforçou o descontentamento com a unidade construída no DF. “Quem tem responsabilidade com todas as autoridades que estão em Brasília sou eu. Quem responderá por qualquer problema com as representações diplomáticas sou eu. Sou o único responsável pela segurança pública da capital da República”, enfatizou.
Segundo lembrou o emedebista, Brasília reúne 180 organismos internacionais, recebe cinco mil prefeitos, acolhe deputados estaduais, federais e também senadores. Inconformado com o posicionamento da pasta do ministro Sergio Moro, Ibaneis reclamou do descaso com que a área federal tem tratado a situação.
“Ele veio da republiqueta de Curitiba, isso todo mundo sabe. Mas, agora, é ministro e precisa entender que não está mais lá. Ele mora na capital do país”, disparou o titular do Palácio do Buriti.