BRB vai lançar um novo banco digital em 2021, diz presidente
O Banco de Brasília tinha dado prioridade à parceria firmada com o Flamengo, mas agora retoma o projeto próprio
atualizado
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O presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, disse que a expansão digital é “um caminho sem volta”. Em entrevista à coluna Grande Angular, nesta sexta-feira (13/11), Costa afirmou que um novo banco digital será lançado em 2021.
A instituição financeira tem tido maior presença on-line. As transações nos canais digitais do BRB cresceram 31,3% no 3° trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2019. O dado integra o balanço referente a julho, agosto e setembro deste ano, divulgado pela instituição financeira nesta sexta-feira.
O BRB registrou lucro líquido recorrente de R$ 113,5 milhões no 3° trimestre. O resultado é 15,8% maior em relação ao 2° trimestre do ano. No acumulado de janeiro a setembro, o lucro líquido recorrente chegou a R$ 319 milhões, aumento de 12,8% em comparação aos primeiros nove meses de 2019.
“Foi um resultado importante, construído em um momento de grande desafio provocado pela pandemia. Mas a gente percebe que já há sinais de retomada da economia e do emprego no Distrito Federal. O BRB teve oportunidade de se posicionar no mundo digital, rever a estratégia e se estruturar para que haja condição de crescer cada vez mais forte”, disse o presidente do BRB.
O BRB Nação Fla, banco digital em parceria com o Flamengo lançado em julho, já abriu 73,5 mil contas. “Estamos presentes, com clientes, em 25 países, em todos os continentes e em metade dos municípios brasileiros. O banco digital, de fato, tem sido propulsor da execução dessa estratégia de expansão”, assinalou Costa.
Em 2021, o BRB espera alcançar a marca de 1 milhão de clientes. Em setembro deste ano, a quantidade de pessoas vinculadas à instituição financeira era 738 mil.
Confira a entrevista com o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa:
Qual avaliação o senhor faz sobre o balanço do 3° trimestre de 2020, apresentado pelo BRB nesta sexta-feira?
Foi um resultado importante, construído em um momento de grande desafio provocado pela pandemia. Mas a gente percebe que já há sinais de retomada da economia e do emprego no Distrito Federal. O BRB teve oportunidade de se posicionar no mundo digital, rever a estratégia e se estruturar para que haja condição de crescer cada vez mais forte. O negócio principal continua sendo o crédito, apoiado pelos produtos de seguro e de cartões de crédito. Pela primeira vez, nos últimos anos, a gente viu crescimento significativo da base de clientes e papel determinante nesse processo teve o crédito imobiliário.
Outra coisa importante é o banco digital do Flamengo. Também foi nesse trimestre que a gente colocou de pé esse negócio e hoje temos 73,5 mil contas. Estamos presentes, com clientes, em 25 países, em todos os continentes e em metade dos municípios brasileiros. O banco digital, de fato, tem sido propulsor da execução dessa estratégia de expansão.
O crédito imobiliário cresceu mais de 97%. Por que houve um aumento tão expressivo nesse período, levando em conta a crise provocada pela Covid-19?
Desde o primeiro momento quando a gente discutiu no ano passado, a gente tinha clareza que o BRB precisava criar tamanho e diversificar os seus negócios. O BRB é um banco que, historicamente, atuava muito com consignado do servidor público. E a gente queria diversificar e trazer produtos que geram relacionamento de mais longo prazo. O crédito imobiliário serve como porta de entrada. A partir disso, a gente começou a revisar os produtos e os processos de contratação do crédito imobiliário. Terminamos encontrando um ambiente econômico favorável a isso. Os juros dos investimentos alcançaram um patamar muito baixo com a redução da Selic. Então, as pessoas que poupavam passaram a ver que essa poupança não tem gerado um retorno elevado.
Os juros do financiamento imobiliário também caíram bastante. A compra de uma casa maior ou a decisão de comprar a primeira casa passou a ser mais fácil de ser tomada. O olhar sobre o ambiente de moradia também mudou. Brasília é uma cidade que tem característica de funcionalismo público (a pandemia não afetou todo mundo de maneira igual), portanto, com capacidade de poupança e estabilidade de renda. Esses fatores fizeram com que aumentasse a demanda.
Para se ter uma noção, nos primeiros nove meses de 2018, o BRB produziu R$ 71 milhões de crédito imobiliário. Nos nove primeiros meses deste ano, nós produzimos R$ 1,243 bilhão. A gente está falando de um crescimento de dezessete vezes e meia na produção do crédito imobiliário. A consequência direta é o crescimento de 97,6% na carteira de crédito imobiliário do banco.
Nesse resultado referente ao crédito imobiliário estão incluídas apenas pessoas físicas?
Tanto pessoa física quanto pessoa jurídica. Mas a nossa carteira de pessoa jurídica é muito pequena. De R$ 1,794 bilhão, apenas R$ 220 milhões são de crédito PJ.
As ações voltadas para o empresariado durante a pandemia, como o programa Supera-DF, influenciaram nos resultados do 3° trimestre?
Entre os R$ 4,4 bilhões que foram movimentados no Supera-DF, têm uma parte direcionada à pessoa jurídica. Ao atender esses empreendedores, o BRB trouxe 4,4 mil clientes, aumentando a carteira de crédito PJ de uma maneira bastante significativa. A carteira de capital de giro do BRB cresceu 489,4% em 12 meses. Saiu de R$ 110 milhões, em setembro do ano passado, para R$ 646 milhões em setembro deste ano. Outras questões também influenciaram. A gente aumentou a base de clientes em 110 mil – cresceu 17%. Isso fez com que a gente ampliasse o relacionamento e, naturalmente, fizesse outros negócios. As receitas de prestação de serviços cresceram bastante, principalmente oriundas de produtos de seguros e de cartão de crédito. E, por outro lado, teve uma atenção também às despesas administrativas, que até cresceram 15,6%, mas, principalmente, puxadas pelo próprio movimento do banco de fortalecimento da imagem e das ações de ampliação do relacionamento com os clientes.
O BRB tem 738 mil clientes hoje. Há expectativa de alcançar a marca de 1 milhão?
Queremos alcançar 1 milhão de clientes no próximo ano.
A expansão física do BRB ainda está nos planos ou a digital vai continuar como a aposta do banco?
A expansão digital foi acelerada em função da pandemia e é um caminho sem volta. Vamos continuar dando ênfase muito grande na expansão digital do BRB, inclusive com lançamento do banco digital próprio, que a gente chama de banco digital azul. Lançamos o banco digital vermelho e preto, que é o Nação BRB Fla, e, no início do ano que vem, vamos lançar o banco digital azul.
Assim que nós tivermos condições e a pandemia passar, a gente volta para a expansão física, que é fundamental, porque – diferente de outros bancos que têm muitas agências em todas as cidades e é natural que faça movimento de redução da quantidade – tem muitos estados em que a gente não tem agência nenhuma. Então, ter uma, duas, três agências em capitais ou em todos os Estados do país é fundamental, mesmo em um processo desse de digitalização. O que não significa que essa agência é tradicional. Em muitos lugares que a gente está analisando agências conceitos, ou seja, pontos de relacionamento diferenciados, que não tem dinheiro, caixa, mas é como uma loja da Apple, da Samsung, com ambiente mais leve, que vai ter gerente à disposição quase atuando como consultor para gerar negócio.
Como será esse banco digital azul?
A gente já vinha trabalhando nele. Quando a negociação com o Flamengo despontou, nós mudamos a prioridade para lançar o banco digital vermelho e preto. Vai ser um banco completo, ágil, moderno, leve, com experiência diferenciada. Visamos atender clientes de todos os perfis de renda e oferecendo portfólio completo de soluções.
Vai ter uma equipe própria? Novas pessoas serão contratadas?
Equipe própria? Sim. Contratação de pessoas? Muita calma nessa hora. Existe diferença muito grande entre as demandas dos clientes do banco digital e as demandas dos clientes do banco tradicional. Você ter equipe focada, que entende o linguajar, experiência e expectativas desses clientes é muito importante. No Flamengo já funciona assim: temos uma equipe dedicada, que conversa com o Flamengo e entrevista torcedores o tempo inteiro. Só quem tem a sensibilidade de fazer essas coisas é quem está vivendo de fato a necessidade do cliente. E a necessidade do banco digital azul vai ser diferente.
Os clientes do BRB poderão migrar para o novo banco digital?
São duas coisas diferentes, mas você pode migrar. Será possível abrir conta no banco digital e manter ou encerrar a conta no banco tradicional. Por exemplo, temos vários clientes, daqui de Brasília principalmente, que têm conta no BRB tradicional e no banco vermelho e preto. A experiência é muito diferente. Então, intencionalmente, não há intercâmbio pleno: não dá para pegar a sua conta tradicional e usar no aplicativo vermelho e preto.
Como o BRB se adaptou para assumir tarefas que antes não faziam parte dos serviços prestados, como a gestão da bilhetagem automática e a distribuição de medicamentos de alto custo? Isso contribui para o crescimento ou só gera despesa?
Sempre que discutimos com o GDF, a gente identifica que existem oportunidades de atuação para que a gente cumpra o papel de agente de fomento social e financeiro do Governo do Distrito Federal. Então, a competência que a equipe do BRB tem em assumir missões e entregar resultados diferenciados permitiu que o GDF pudesse dar oportunidades para que o banco assumisse outros negócios. Coloco palavra negócios porque isso reflete a nossa posição: todos os negócios que o BRB desenvolve precisam ser rentáveis. Ou seja, o BRB nunca vai assumir negócio que dê prejuízo. O nosso próprio estatuto menciona essa forma de trabalhar. Então, em todas as situações, seja na bilhetagem, na farmácia de alto custo ou em todos os programas sociais que o BRB opera, ele tem resultado. Para nós, é oportunidade também estratégica, seja para fortalecer resultado do banco ou os laços emocionais com a população do Distrito Federal. A visão estratégica que nós temos é de que o banco público é um instrumento importante de desenvolvimento da cidade e quanto mais próximo estiver da população e ela perceber o valor que agrega, mais estará cumprindo a sua missão.
O que esperar para 2021?
Nós podemos esperar mais crescimento do banco, fortalecimento da sua imagem, aumento da competitividade, digitalização dos nossos negócios e uma presença maior do banco em vários estados do país e a capacidade de continuar apoiando os nosso clientes locais. Banco mais forte, maior, mais digital, completo, que tenha condições de oferecer soluções para todos os nossos clientes e que proporcione uma experiência única.
Como o senhor define o BRB em comparação com os outros bancos, levando em conta que o Banco de Brasília é público?
Nós somos mais que um banco tradicional. Como banco público, além do cuidado e da atenção com foco em eficiência, modernidade e geração de resultados, nós temos outra preocupação: o cuidado com geração de emprego, de renda e desenvolvimento social das regiões em que a gente atua. Dessa forma, a gente procura desenvolver programas sociais de qualidade, estimula o esporte, a cultura e o lazer. O movimento que fizemos em relação à gestão da Torre de TV demonstra o interesse em se aproximar da população.
A maioria dos clientes do BRB ainda é composta por servidores do DF, já que tradicionalmente o pagamento dos salários é feito por meio do banco?
Esse cenário já foi alterado. Aproximadamente 30% da nossa base de clientes é de servidores do DF. Mas eles continuam sendo nossos principais clientes e principal foco de atuação. A busca por outros clientes é um movimento gradual de ampliação da atuação do BRB. Entendemos o servidor e oferecemos melhores condições e taxas de juros. Acho que isso também gera impacto positivo na percepção, de que, de fato, somos banco que tem cuidado, preocupação e interesse em ser competitivo e ser reconhecido pelos servidores.