Exclusivo: vídeo mostra momento da prisão de diplomata por agressão
Polícia foi acionada por vizinhos que ouviram os gritos de socorro da namorada dele. Renato de Ávila Viana pagou fiança e foi liberado
atualizado
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O Metrópoles teve acesso exclusivo a imagens do momento em que policiais militares prenderam o diplomata Renato de Ávila Viana, na manhã desta quarta-feira (19/9). Ele foi detido após vizinhos ouvirem gritos de socorro da namorada dele no imóvel, na 304 Norte.
De acordo com os policiais, a vítima apresentava vários ferimentos nos braços. Autuado por dano ao patrimônio, desacato, lesão corporal e violência doméstica, Viana foi liberado horas depois de ser levado para a 5ª Delegacia de Polícia (área central). Ele pagou cerca de R$ 1 mil de fiança.
Confira:
De acordo com apuração da reportagem, Viana teve um ataque de ciúmes por causa de mensagens e ligações que estavam no celular da namorada. Ele teria jogado no chão o aparelho, que ficou destruído, agarrado a vítima pelos braços e a sacudido. Em seguida, a mulher teria se debruçado na janela e gritado por socorro.
Ao chegarem ao apartamento, os policiais teriam sido recebidos com xingamentos. Entres eles, “safados” e “vagabundos”. Como nem o diplomata nem a namorada abriram a porta, os PMs a arrombaram com um pontapé.
“Ouvi os gritos e ela [a namorada] pedindo socorro, mas não sei quem acionou a polícia. Provavelmente foi um vizinho que viu a confusão”, disse um dos moradores do bloco onde o diplomata mora, que preferiu não se identificar.
Confira imagens:
Advogada de Viana, Dênia Érica Gomes Magalhães assegurou que o episódio com a namorada não envolveu violência doméstica. “Tanto que o acusado pagou fiança e foi liberado”, disse a defensora. Logo após ser solto, o diplomata foi visto no prédio. A reportagem interfonou três vezes para o apartamento do acusado, mas o sinal só dava ocupado.
Reação
Em nota, a presidente da Associação dos Diplomatas do Brasil, Vitoria Cleaver, pediu celeridade na apuração dos fatos e “aplicação urgente de medidas cabíveis ao caso”.
Ainda segundo o texto, o órgão “manifestou preocupação junto à alta esfera do Ministério das Relações Exteriores (MRE) diante dos atos de agressão repetidamente praticados pelo diplomata Renato de Ávila Viana”.
O Metrópoles acionou o Itamaraty, que informou ter conhecimento do caso. Mas, até a última atualização desta matéria, não se manifestou sobre o episódio.
Outros casos
Em 17 de dezembro de 2017, o Metrópoles mostrou o envolvimento de Viana com episódios de agressão contra mulheres. Na ocasião, Bianca* disse ter perdido o dente da frente ao ser espancada pelo então namorado, Renato de Ávila Viana, de acordo com ocorrência registrada na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam). “Ele estragou o meu riso”, afirmou.
Bianca teve de colocar um dente provisório por não ter condições de pagar por um implante. O tratamento ortodôntico foi orçado em R$ 56 mil, pois houve entortamento da mordida e outros danos. Ela entrou na Justiça, em janeiro de 2017, para que Renato Viana arcasse com as despesas.
Em 18 de novembro de 2016, Bianca e Viana brigaram em um motel de Brasília. Eles conversavam sobre a possibilidade de reatar a relação, marcada por abusos e ocorrências policiais. Ela relatou ter se recusado a voltar, então ele a agrediu com chutes e uma cabeçada na boca. Funcionários do estabelecimento constam como testemunhas no processo que corre na Justiça.
Não foi a primeira vez que Bianca registrou uma ocorrência contra o diplomata. Em outra ocasião, ele a agarrou pelos seios, deixando-os roxos, e lhe causou diversos hematomas nos braços, pernas e pescoço da vítima, como mostra o laudo do Instituto Médico Legal (IML) incluído em outra ação pela qual o homem responde judicialmente. O crime ocorreu dentro do apartamento funcional ocupado pelo servidor, na 304 Norte.
Novo problema
Em março de 2018, Viana teve de se explicar, novamente para a polícia. A moradora da Asa Norte Jobeniva Melo, 60, registrou ocorrência na 1ª DP (Asa Sul), na qual acusa o servidor do Itamaraty de manter a filha dela, de 35 anos e com supostos problemas psiquiátricos, em cárcere privado. Pela segunda vez, Jobeniva procurou ajuda policial por temer pela vida da familiar.
Após o registro da ocorrência, Viana esteve na Deam, ao lado da filha de Jobevina, para prestar depoimento. Na ocasião, a mulher, que não teve o nome revelado, negou as agressões.
Essa mesma vítima estaria com Viana nesta quarta (19/9). Ela não quis fazer exame de corpo de delito no IML, embora apresentasse lesões nos pulsos. Primeiro, disse ter sido agredida. Depois, mudou a versão. Ressaltou que pediu socorro porque estava com medo de ser espancada. Mas, como ele não a teria agredido, a mulher não quis representar contra o diplomata.
*Nome fictício, a pedido da vítima