CEB negocia fim do “tíquete-peru” e PLR da empresa deficitária
Em assembleia marcada para esta manhã, representantes do sindicato devem apresentar à categoria proposta debatida com direção da estatal
atualizado
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A direção da CEB debateu um acordo com representantes do sindicato que reúne os trabalhadores da estatal (Stiu-DF). Com isso, existe a possibilidade de que a greve iniciada há 24 horas se encerre ainda na manhã desta quarta-feira (04/12/2019).
Na reunião, que ocorreu na noite dessa terça-feira (03/12/2019), o comando da empresa conseguiu fazer prevalecer vantagens na negociação de benefícios historicamente pagos aos trabalhadores, mas que estão fora da realidade da maioria dos assalariados. E não haverá aumento salarial.
Segundo as tratativas, a CEB encerrará o pagamento do “tíquete-peru” (bonificação natalina), condicionará a participação nos lucros à saúde financeira da empresa e reduzirá drasticamente os auxílios babá, creche e escola, que hoje são pagos até os dependentes dos empregados completarem 24 anos.
A proposta será submetida à categoria, em assembleia-geral marcada para a manhã de hoje, às 9h.
Atualmente, a CEB reúne 914 funcionários e chega a ter salários de até R$ 42 mil em sua folha de pagamento.
Apesar de ser uma estatal deficitária, a companhia paga até hoje PLR – Participação nos Lucros e Resultados.
Este ano, foram distribuídos R$ 2,8 milhões a título de PLR. O valor é referente às negociações feitas ainda em 2018.
No ano anterior, 2017, o repasse foi ainda maior, de R$ 5,6 milhões. O problema é que há muito tempo a empresa não gera dividendos, mas prejuízos.
Em dezembro de 2018, os trabalhadores da CEB receberam, ainda, dois “tíquetes-peru” (R$ 2,6 mil), além da quantia referente ao vale-alimentação daquele período (R$ 1,3 mil).
O acerto discutido entre direção da CEB e sindicato estabelece que em 2020 seja pago um tíquete de R$ 1.398,00. Em contrapartida, não haverá a bonificação do “tíquete-peru” em dezembro.
No caso do PLR, o rateio só existirá se a empresa apresentar lucro líquido.
Foi criada também uma meta para melhorar o atendimento ao usuário. Os trabalhadores só terão direito às bonificações do tipo se ficarem 5% acima do índice mínimo de eficiência exigido pela Aneel (agência reguladora do setor).
Os auxílios babá, creche e escola, que perduram até os 24 anos dos dependentes, foram drasticamente enxugados, restando dois benefícios: o que é pago até os 6 meses de vida da criança (auxílio-babá) e, depois, até os 7 anos (auxílio-creche). O valor, que atualmente gera em torno de R$ 1 mil, cai para a metade.
Na tentativa de manter benefícios, os empregados da CEB estão em greve desde a 0h dessa terça-feira (03/12/2019). Ao falar publicamente sobre a situação, o governador Ibaneis Rocha (MDB) deu sinais de que não está disposto a ceder. Ibaneis, assim como a direção da CEB, entendem que o conjunto de benefícios pagos pela empresa está fora dos padrões e configuram, na verdade, privilégios.
Desta forma, a tendência é que, se os servidores não aceitarem a proposta, o governo endureça o discurso. O GDF trabalha com a perspectiva de entregar a CEB ao setor privado, sob o argumento de eficiência e equilíbrio das contas.