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BRB termina com números positivos ano iniciado por escândalo

Banco de Brasília programa para 2020 convocação de aprovados em concurso e estratégia digital para se aproximar do cliente

atualizado

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Vinícius Santa Rosa
presidente do BRB
1 de 1 presidente do BRB - Foto: Vinícius Santa Rosa

O BRB começou 2019 no centro de um escândalo de corrupção revelado pela Operação Circus Maximus, mas termina o ano em outro cenário. No mês de dezembro, o banco comemora números positivos.

Uma das vitrines é o financiamento imobiliário: a instituição baixou os juros a 6,99% e, depois, a 6,75%. Como resultado, contratou R$ 334 milhões de janeiro a novembro de 2019. No mesmo período do ano passado, a operação foi de R$ 83 milhões, segundo o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa (foto em destaque).

Para 2020, o banco prepara o lançamento de uma estratégia digital que integrará em aplicativo os produtos do BRB com serviços do Detran, da CEB e da Caesb.

Confira entrevista com o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa:

A Operação Circus Maximus foi superada?

Organizar a gestão de crise de um banco que poderia ter um ataque de liquidez ou qualquer problema desse tipo, cuidar da autoestima das pessoas, atender aos órgão de controle – mais do que isso, ajudar a apurar, como a gente fez com a investigação forense – e posicionar o banco no mercado, eram esses os desafios. E olhando o trabalho do ano, a gente conseguiu cumprir esses objetivos.

Lançamos, por exemplo, o Programa de Integridade com 62 ações que norteiam a conduta esperada das pessoas no banco, a forma de atuação da instituição, e que estabelece um conjunto de revisão de normativas internas, de práticas à prevenção de atos de corrupção, de punição das situações que a gente encontra no dia a dia e de treinamento.

Há projeto de expansão do banco?

Nesse posicionamento como banco de desenvolvimento do Centro-Oeste, precisamos estar junto do setor produtivo. Então, procuramos o Sinduscon, a Fecomércio e a Fibra. A vinda da folha [de salários] do Sesc e do Senac é consequência disso. Aproximamo-nos da CNC. Em setembro, a gente assinou memorando de entendimentos no qual passa a ser o banco preferencial para o Centro-Oeste. Então, estamos indo a cada Sesc e Senac e Fecomércio dos quatro estados da região Centro-Oeste para buscar também trazer a folha deles. Seguindo esse caminho, a gente assinou com o Consórcio do Brasil Central um acordo de cooperação técnica no qual o BRB passa a ser o banco preferencial também desses sete estados: quatro do Centro-Oeste, mais Rondônia, Maranhão e Tocantins.

Qual foi o resultado da redução da taxa de financiamento imobiliário?

Uma grande surpresa é que um banco pequeno como o BRB conseguiu ditar o ritmo de taxas de juros no segmento de crédito imobiliário. Quem fez o primeiro grande movimento de redução, trazendo para 6,99%, foi o BRB. Itaú, Bradesco, Caixa e o Santander tinham reduzido em outros patamares. Quando a gente fez o movimento, a Caixa veio junto.

O resultado disso aí é um crescimento de 305%, fazendo com o que o BRB tenha se tornado o segundo maior agente do crédito imobiliário no Distrito Federal. A Caixa continua líder. A gente chegou a produzir praticamente a mesma coisa que o Bradesco e o Banco do Brasil.

Isso não vai gerar um endividamento da população?

Não. Tem três situações: aquela pessoa que percebeu a oportunidade de reduzir a taxa de juros e migra de um banco para outro; quem estava pensando em trocar de casa e eventualmente toma o novo financiamento e consegue, dado a taxa de juros mais baixa, ter mais dinheiro sem aumentar o comprometimento da renda; e quem troca pagamento do aluguel pelo financiamento.

Vale a pena manter uma taxa mais baixa porque é uma vitrine?

É uma porta de entrada. Uma pessoa que traz crédito imobiliário normalmente consome outros cinco produtos, por exemplo, como conta-corrente, cartão e seguro. Para essa taxa especial, é preciso ter um bojo de produtos. A intenção é fidelizar. O grande segredo é o tempo que o cliente fica contigo: ele fez um financiamento de 30 anos. Qual outro produto garante que o cliente fique tanto tempo com você?

Todo os movimentos positivos repercutem também internamente. Por isso fizeram o concurso público?

Lançamos o concurso imaginando que esse crescimento iria gerar uma necessidade de contratação de pessoas e que essa expansão regional do banco também precisaria de mais funcionários.

Quando os aprovados serão chamados?

Começarão a serem chamados em janeiro. É um concurso para 124 vagas e cadastro reserva de 715 pessoas. A validade do concurso é de quatro anos, mas imaginamos resolver isso em dois anos.

Circulou informação de que o senhor iria para a Presidência da Caixa. Existia verdade nisso?

Não trabalhamos com boato. Nosso foco é o BRB. A gente tem uma bela missão a ser construída aqui, e acredita que é um projeto transformador. Nesse momento da economia, existe o espaço para um banco regional de desenvolvimento focado na geração de emprego, renda e melhoria da qualidade de vida da população.

Qual é a meta de clientes para 2020?

Temos 630 mil clientes, aproximadamente. A gente tem uma meta de aumentar 20 mil neste ano e a nossa meta no ano que vem são mais 200 mil. A necessidade se impõe.

A faixa etária dos correntistas do BRB é um pouco mais elevada… Como lidar com as transformações digitais?

A gente estimula muito a reeducação dos canais digitais. Mas não abre mão das agências. Exatamente por entender que as características de algumas operações que fazemos, mais complexas, e a característica do nosso público também estimula a permanência do canal físico. A gente também precisa buscar um público mais jovem para mudar a atuação do BRB. E é nesse público que a gente espera que essa estratégia digital faça grande diferença.

Como tornar o sistema mais atrativo?

Vamos lançar, em março, uma estratégia de banco digital com outro aplicativo específico integrando serviços de banco com os serviços de governo. É um local que seja parada única para que o cidadão ou o pequeno empresário possa atender todas as necessidades de banco e de cidadão. Integrando informações do Detran, CEB, Caesb, ou seja, do governo eletrônico dentro de uma plataforma de banco.

O banco é sempre muito associado ao capitalismo. O crescimento do banco é o crescimento do poder econômico das famílias?

Existe uma previsão estatutária: é missão do banco impactar positivamente a vida das pessoas, ser protagonista do desenvolvimento econômico, gerar emprego, renda e melhoria da qualidade de vida. Os nossos clientes podem perceber isso pelas próprias taxas de juros que a gente pratica. Ao ter o GDF como principal acionista, pagamos mais de R$ 100 milhões de dividendos neste ano. Ou seja, o BRB remunerou o acionista e permitiu que o governo pudesse investir em obras.

É a melhor fase já vivida pelo BRB?

Começamos um ciclo bastante positivo, esse é um resultado histórico. O BRB vai a cada dia melhorar, se modernizar, e os nossos clientes vão perceber isso no dia a dia, inclusive a população por meio do retorno para a cidade com aquilo que a gente produz.

Qual o principal desafio para 2020?

O nosso principal desafio é a modernização e a evolução tecnológica. Por isso, o nosso foco de atuação é a digitalização. O outro desafio importante é de melhora da qualidade do atendimento, aumento do foco do banco em negócios e treinamento contínuo de toda a nossa equipe.

Vamos continuar nos aproximando do setor produtivo e expandir as cadeias produtivas nas quais atuamos. Em 2019, a gente focou muito no comércio, na construção civil e no crédito rural, que cresceu 178% (foram aplicados R$ 180 milhões neste ano e R$ 65 milhões no ano passado). No crédito parcelado da pessoa jurídica, crescemos 223%. Com esses números, a gente começa a mostrar o quanto quer se parceiro e o quanto começa a impactar o empreendedorismo aqui.

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